Com maior eficiência e rendimento operacional, a aplicação aérea de defensivos agrícolas é muito usual em lavouras de larga escala, onde é fundamental a assertividade do momento de controle de pragas, patógenos e plantas daninhas em extensas áreas. Além do emprego em grandes propriedades, a pulverização aérea permite o manejo fitossanitário com o emprego de defensivos agrícolas em áreas cujas condições de solo impossibilitam ou inviabilizam temporariamente a entrada de máquinas agrícolas sem causar maiores danos à cultura, a exemplo de lavouras de arroz irrigado.
Sobretudo, em virtude da velocidade operacional, do reduzido volume utilizado de água e da maior versatilidade, a aplicação aérea de defensivos agrícolas desempenha expressivo papel no manejo de grandes culturas, possibilitando também a redução das perdas de produtividade pelo amassamento das plantas como ocorre na pulverização terrestre.
Mas quais as perdas observadas na pulverização aérea?
Por definição, perda é toda quantidade de material que não atinge o alvo, geralmente expressa em porcentagem daquela que foi emitida pela máquina aplicadora. Essa perda pode também ser representada por material que chega ao alvo e não é retido por ele. Normalmente, as principais fontes de perda são a deriva e a evaporação (Contiero; Biffe; Catapan, 2018).
Perdas por deriva
Conforme destacado por Santiago (2016), a nível de campo, ocorre uma “deriva técnica”, de maneira que os atuais equipamentos de pulverização, mesmo com calibração, temperatura e ventos ideais, deixem 32% dos agrotóxicos pulverizados retidos nas plantas; outros 49% vão para o solo e 19% vão pelo ar.
Pesando na redução de perdas por deriva, além da adequada tecnologia de aplicação, uso de adjuvantes, surfactantes e demais aditivos que possam auxiliar na redução da deriva, ferramentas de aplicação aérea como a pulverização eletrostática podem contribuir com a redução da deriva e aumento da eficiência das aplicações. Sobretudo, fatores técnicos como altura e velocidade de voo podem exercer forte influência sobre a porcentagem de deriva.
Perdas por evaporação
As perdas por evaporação estão relacionadas principalmente as condições ambientais desfavoráveis e condições psicométricas que influenciam no tempo de evaporação da gota, podendo variar de 30% a 90% em condições mais severas (Santiago, 2016).
O comportamento da gota varia em função de fatores como a umidade relativa do ar (UR%), temperatura média e variação da temperatura, assim como o diâmetro da gota, podendo-se calcular o tempo de “vida/evaporação” da gota através da expressão:
Em que:
t = tempo de ‘vida’ da gota (s); d = diâmetro da gota (µm); ΔT = diferença de temperatura (°C) entre os termômetros de bulbo seco e bulbo úmido do psicrômetro Contiero; Biffe; Catapan (2018)
Conforme demonstrado na tabela 1, dentre os principais fatores que interferem no tempo de vida da gota, destacam-se os já citados diâmetro de gota, temperatura e umidade relativa do ar, corroborando assim a influência das condições psicométricas sobre as perdas por evaporação na pulverização aérea.
Tabela 1. Comportamento de gotas de diversos tamanhos, em diferentes condições ambientais.

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Referências:
CONTIERO, R. L.; BIFFE, D. F.; CATAPAN, V. TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO. HORTALIÇAS- FRUTO, 2016. Disponível em: < https://books.scielo.org/id/bv3jx/pdf/brandao-9786586383010-15.pdf >, acesso em: 14/11/2022.
SANTIAGO, H. SIMULAÇÃO DE PERDAS POR EVAPORAÇÃO NA PULVERIZAÇÃO AÉREA. Universidade Federal de Viçosa, Tese de Doutorado, 2016. Disponível em: < https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/10390/1/texto%20completo.pdf >, acesso em: 14/11/2022.