O enxofre (S) é um macronutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento das plantas, sendo classificado como um macronutriente secundário, assim como o cálcio e o magnésio. O enxofre é integrante da estrutura de alguns aminoácidos como cistina, cisteína e metionina, além de ser constituinte de várias coenzimas e vitaminas, como a coenzima A, S-adenisilmetionina, biotina, vitamina B e ácido pantotênico, os quais são essenciais para o metabolismo das plantas (Taiz & Zeiger, 2017).

De acordo com o International Plant Nutrition Institute (IPNI), o enxofre é utilizado pelas plantas em quantidades suficientes para ser considerado o quarto nutriente mais requerido depois dos três macronutrientes, nitrogênio, fósforo e potássio. A sua deficiência é fator limitante da produção agrícola em extensas áreas do Brasil, estima-se que 70% dos solos cultivados no país sejam deficientes do nutriente (Horowitz, 2012).

O enxofre é um nutriente imóvel dentro da planta, o que resulta na manifestação inicial dos sintomas de deficiência nos tecidos mais jovens de folhas, raízes e botões florais. As plantas não mobilizam enxofre dos tecidos mais velhos para suprir as necessidades deste nutriente nos pontos de crescimento mais jovem, uma vez que o sulfato é assimilado pelos compostos orgânicos, não é redistribuído dentro da planta (IPNI).

A deficiência em enxofre é evidenciada através da clorose, afetando inclusive os tecidos em volta dos feixes vasculares das folhas. Essa clorose é, principalmente, devido à redução na síntese de proteínas, que interfere na produção de complexos clorofila-proteínas estáveis responsáveis por ligar as moléculas de clorofila nas membranas do cloroplasto (Paulilo et al., 2015).

Figura 1. Folha de trigo deficiente em enxofre à esquerda e normal à direita.

Fonte: IPNI.

Para uma média de produtividade de 3 toneladas por hectare na cultura da soja, conforme destacam Gitti et al. (2018), ocorre uma extração de aproximadamente 46 Kg de enxofre por hectare, com uma exportação de cerca de 16 Kg por hectare. Embora esses valores sejam significativos, durante um longo período, a utilização de fertilizantes como o superfosfato simples para a adubação fosfatada conseguiu suprir as necessidades de enxofre para obter boas produtividades na cultura da soja. Isso ocorreu porque o superfosfato simples é uma fonte de enxofre. No entanto, com a adoção de fertilizantes mais concentrados na adubação fosfatada, os solos com baixo teor de enxofre passaram a não fornecer as quantidades necessárias desse nutriente para alcançar boas produtividades na soja, consequentemente, o enxofre tornou-se um fator limitante para a produtividade nesses solos.

O enxofre (S) não deve ser negligenciado no planejamento de adubação, uma vez que é um dos nutrientes que pode apresentar respostas agronômicas particularmente significativas para o cultivo da soja em solos arenosos após a correção da acidez e fornecimento de fósforo (Minato et al., 2022). De acordo com Seixas et al. (2020), são necessários cerca de 14,4 kg de enxofre por tonelada de grãos de soja produzidos.

Conforme destacam Minato et al. (2022), o enxofre é absorvido pelas plantas na forma de sulfato (SO42-), sendo que a maior proporção, cerca de 90 a 95% é encontrada na matéria orgânica do solo. Sua disponibilidade é influenciada pela presença de resíduos culturais, matéria orgânica, bem como por processos de oxidação e redução, os quais são controlados por microrganismos.



Em termos práticos, os principais fatores que interferem na disponibilidade do enxofre oriundo da matéria orgânica do solo para a planta são a textura e a própria matéria orgânica. Geralmente, solos mais arenosos e com menor teor de matéria orgânica apresentam uma capacidade reduzida de fornecer enxofre às plantas, o que resulta em uma maior necessidade de adubação com enxofre para atender às demandas das culturas (Minato et al., 2022). Em solos arenosos, Horowitz (2012) afirma que é provável que ocorram perdas de sulfato por lixiviação pela ausência de óxidos de ferro ou de alumínio, o que gera menor quantidade de cargas positivas e, consequentemente, menos sítios de adsorção para o sulfato.

Figura 2. Dinâmica do sulfato no solo.

Fonte: Horowitz (2012).

Estando a maior parte do enxofre presente no solo na porção de matéria orgânica, para se tornar disponível para as plantas, precisa passar pelo processo de ser convertido em sulfato solúvel. Variáveis como temperatura, umidade e outros fatores ambientais influenciam na velocidade na qual os microrganismos do solo convertem esses compostos orgânicos de enxofre (IPNI). Solos que apresentam baixos teores de matéria orgânica e não contam com a presença de resíduos culturais, são mais propensos a apresentar deficiência de enxofre caso não seja realizada a adubação com o nutriente.

As principais fontes de enxofre utilizadas são o sulfato de amônio, o gesso agrícola, e o superfosfato simples, nesses fertilizantes, o enxofre encontra-se na forma de sulfato, prontamente disponível às plantas (Horowitz, 2012).

Figura 3. Fontes tradicionais para o fornecimento de enxofre.

Fonte: Vitti et al. (2015).

Todas as práticas de manejo que têm como objetivo conservar a matéria orgânica do solo, são benéficas para a manutenção dos níveis de enxofre no solo. Em solos que foram cultivados ao longo de muitos anos sem o cuidado com a manutenção da matéria orgânica, é possível que os teores de enxofre estejam abaixo do nível crítico. Assim, em solos cultivados, naturalmente pobres em matéria orgânica ou em situações em que houve uma redução dos estoques, bem como a exportação de nutrientes sem reposição adequada, a probabilidade de resposta positiva à adubação com enxofre é maior (Gitti et al., 2018).


Veja mais: Cálcio: Qual a Importância desse Macronutriente Secundário?



Referências:

GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Tecnologia e produção: Safra 2017/2018. Curitiba – PR, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/httpswww.fundacaoms.org_.brpublicacoestecnologia-e-producao-safratecnologia-producao-soja-2017-2018.pdf >, acesso em: 05/09/2023.

HOROWITZ, N. O ENXOFRE EM PLANTAS CULTIVADAS NO BRASIL. Revista Plantio Direto, Fertilidade, 2012. Disponível em: < https://plantiodireto.com.br/storage/files/127/9.pdf >, acesso em: 05/09/2023.

IPNI. ENXOFRE. Nutri-Fatos n° 4, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas, International Plant Nutrition Institute. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-4/$FILE/NutriFacts-BRASIL-4.pdf >, acesso em: 05/09/2023.

MINATO, E. A. et al. MANEJO DA ADUBAÇÃO COM ENXOFRE EM SOLOS ARENOSOS. Circular técnica ed.1, Aprosoja MT, 2022. Disponível em: < https://www.aprosoja.com.br/storage/comissoes/arquivos/ctecno—vitrine-de-cultivares-de-soja-safra-2022-2023.pdf >, acesso em: 05/09/2023.

PAULILO, M. T. S.; VIANA, A. M.; RANDI, A. M. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC, 2015.

SEIXAS, C. D. S. et al. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA. Sistemas de produção 17. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 05/09/2023.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Artmed, ed. 6. Porto Alegre – RS, 2017.

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