A lagarta falsa-medideira é comumente identificada pelo hábito de se locomover dobrando o corpo, como se estivesse medindo palmos, além de possuir dois pares de falsas pernas na região abdominal e um na região caudal (Figura 1). Até a década de 90, essas lagartas eram consideradas pragas secundárias da soja pelo seu baixo índice de infestação; porém, a partir dos anos 2000, aumentaram a ocorrência e adquiriram o status de praga-chave da soja.
Figura 1. Características da lagarta falsa-medideira.
Fonte: Promip. Confira a imagem original clicando aqui.
A lagarta falsa-medideira é uma praga pertencente à família Noctuidae e subfamília Plusiinae, a qual inclui as seguintes espécies: Chrysodeixis includens (anteriormente denominada Pseudoplusia includens,), Trichoplusia ni e Rachiplusia nu, sendo C. includens a mais frequente. Este complexo de lagartas tem exigido mudanças quanto ao uso e doses de defensivos para o seu controle, em decorrência da lagarta preferir a parte baixeira das plantas e tolerar as doses de inseticidas utilizadas para o controle da lagarta-da-soja (A. gemmatalis) (GUEDES et al., 2015).
A espécie C. includens é a causa as maiores perdas econômicas nas lavouras de soja (PALMA, et al. 2015). As mariposas possuem asas acinzentadas, com estigma e mácula prateados, contornados de marrom escuro brilhante. Nota-se ainda que a parte basal da asa é mais clara. Os ovos são colocados isoladamente na superfície das folhas e apresentam coloração verde. As lagartas são verdes, com uma linha dorsal de coloração branca. Apresentam seis ínstares e possuem processos internos na mandíbula, característica que os distingui da lagarta Trichoplusia ni. A pupa é marrom-esverdeada e encontra-se nas folhas enroladas, presa por fios de seda. O ciclo biológico dura em média 25 dias (MOSCARDI et al., 2012).
Figura 2. Lagarta falsa-medideira da espécie C. includens.
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Diferentemente da pupa de C. includens, a pupa de Trichoplusia ni é de cor marrom uniforme, enquanto a de Rachiplusia nu é de cor marrom-escura a preta. Entretanto, é importante salientar que este padrão de coloração é afetado pelo tipo de dieta em que a lagarta se desenvolve. Em geral, lagartas de C. includens alimentando-se de folhas irão originar pupas verde-escuras (CANERDAY; ARANT, 1967; EICHLIN; CUNNINGHAM, 1978; SHOUR; SPARKS, 1981).
Figura 3. Lagarta falsa-medideira da espécie Trichoplusia ni.
Fonte: Scincephotolibrary. Confira a imagem original clicando aqui;
Figura 4. Lagarta falsa-medideira da espécie Rachiplusia nu.
Fonte: Nova. Confira a imagem original clicando aqui
A distribuição geográfica das lagartas falsas-medideiras é restrita ao Hemisfério Ocidental, ocorrendo desde o norte dos Estados Unidos até o sul da América do Sul (ALFORD; HAMOND, 1982; KOGAN, 1981). Essas espécies podem ser encontradas em diversas regiões produtoras de soja, podendo ocorrer simultaneamente ou mais tardiamente em relação às populações da lagarta-da-soja, A. gemmatalis (MORAES et al., 1991; PAPA; CELOTO, 2007). No Brasil, C. includens pode ser encontrada em todas as regiões produtoras, desde o Rio Grande do Sul até Roraima (MARSARO JUNIOR et al., 2010).
Um estudo de genética populacional de falsa-medideira detectou a presença seis linhagens diferentes de C. includens no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (PERINI et al., 2020). Apesar de infestar uma grande gama de hospedeiros, as falsas-medideira possuem preferência e melhor adaptação à soja, em relação a outras culturas agrícolas (BERNARDI, 2012). A redução da população destas espécies na cultura da soja passa pela utilização racional e integrada de diferentes fermentas de controle, como controle biológico, controle químico, cultivares resistentes e manejo cultural.
Elaboração: Solange Andressa Figur, estudante do Curso de Agronomia na UFSM e membro do grupo Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
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