Os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul, principal região produtora do país, registram três semanas consecutivas de alta. “A reação ocorre após uma retração significativa em junho e perdas superiores a 40% em comparação ao ano anterior, evidenciando um movimento de recomposição que, embora ainda tímido, pode sinalizar mudança de direção no curto prazo”, destaca o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
A sustentação dos preços vem sendo impulsionada por uma maior presença de compradores no mercado, especialmente indústrias que precisam repor estoques. “Essa elevação da demanda forçou algumas beneficiadoras a rever suas ofertas para cima, mesmo em um ambiente ainda sensível e de liquidez moderada”, pondera o analista.
A proximidade do mês de agosto, tradicionalmente mais aquecido em termos de consumo, também contribui para essa retomada, somando-se ao retorno gradual das importações, que podem influenciar a dinâmica dos preços internos.
O canal varejista, por sua vez, segue duro nas negociações. “Muitas empresas que estavam ofertando agressivamente nos últimos meses agora operam da mão para a boca, ou seja, realizam compras imediatas para atender demandas pontuais”, explica o consultor. “Isso reduz o colchão de segurança da cadeia e intensifica a necessidade de recomposição de estoques na indústria, que opera com forte restrição de oferta”, acrescenta.
Segundo ele, a dificuldade de originar arroz em volumes significativos tem levado muitas unidades a operar com capacidade ociosa ou paralisar linhas de beneficiamento, concentrando esforços em contratos pontuais e no atendimento de clientes estratégicos.
Do lado do produtor, persiste um clima de preocupação com a próxima safra. “Tanto em função dos preços considerados ainda baixos quanto pelas incertezas sobre os custos de produção, especialmente diante de uma possível guerra tarifária envolvendo os EUA, que pode encarecer os insumos importados”, finaliza Oliveira.
A média da saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) encerrou a quinta-feira (24) em R$ 69,20, alta de 2,6% em relação à semana anterior. Na comparação com o mesmo período do mês passado, a alta era de 4,39%. Em relação a 2024, a desvalorização atingia 40,71%
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News