Os hormônios vegetais, também conhecidos como fitormônios, são substâncias naturais sintetizadas pelas plantas, que desempenham um papel fundamental na regulação de diversos processos fisiológicos. De acordo com Melo (2002), são compostos químicos biologicamente ativos, que exercem influência significativa no crescimento, desenvolvimento e resposta das plantas aos estímulos ambientais. O desenvolvimento vegetal é regulado por nove hormônios: auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, ácido abscísico, brassinosteroides, jasmonatos, ácido salicílico e estrigolactonas (Taiz & Zeiger, 2017).

Tabela 1. Resumo da ação dos principais hormônios vegetais.

Fonte: Pes & Arenhardt (2015).

Conforme Pes & Arenhardt (2015), a principal função das auxinas é promover o crescimento do caule, folhas e raiz, além de atuar no processo de dominância apical, desenvolvimento da flor, crescimento de frutos e abscisão foliar. Sendo os mais encontrados nas plantas o ácido indol-acético (AIA) e o ácido indol-butírico (AIB).

Segundo Taiz e Zeiger (2017), a descoberta da auxina foi feita em sobre a curvatura do coleóptilo durante o fototropismo. Charles e Francis Darwin conduziram experimentos investigando a curvatura da bainha de folhas jovens (coleóptilos) de plantas de alpiste, bem como o crescimento dos hipocótilos de plântulas de outras espécies em resposta à luz unidirecional. Ao analisar os resultados, eles chegaram à conclusão de que um sinal, gerado no ápice das plantas, se deslocava para baixo, estimulando o crescimento mais rápido das células inferiores no lado sombreado em relação ao lado iluminado. Os fisiologistas chamaram esse sinal de “auxina”, identificando o Ácido Indolacético (AIA) como a auxina vegetal primária.

Figura 1. Estrutura química da auxina.

Fonte: Taiz & Zeiger (2017).

Marcier (2004) afirmam que as auxinas sintéticas são aquelas sintetizadas em laboratório, essas são denominadas substâncias reguladoras do crescimento vegetal, pois são criadas artificialmente para influenciar o desenvolvimento das plantas. Já as auxinas naturais são denominadas hormônio ou fitormônio, essas são produzidas naturalmente pelas plantas.

De acordo com Melo (2002), o ácido 3-indolacético (AIA) é a principal auxina das plantas, sendo sintetizado principalmente a partir do triptofano, primeiramente em primórdios foliares e folhas jovens, e em sementes em desenvolvimento. O autor destaca ainda que o AIB vem sendo utilizado comercialmente para a propagação de plantas, devido a sua eficiência em estimular a formação de raízes adventícias.

Tabela 2. Principais auxinas.

Adaptado: Melo (2002).

Dentre as principais funções do AIA, Melo (2002) destaca que ele é responsável pelo alongamento celular; divisão celular; diferenciação de tecidos vasculares (estimulam a diferenciação do floema e xilema); formação de raízes; tropismos; dominância apical; inibição da senescência foliar; abscisão de folhas e frutos (inibem ou promovem via etileno); retardo do amadurecimento de frutos e florescimento (promovem o florescimento em bromeliáceas).

A dominância apical exercida pela auxina é resultado da síntese dos hormônios na extremidade da planta, onde atua estimulando o crescimento longitudinal e inibindo o desenvolvimento das gemas laterais. Isso resulta em plantas com pouca ramificação, quando apresenta uma dominância apical forte, uma vez que o broto apical prevalece sobre os brotos laterais. No entanto, ao realizar uma poda, a dominância apical é quebrada, permitindo a brotação das gemas laterais e promovendo a ramificação da planta.



Dessa forma, a auxina exerce um papel fundamental na arquitetura das plantas, controlando o padrão de crescimento e a alocação de recursos para diferentes partes da planta. Compreender a regulação da dominância apical pela auxina é essencial para o manejo adequado das plantas cultivadas, permitindo a formação de estruturas vegetais desejáveis ​​e maximizando a produtividade das culturas.

Conforme Taiz & Zeiger (2017), devido a estrutura do AIA ser relativamente simples, pesquisadores conseguiram sintetizar uma série de moléculas com atividade auxínica, sendo que alguns desses compostos como o ácido 1-naftaleno-acético (ANA), o ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) e o ácido 2-metóxi-3,6-diclorobenzoico (dicamba), são agora usados amplamente como reguladores do crescimento e herbicidas na agricultura.


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Referências:

MELO, NATONIEL FRANKLIN. INTRODUÇÃO AOS HORMÔNIOS E REGULADORES DE CRESCIMENTO VEGETAL. Embrapa Semi-árido, Petrolina – PE, 2002. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/135451/1/HormonioseReguladoresdeCrescimentoVegetal.pdf >, acesso em: 27/07/2023.

MERCIER, HELENICE. AUXINAS. Fisiologia Vegetal, Editora Guanabara Koogan S. A., cap.8, Rio de Janeiro – RJ, 2004.

PES, LUCIANO ZUCUNI; ARENHARDT, MARLON HILGERT. FISIOLOGIA VEGETAL. Colégio Politécnico UFSM, Rede e-Tec Brasil, Santa Maria – RS, 2015. Disponível em: < https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/413/2018/11/09_fisiologia_vegetal.pdf >, acesso em: 27/07/2023.

TAIZ, LINCOLN; ZEIGER, EDUARDO. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Artmed, ed. 6, Porto Alegre – RS, 2017.

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Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria.

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