O aquecimento nas exportações, a valorização do dólar e o incremento da comercialização no mercado interno salvaram a safra 2019/2020 dos produtores de grãos na região de Campos Novos, meio oeste catarinense. Esta foi a conclusão do levantamento feito por técnicos e produtores de soja, milho, trigo e feijão que reuniram-se em encontro virtual nesta quarta (19), para levantamento de custos da produção regional. A atividade integra o projeto Campo Futuro, desenvolvido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). A proposta é disponibilizar informações para os produtores sobre o mercado, auxiliando-os nas tomadas de decisões nos negócios.

O painel on-line, via aplicativo Zoom, foi conduzido pelo assessor técnico da CNA, zootecnista Thiago Rodrigues e pelo técnico do CEPEA, engenheiro agrônomo Renato Ribeiro. Produtores e técnicos analisaram custos e produtividade alcançados pela última safra nas culturas citadas.

Os dados apontaram queda na produtividade devido à estiagem no período e aumento nos custos e nos preços praticados. A produtividade da soja reduziu em 21% em relação à safra anterior, atingindo 54 sacas por hectare. Os produtores tiveram 7% de aumento nos custos operacionais, mas compensaram as perdas com a alta de 22% nos preços da soja para comercialização. O mesmo aconteceu com o milho, que reduziu em 3% a produtividade, com acréscimo de 13% nos custos e evolução de 42% nos preços. O feijão não perdeu produtividade na safra e teve melhora nos preços de 17%, porém, os custos efetivos aumentaram no mesmo percentual.

O trigo apresentou cenário diferente. Os custos operacionais efetivos caíram 13% na safra em relação à anterior, mesmo percentual de queda na produtividade. O saldo positivo foi registrado nos preços de comercialização, com alta de 11%.

De acordo com o assessor técnico da CNA, Thiago Rodrigues, os dados levantados serão checados pela equipe do CEPEA junto ao mercado, compilados pela CNA e repassados aos produtores da região dentro de um mês para integrar a estatística anual.



Campos Novos

Ao participar da abertura dos trabalhos do projeto em Campos Novos, o vice-presidente da FAESC, Enori Barbieri, destacou a alta produtividade de grãos na região, que impulsiona a economia do Estado.

“A região é um verdadeiro celeiro de produção de alimentos, especialmente de grãos e cereais, e tem no setor agrícola uma referência nacional. Os produtores estão investindo em novas tecnologias e percebendo a melhora nos preços, fator que incrementa a renda e fortalece o setor”, sublinha Barbieri.

O presidente do Sindicato Rural de Campos Novos, Luiz Sérgio Gris Filho, ressaltou a importância do projeto no desenvolvimento regional. “Colocando na ponta do lápis os detalhes da produtividade, custos e preços, os produtores conseguem gerenciar melhor a propriedade e planejar a próxima safra para ampliar a rentabilidade. Isso faz com que todo o setor evolua na região e no Estado”.

Metodologia e Contribuição 

O projeto Campo Futuro é desenvolvido há 13 anos, desde 2007, em mais de 300 municípios do País, com objetivo de aliar a capacitação do produtor rural à geração de informação para a administração de custos, riscos, preços e gerenciamento da produção agrícola e pecuária.

Para a realização do levantamento de dados utiliza-se a metodologia de “painel de custos de produção”, que consiste em reunir entre 10 a 15 produtores típicos da região e profissionais da área, para identificar, mediante debates e preenchimento de planilhas específicas, o sistema de produção local bem como seus custos diretos e indiretos.

“Com indicação dos Sindicatos Rurais, selecionamos produtores que reúnem a característica padrão da região e que entendem a realidade do mercado como um todo para participarem das discussões. Esses dados levantados in loco pelos produtores e pelos técnicos do CEPEA e da CNA ajudam a entender a realidade regional, os desafios de custo de produção, a dar transparência às ações da CNA e a abrir os olhos dos produtores para questões cada vez mais fundamentais no desenvolvimento das propriedades, inerentes ao maior controle gerencial”, destaca Thiago Rodrigues. Em Campos Novos o padrão das propriedades é de 300 hectares de produção.

As informações geradas abastecerão um sistema de informação de custo de produção do mercado agropecuário que será disponibilizado aos produtores rurais, os quais terão apoio dos sindicatos para acessar os dados. Com essas informações, a CNA busca manter um sistema de acompanhamento periódico dos mercados agrícola e de insumos e fornecer dados regionais às federações.

“Os dados específicos também contribuem para a elaboração de políticas públicas voltadas ao setor”, acrescenta o técnico da CNA.

Fonte: Assessoria de imprensa Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC)

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