A produtividade da soja é uma variável um tanto quanto complexa, sujeita a interação entre diversos fatores bióticos e abióticos, os quais podem exercem influência direta ou indireta sobre essa variável, sendo, portanto, difícil de mensurar antes da colheita. Diferindo da produção, a produtividade apresenta relação com a área, sendo normalmente trabalhada em Quilogramas (Kg) por hectare (ha), e/ou em unidade mais regionais como sacas por hectare, sacas por alqueire, entre outras.

Dentre os fatores responsáveis pela produtividade da cultura, a genética da cultivar está entre os principais, definindo muitas vezes o potencial produtivo da cultura. Embora as condições climáticas e ambientais, além das práticas de manejo possam exercer forte influência sobre a produtividade da soja, é notório que o melhoramento genético tem trazido expressivas contribuições para o aumento da produtividade da soja.

Analisando a evolução da produtividade dos principais países produtores de soja, é possível observar uma tendencia de aumento da produtividade. A produtividade média da soja, cifra ponderada dos últimos 40 anos, é de 2,482 mil kg ha-1 nos Estados Unidos, de 2.423 kg ha-1 na Argentina e de 2,567 mil kg ha-1 no Brasil (Conab, 2016).

 Levando em consideração apenas a média da última década, o Brasil obteve avanço no indicador, saltando para 2,87 mil kg ha-1, número próximo ao dos Estados Unidos, que acumulam média de 2,922 mil kg ha-1, e da Argentina, que tem produzido 2,715 mil kg ha-1 (Conab, 2016).

Figura 1. Evolução da produtividade de soja nos principais países produtores.

Fonte: USDA & Conab, apud. Conab (2016)

Analisando os dados nacionais, nota-se que a produtividade das lavouras brasileiras de soja oscilou ao longo dos anos, fato que pode ser atribuído entre outros fatores pela variabilidade climática, sobretudo, assumindo comportamento positivo, demonstrando crescimento ao longo dos anos (figura 2).



Figura 2. Evolução absoluta da área, produtividade e produção de grãos – Brasil.

Fonte: USDA & Conab, apud. Conab (2016)

Embora boa parte desses resultados positivos sejam reflexo da melhoria dos tratos culturais e manejo fitossanitário da cultura, bem como nutrição e posicionamento de cultivares, entre outros, cabe destacar que o melhoramento genético, em especial se tratando das cultivares modernas de alto teto produtivo, tem possibilitado o aumento da produtividade da soja a nível nacional e internacional.

Uma regressão estimada entre o ano de lançamento das cultivares e a produtividade das lavouras, a partir de informações de 854 lavouras, 5 safras e 86 cultivares registradas no MAPA entre 2008 e 2019 (Figura 3) mostrou um incremento na produtividade de 41,4 kg ha¹ ano¹ atribuído ao melhoramento genético para o Rio Grande do Sul (Tagliapietra et al., 2022).

Figura 3. Ganho genético estimado pelas produtividades de 854 lavouras e o ano de lançamento das cultivares de soja.

Fonte: Tagliapietra et al. (2022)

A nível de Brasil, Tagliapietra et al. (2022) destacam que análises de dados de 1965 a 2011 demonstraram ganhos de produtividade pelo melhoramento genético de 40 kg ha-1 ano-1. Com isso em vista, nota-se que o melhoramento genético tem desempenhado importante papel na produção agrícola brasileira. Vale destacar que além da contribuição direta a produtividade, através do melhoramento genético é possível trabalhar características como componentes de produtividade e qualidade da soja, além da estabilidade e adaptabilidade. Sobretudo, vale lembrar que os resultados proporcionados pelo melhoramento genético nem sempre são tão imediatos, sendo esse, um trabalho que envolve tempo e pesquisa.

Referências:

CONAB. COMPÊNDIO DE ESTUDOS CONAB: A PRODUTIVIDADE DA SOJA: ANÁLISE E PERSPECTIVAS. Companhia Nacional de Abastecimento, v.10, 2017. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/uploads/arquivos/17_08_02_14_27_28_10_compendio_de_estudos_conab__a_produtividade_da_soja_-_analise_e_perspectivas_-_volume_10_2017.pdf >, acesso em: 15/03/2023.

TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Ed. 2, Santa Maria, 2022.

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