Com grande importância econômica e cultura, o milho está inserido no sistema de produção de diversas propriedades, exercendo forte influência na manutenção e sustentabilidade do sistema plantio direto (SPD). Contudo, para a obtenção de altas produtividades, além de suprir as exigências do milho, é necessário reduzir a interferência de fatores que possam prejudicar a boa produção, tais como pragas, doenças e plantas daninhas.
Conforme destacado por Fontes e Gonçalves (2009), a incidência de plantas daninhas é uma das principais causas da redução da produtividade do milho, onde dependendo da espécie e intensidade de infestação, perdas de produtividade superiores a 80% podem ser observadas.
Uma das plantas daninhas mais preocupantes da cultura do milho é a Digitaria insularis, planta pertencente à família Poaceae, popularmente conhecida como capim-amargoso. Esta espécie se caracteriza por ser uma planta de difícil controle, em função de sua velocidade de crescimento, da dificuldade de controle de plantas entouceiradas, de sua adaptabilidade a diferentes condições edafoclimáticas, e do aumento da população de biótipos resistentes ao glyphosate no Brasil (Silva et al., 2017).
Em tese, quando maior o tempo de convivência e uma planta daninhas com uma cultura agrícola, maior o tempo de matocompetição e com ele, maior o impacto causado na produtividade da cultura. Sendo assim, o controle de plantas daninhas é essencial para minimizar os danos ocasionados pela matocompetição e reduzir as perdas produtivas.
Contudo, o controle do capim-amargoso em milho pode ser um tanto quanto complexo, dependendo de fatores como eficiência de herbicidas, estádio de aplicação dos produtos, presença de populações resistentes a herbicidas entre outros. Visando o melhor manejo do capim-amargoso, a determinação dos períodos anterior a interferência (PAI), período total de prevenção a interferência (PTPI) e período crítico de prevenção a interferência (PCPI) pode auxiliar no posicionamento de práticas de manejo visando o controle dessa planta daninha.
O estabelecimento da cultura “no limpo” pode ser considerado uma das principais práticas de manejo visando o bom estabelecimento da lavoura, entretanto, com o passar do tempo, novos fluxos de emergência de plantas daninhas tendem a ocorrer, dando origem a novas populações que irão matocompetir com o milho.
Com isso em vista, conhecer o período anterior a interferência (PAI) do capim-amargoso na cultura do milho é de suma importância para embasar práticas de manejo e/ou posicionar o controle químico visando o controle dessa daninha .
Avaliando os períodos de interferência de uma comunidade infestante com predominância de capim-amargoso na cultura do milho, Piazentine (2021) estimou que para perdas aceitáveis de produtividades, de 5% e 10%, o período anterior a interferência são de 30 e 34 dias após a semeadura (DAS), respectivamente. Para realização do estudo, o milho (cv. P4285VYHR PIONEER) foi submetido ao convívio com comunidade de plantas daninhas, sendo predominante o capim-amargoso.
Figura 1. Produtividade de grãos de milho ‘‘P4285VYHR PIONEER’, em função dos períodos de interferência das plantas daninhas, com a estimativa do período anterior à interferência (PAI) (Piazentine, 2021).
Os resultados obtidos por Piazentine (2021), demonstram que o milho cv. P4285VYHR PIONEER pode conviver com essa comunidade infestante por até 30 dias após a semeadura da cultura, sem ocorrer perdas significativas na produção. Embora o PAI possa variar de acordo com a cultivar, espécie e população de daninhas, os resultados encontrados por Piazentine (2021), podem auxiliar na orientação de práticas de manejo, uma vez que a autora demonstra perdas significativas de produtividade do milho quando o período de convivência de plantas daninhas com o milho ultrapassa o período anterior a interferência, destacando a necessidade do controle de plantas daninhas.
Veja mais: Controle de capim-amargoso (Digitaria insularis) em milho
Referências:
FONTES, J. R. A.; GONÇALVES, J. R. P. MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 32, 2009. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/675149/1/CircTec322009.pdf >, acesso em: 14/09/2021.
PIAZENTINE, A. E. PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DO CAPIM-AMARGOSO NA CULTURA DA SOJA E DO MILHO. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Dissertação de Mestrado, 2021. Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/213688/piazentine_ae_me_jabo.pdf?sequence=7&isAllowed=y >,acesso em: 14/09/2021.
SILVA, W. T. et al. ALTERNATIVAS DE CONTROLE QUÍMICO PARA CAPIM-AMARGOSO (Digitaria insularis) NA CULTURA DO MILHO. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.16, n.3, p. 578-586, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/171764/1/Alternativas-controle.pdf >, acesso em: 14/09/2021.