A área projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada é de 3.131 kg/ha.
A cultura ainda está em implantação. A evolução da semeadura, que aconteceu em pequenas áreas onde ainda havia umidade das chuvas mais volumosas, não alterou a proporção estadual, mantida em 96% implantados.
Cerca de 80% das lavouras se encontram em desenvolvimento vegetativo, que ocorre de maneira irregular e desuniforme pela variação dos teores de umidade nos solos. Onde o déficit hídrico é mais grave, as lavouras apresentam menor porte, encurtamento dos entrenós, amarelecimento dos primeiros trifólios e até morte de plantas, principalmente nas bordas das lavouras e em topografia de solos rasos. Em lavouras em que ocorreram precipitações, onde há maior volume de palha residual de culturas anteriores, localizadas em solos profundos ou em várzeas, o dossel das plantas encobre as entrelinhas, e o estado geral das lavouras é mais próximo da normalidade.
As lavouras em floração alcançam 19%, com aumento da emissão dos botões florais, tornando-as mais sensíveis ao estresse hídrico. A reposição de umidade é urgente para não ocorrer o abortamento floral.
As perdas de produtividade já são apontadas e são distintas entre as regiões, dependendo da distribuição e dos volumes irregulares das chuvas. Avalia-se uma redução na produtividade nas regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Bagé, Ijuí, Pelotas e Santa Maria. Nas outras regiões administrativas os danos não são significativos até o momento. No entanto, há necessidade de cautela com essas estimativas, pois podem ser revertidas, dependendo da capacidade de recuperação da cultura, ou ainda aumentar, caso se prolongue o período seco.
A principal prática de manejo consiste no controle de ervas daninhas de modo a evitar a competição por água e nutrientes. O monitoramento de pragas é voltado principalmente para ácaros, insetos beneficiados por condições de clima seco e quente. É crescente o número de produtores que estão adotando a pulverização com drones, seja adquirindo o equipamento, seja contratando as empresas que prestam o serviço. Como as pulverizações são realizadas com baixo volume de calda por hectare, recomenda-se atenção para as condições de temperatura e umidade relativa para evitar perdas das gotas por evaporação. O mesmo cuidado deve ser tomado para as aplicações com baixo volume, realizadas por pulverizadores de barras tratorizados ou autopropelidos.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, o plantio continua paralisado por falta de umidade, com exceção de algumas áreas onde os volumes foram maiores no Ano Novo e pequenos plantios em solo seco, mas considera-se a previsão de precipitações para os próximos dias. Os produtores que realizaram semeadura na segunda quinzena de dezembro monitoram as lavouras para verificar se o estande é suficiente ou se o replantio será necessário. Há preocupação de produtores que acessaram recursos de custeio e ainda não efetuaram o plantio. Em caso de impossibilidade, os recursos deverão ser devolvidos ao agente financeiro, mas parte já foi gasto em insumos, e o arrendamento de áreas já foi pago.
A estimativa de perdas na região da Campanha, em Lavras do Sul, é de 3% e em Hulha Negra, 10%. De modo geral, nessa região, são menores que na Fronteira Oeste, onde já se observa a morte de plantas em lavouras estabelecidas há mais de 60 dias, tombamento de plantas jovens, murchamento e amarelamento das folhas. Em Maçambará, são estimadas em 15% e em Manoel Viana, 30%.
Na de Caxias do Sul, a semeadura foi finalizada, e as lavouras apresentam boa germinação, plantas vigorosas e estande adequado. As precipitações mantiveram-se desuniformes, com um volume de chuva pouco abaixo da média, mas as condições das lavouras são satisfatórias, mantendo a expectativa de rendimentos.
Na de Ijuí, em razão da evolução dos estágios de desenvolvimento, a cultura aumentou a demanda hídrica, e os solos não possuem aporte de umidade necessário. Em decorrência de a área foliar das lavouras estar abaixo do esperado, muitas lavouras apresentam as entrelinhas expostas e plantas com menor porte e trifólios menores. No início do período, principalmente nas localidades onde ocorreram precipitações, foram realizados manejos de plantas espontâneas e de pragas. As pulverizações estão concentradas no período da madrugada e final da tarde em razão da temperatura e da umidade relativa do ar.
Na de Pelotas, as chuvas foram insuficientes na maior parte do território, agravando o estresse hídrico. O desenvolvimento das lavouras está paralisado e deverá afetar a produtividade. Em parte dos municípios, não foi concluída a semeadura. Houve ocorrência de morte de plântulas recém-emergidas, causadas pelas altas temperaturas e pela baixa umidade dos solos, necessitando de replante ou de acionamento do seguro agrícola.
Na de Porto Alegre, o plantio foi concluído. A maior parte das lavouras apresenta bom estabelecimento inicial, com pouca necessidade de replantio. No entanto, percebe-se um maior desenvolvimento foliar e uma melhor reserva de umidade nos solos, em lavouras do sistema plantio direto.
Na de Soledade, as lavouras diminuíram o ritmo de crescimento e desenvolvimento, porém o aspecto geral da cultura é de normalidade. Há alguns casos pontuais de lavouras nas quais as folhas estão com aspecto de murchamento, denotando estresse pelas horas mais quentes do dia. Isso se verifica em locais mais pedregosos ou em solos muito compactados.
Grande parte das lavouras não começou o fechamento das entrelinhas; pequeno percentual de área iniciou o florescimento, com plantas bem desenvolvidas e entrelinhas fechadas com boa sanidade e verde característico.
Programa Monitora Ferrugem RS
O laudo apresenta os resultados do monitoramento de esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática da soja, em Unidades de Referência Técnica no estado do Rio Grande do Sul. Esta informação, aliada a outras práticas de manejo da cultura da soja, serve de subsídio para a tomada de decisão dos agricultores. O período que se destacou por presença de esporos nas regiões Noroeste e Nordeste do Estado. A detecção de esporos é um indicativo da presença do patógeno no ambiente, e nestes locais recomenda-se, aos técnicos e aos produtores, a observância das condições climáticas para o manejo da ferrugem.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, o valor médio apresentou elevação de +1,39 %, passando de R$ 171,21 para R$ 173,59.
Fonte: Informativo Conjuntural, nº 1745 – Emater/RS