Sabemos que o agricultor brasileiro não gosta quando os analistas alertam sobre a possibilidade de queda nos preços da soja, do milho ou do trigo. Mas, na realidade, estão fazendo um favor a eles, para que possam se posicionar antes da queda, como já acontecer inúmeras vezes no passado, remoto e recente.

Um dos aprendizados mais importantes que se pode ter sobre o mercado é que o mercado de grãos sobe e desce, não é como o dos insumos, que só sobe. A mistura dos 27 fatores que influenciam o preço da soja os faz subir ou cair com frequência.

E um dos fatores mais importantes é a China, maior consumidor mundial, que deve importar cerca de 101 milhões de toneladas na próxima temporada, segundo o USDA, das 160 MT a serem exportadas no Mundo na safra 2021/22, 93 MT das quais, pelo Brasil. Então, esta demanda é responsável por uma boa parcela dos preços internacionais da soja.

Ora, a China está vivendo dias difíceis em sua economia, principalmente pela forte elevação dos preços de todas as matérias-primas que importa, desde minério até soja e carnes. Sua economia, embora robusta, está dando sinais de que não aguenta tanto aumento.

Como se não bastasse, a segunda maior incorporadora do país, a Evergrande, entrou em processo de falência, com uma dívida de US$ 185 bilhões, que o governo terá que ajudar a administrar. Tudo isto está repercutindo não só na economia chinesa, mas, por seu próprio porte e influência, também nas demais economias mundiais, que, em maior ou menor grau, dependem da China.

Um dos sinais diretos sobre o setor de soja foi dado nesta semana: as plantas chinesas de esmagamento de soja em Tianjin e Jiangsu foram fechadas devido à oferta restrita de carvão e às metas de emissões mais rígidas da RPC. A planta da Louis Dreyfus em Tianjin tem capacidade de 25k T / dia e permanecerá offline até outubro, pelo menos.

Nada muito grande, nada muito decisivo, mas é mais um fator que vem se somar à redução da demanda no Brasil e nos EUA por óleo de soja para a produção de biocombustíveis, que poderá acentuar a queda nas cotações em Chicago a médio e longo prazos. Bom ficar atento.



Fonte: T&F Agroeconômica

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