Os nematoides fitopatogênicos são conhecidos pelo potencial em causar danos às culturas agrícolas e pela dificuldade de controle. Por habitarem o solo, o controle desses nematoides via pulverização de nematicidas é normalmente limitado, uma vez que há dificuldade em atingir o alvo.
Entretanto, os nematicidas ainda são as ferramentas de controle mais empregadas no manejo e controle de nematoides em escala comercial. Em culturas como soja, milho e algodão, destacam-se as espécies de fitonematoides Meloidogyne javanica e Meloidogyne incógnita (nematoide de galhas), Heterodera glycines (nematoide de cisto da soja), Rotylenchulus reniformis (nematoide reniforme) e Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares).
Os danos variam em função das características da espécie, contudo, normalmente são observados em reboleiras na lavoura. Sob elevadas infestações, os sintomas em área total de talhões podem ser observados. Além de reduzir o porte, estatura e afetar o crescimento, desenvolvimento e produtividade das plantas, a infecção causada por esses fitonematoides pode servir como porta de entrada para patógenos na planta.
Embora o manejo integrado, fazendo uso de ferramentas como rotação de culturas, plantas de cobertura não hospedeiras e o controle de plantas daninhas sejam essenciais para a redução satisfatória das populações dos fitonematoides, em função da facilidade operacional, os nematicidas são amplamente utilizados no combate aos fitonematoides.
Sobretudo, visando um controle mais uniforme e satisfatório, assim como no manejo de doenças e plantas daninhas, para o manejo dos fitonematoides é preciso conhecer os mecanismos de ação e ingredientes ativos dos nematicidas a fim de rotacioná-los para um controle mais prolongado e manejo da resistência.
Alguns mecanismos de ação de nematicidas inda são desconhecidos, entretanto, sabe-se que há nematicidas que atuam no sistema nervoso e muscular, na respiração, no crescimento e desenvolvimento (Tabela 1). Dentre os nematicidas que atuam no sistema nervoso e muscular, destacam-se os conhecidos Abamectina, Carbofurano e Tiodicarbe. Já Fluopiram e Cyclobutrifluram são conhecidos por atuar na respiração, enquanto Spirotetramat atua no crescimento e desenvolvimento (IRAC-BR, 2024).
Tabela 1. Esquema de Classificação dos Modos de Ação de Nematicidas
Dentre os nematicidas de mecanismos de ação desconhecido, destacam-se ferramentas biológicas como bactérias a exemplo de Bacillus spp., Burkholderia spp., Pasteuria spp., Pseudomonas spp., Streptomyces spp e fungos a exemplo de Actinomyces spp., Arthrobotrys spp., Aspergillus spp., Muscodor spp., Myrothecium spp., Pochonia spp., Purpureocillium lilacinum (syn. Paecilomyces lilacinus) e Trichoderma spp.
Conhecer esses mecanismos de ação possibilita visualizar que há mais de uma opção para o manejo e controle dos nematoides em culturas agrícolas, incluindo ferramentas biológicas que podem ser utilizadas em rotação com nematicidas químicos. Sobretudo, visando um manejo e controle eficiente dos fitonematoides, é essencial que além da rotação de mecanismos de ação de nematicidas, adote-se medidas complementares de manejo, tais como a rotação de culturas e o cultivo de espécies não hospedeiras, especialmente nos períodos entressafra.
Veja mais: Quais os nematoides mais patogênicos e agressivos às culturas da soja, milho e algodão?
Referências:
IRAC-BR. CLASSIFICAÇÃO DO MODO DE AÇÃO: NEMATICIDAS. Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas Brasil, 2024. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/6c1e70_3af8156cf7d441ddabf05457be454d7c.pdf >, acesso em: 06/05/2024.
