Recentemente o MAPA divulgou uma portaria com 40 pragas eleitas como prioridades para registro e alteração de registro de agrotóxicos em 2019, e a lagarta das maçãs (Heliothis virescens ou Chloridea virescens) ocupa uma das posições de destaque na cultura do algodão. Para acessar a portaria clique aqui.

O Brasil possui uma produção anual de algodão de aproximadamente 1,4 milhão de toneladas em uma área cultivada de mais de 1 milhão de hectares, sendo o segundo maior exportador do produto no mundo, ultrapassando a índia na última safra.

A cultura é economicamente significativa para os setores primários e secundários do país, destacando-se altos investimentos em biotecnologia, pesquisa e inovadoras técnicas de manejo, proporcionando produtividade elevada. Contudo, um dos fatores limitantes à exploração da cultura são as pragas, que se manejadas de forma ineficiente, ocasionam grandes prejuízos à lavoura. Dentre os insetos que atacam de forma expressiva o algodoeiro, a lagarta da maçã tem grande destaque, pois danifica desde as folhas e os botões florais, até os próprios frutos (maçã).



Saiba mais sobre a praga

A praga apresenta quatro fases de desenvolvimento: ovo, lagarta, pupa e adulto. Geralmente, são ovipositados, em média, 600 ovos por fêmea nos ponteiros das plantas, nas brácteas dos botões florais ou nas folhas novas laterais, com ciclo de vida entre dois e cinco dias.

Dentre as fases dessa praga, a fase de lagarta é a que tem maior importância na lavoura do algodão, pois apresenta elevada voracidade e pode chegar até 25 mm de comprimento. Quando recém-eclodidas, assumem coloração variável, de verde-claro a verde-escuro Nessa etapa, o inseto se alimenta de tecidos novos como folhas, botões florais e maçãs, causando prejuízos à cultura.

A fase larval tem duração de 14 a 30 dias. Quando completamente desenvolvida, desloca-se para o solo e inicia o processo de transformação em pupa e, após um período de 10 a 18 dias, dá origem ao inseto adulto.

Somente uma larva de Heliothis virescens pode consumir mais de 15 estruturas produtivas durante o seu desenvolvimento. Conhecido como o “perfurador grande de maçãs”, esta lagarta também pode atacar outros cultivos, como tomate e tabaco.

Os danos causados pela lagarta-da-maçã repercutem diretamente sobre a qualidade da fibra, principalmente em consistência e cor, reduzindo a produção e causando grandes perdas econômicas aos produtores deste cultivo. Junto com o bicudo, é a praga mais destrutiva dos algodoais em todo o mundo.

Danos

O período de maior ataque da praga ocorre entre 70 e 120 dias de idade da planta, e a mariposa oviposita mais na fase de lua nova, quando as noite são mais escuras.

Figura 1: Incidência de pragas ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura do algodoeiro.

Fonte: Monsanto.

As lagartas se movimentam em sentido descendente das plantas, danificando os botões florais e flores a partir do ponteiro, atingindo posteriormente maçãs pequenas e grandes existentes nos estratos inferiores.

Nos últimos instares as lagartas atacam maçãs, devorando o conteúdo das mesmas. Os orifícios expostos favorecem a penetração de microrganismos, causando o apodrecimento das maçãs.

Figura 2: Imagem de Heliothis virescens se alimentando da maçã do algodoeiro.

Fonte: Revista Agropecuária.

Os primeiros danos causados pela praga são observados nas folhas do ponteiro, com perfurações irregulares na superfície foliar e na bordadura do limbo. Posteriormente, movimenta-se no sentido descendente da planta, danificando os botões florais e as maçãs, causando perfurações circulares.

O período crítico para o surgimento da praga na cultura compreende do aparecimento dos botões florais à eclosão do primeiro capulho. O monitoramento do inseto deve ser realizado semanalmente após o início do florescimento da cultura. Durante o pico, que acontece entre 80 e 90 dias após emergência (DAE), a supervisão da cultura deve ser feita duas vezes por semana, observando a presença de ovos e/ou lagartas nas brácteas dos botões florais, principalmente no terço superior das plantas.

Se a cada 100 plantas amostradas, 13 forem encontradas com lagartas, o controle deve ser iniciado imediatamente, pois esse índice significa que o dano pode comprometer 25% dos botões florais. Após o aparecimento das primeiras maçãs, o nível de controle deve reduzir para 10% de plantas com lagarta.



 Controle da praga

O controle pode ser cultural, biológico e químico. Em áreas com recorrência da praga, o controle cultural deve utilizar variedades geneticamente modificadas e melhoradas, como as cultivares Bt (contendo as proteínas Cry1Ac e Vip3A).

Além disso, o uso de adubação balanceada contribui para a tolerância da planta ao ataque da praga, assim como o plantio direto que se mostra uma alternativa de controle, pois proporciona um ambiente propício à proliferação de inimigos naturais.

No controle biológico, destacam-se os parasitoides da família Trichogrammatidae, principalmente o Trichogramma pretiosum, que controla a praga na primeira fase do ciclo, parasitando os ovos de C. virescens. Para ser eficiente, deve ser liberado na área de cultivo, quando observados os primeiros ovos do inseto.

Bacillus thuringiensis também é uma alternativa de controle biológico, pois possui em sua composição as proteínas Cry1Ac e Vip1A, que são tóxicas à lagarta. Dessa forma, o produto contendo a suspensão de bactérias deve ser pulverizado na planta, atingindo as folhas e frutos. Assim, quando a lagarta atacar as estruturas do vegetal, seu trato digestivo será danificado e causará a morte do inseto pela impossibilidade de se alimentar.

Já o controle químico deve ser utilizado racionalmente, de acordo com as dosagens e intervalos de aplicações recomendados no produto. O uso indevido de inseticidas pode selecionar biótipos resistentes de C. virescens e, com o tempo, perder a eficiência de controle da praga. Para evitar a resistência da lagarta, é recomendada a alternância dos ingredientes ativos aplicados no controle, aumentando a variabilidade e os espectros de controle do inseto. Dentre os mais utilizados estão: acefatos, espinosade, indoxacarbe, metomil, lambda-cialotrina, tiodicarbe, clorantraniliprole, clorpirifós, alfa-cipermetrina, lufenurom, clorgenapir e cipermetrina.

Apesar do controle químico ser o mais utilizado em função da praticidade, eficiência e diminuição da população da praga, ele pode eliminar outros insetos que atuam como inimigos naturais da lagarta. Por essa razão, o manejo deve ser feito utilizando mais de um método de controle, associando, o cultural, o biológico e o químico.

Para saber mais clique aqui.

Elaboração: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

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