Durante o ciclo de desenvolvimento de culturas anuais como o milho, é comum observar a presença de pragas como percevejos e lagartas, sendo necessário adotar medidas de manejo e controle, para reduzir a interferência dessas pragas na produtividade e qualidade dos grãos ou sementes produzidas. Dependendo da praga, os danos podem ocorrer ainda nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura.
Algumas espécies de lagartas por exemplo, podem acometer o milho no início do desenvolvimento das plantas, causando o corte/consumo de plântulas, reduzindo o estande de plantas, afetando um dos principais componentes de produtividade, o número de plantas por área. Os percevejos por sua vez, atacam as plântulas na região do colo, causando pequenas perfurações devido à introdução do aparelho bucal.
A lesão aumenta à medida que a planta cresce e as folhas se desenvolvem, formando áreas necrosadas no sentido transversal das folhas, as quais podem quebrar na região danificada. Os prejuízos causados pelo ataque desses insetos são o atraso no desenvolvimento das plantas, redução do estande e do rendimento de grãos da cultura (Bridi. Kawakami; Hirose, 2016).
Figura 1. Dano característico de percevejo em milho.

No sistema de produção soja/milho safrinha, a ocorrência de percevejos no período inicial do desenvolvimento do milho é ainda maior. Isso porque, grande parte das espécies de percevejo que acometem o milho, também incidem sobre a cultura da soja, principalmente durante o período reprodutivo e final do desenvolvimento das plantas.
Sob condições de manejo ineficiente, e/ou falhas de controle, os percevejos remanescentes da cultura da soja podem vir a infestar a cultura do milho em sucessão. Em muitas situações, a palhada residual da cultura da soja serve como abrigo para os percevejos até a implantação da próxima cultura, permitindo a sobrevivência da praga. Sendo assim, o período inicial do desenvolvimento do milho é tido como um dos principais e mais críticos a ocorrência de percevejos (figura 2).
Figura 2. Período crítico de ocorrência de percevejos em milho segunda safra (safrinha).

Uma estratégia para reduzir a população de percevejos no período inicial do desenvolvimento do milho consiste na adição de inseticidas registrados para o controle da praga, juntamente aos herbicidas utilizados para dessecação da lavoura pré-semeadura, quando essa prática ocorre. Entretanto, em algumas ocasiões, não necessariamente torna-se necessário realizar a dessecação pré-semeadura, principalmente quando o intervalo entre colheita da soja e semeadura do milho é pequeno e/ou a lavoura está livre de plantas daninhas “limpa”.
Independentemente da condição observada, o tratamento de sementes (TS) com inseticidas é essencial para garantir proteção inicial das plantas às pragas. O tratamento de sementes com inseticidas permite o controle inicial de percevejos, lagartas e outras pragas que possam estar presentes na área de cultivo no início do desenvolvimento do milho. Cabe destacar que o TS não substitui o monitoramento da lavoura nos estádios iniciais do desenvolvimento do milho.
Quando iniciar o monitoramento da lavoura?
Embora o tratamento de sementes proporcione controle inicial de pragas na cultura do milho, ele não substitui o monitoramento da lavoura. Entretanto, em virtude do efeito residual dos inseticidas, recomenda-se que o monitoramento da lavoura, visando observar a presença de pragas que atacam plântulas e plantas em desenvolvimento (principalmente percevejos), seja intensificado a partir da terceira semana após a semeadura do milho (Waquil; Viana; Cruz, 2021).
Para a maioria dos produtos utilizados no tratamento de sementes, o efeito residual não é superior a três semanas. Além de características do produto em si, o efeito residual de inseticidas aplicados no tratamento de sementes varia em função do tipo de solo, umidade e condições ambientais, tais como a ocorrência de precipitações, entre outros. Com isso em vista, o monitoramento da lavoura torna-se essencial para definir estratégias de controle e o posicionamento de inseticidas, sendo ainda mais importante em lavouras sucessoras a cultura da soja.
Referências:
BRIDI, M.; KAWAKAMI, J.; HIROSE, E. DANOS DO PERCEVEJO Dichelops melacanthus (Dallas, 1851) (Heteroptera:Pentatomidae) NA CULTURA DO MILHO. Magistra, Cruz das Almas – BA, V. 28, N.3/4, p.301-307, Jul./Dez.2016. Disponível em: < https://www.academia.edu/69355043/Danos_do_percevejo_Dichelops_melacanthus_Dallas_1851_Heteroptera_Pentatomidae_na_cultura_do_milho?from_sitemaps=true&version=2 >, acesso em: 27/03/2023.
WAQUIL, J. M.; VIANA, P. A.; CRUZ, I. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/milho/producao/pragas-e-doencas/pragas/manejo-integrado-de-pragas#:~:text=Monitoramento%20de%20pragas%20de%20pl%C3%A2ntulas,ap%C3%B3s%20a%20semeadura%20do%20milho. >, acesso em: 27/03/2023.