Ano após ano, novos casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas são relatados a nível global. A resistência a herbicidas é um dos principais fatores limitantes da eficiência do manejo e controle de plantas daninhas, impondo dificuldades para controlar efetivamente plantas resistentes. A matocompetição imposta por plantas daninhas, competindo com culturas cultivadas por recursos como água, radiação solar a nutrientes do solo pode resultar em significativa redução da produtividade, podendo em alguns casos, até mesmo comprometer a lavoura.
Atualmente, a maioria dos casos de resistência relatados contemplam as plantas das famílias Poaceae, Asteraceae, Brassicaceae, Amaranthaceae e Cyperaceae, correspondendo respectivamente a 32%, 16%, 8% 4% e 4% dos casos (figura 1).
Figura 1. Porcentagem de espécies resistentes a herbicidas por famílias de plantas daninhas.

Dente os principais herbicidas com resistência relatada, podemos destacar o glifosato, herbicidas inibidor da EPSPs, sistêmico e não seletivo, que é frequentemente utilizado para o manejo e controle de plantas daninhas, especialmente em culturas RR (Roundup Ready) e para dessecação de áreas de cultivo. Na maioria dos casos, a resistência de plantas daninhas a herbicidas ocorre mediante seleção de biótipos resistentes (mais fortes), principalmente pela adoção de práticas de manejo inadequadas.
Além uso equivocado de herbicidas, dosagens inadequadas e períodos incorretos de controle, a sobredosagem é um dos principais fatores que contribuem para a ocorrência de casos de resistência. Contudo, algumas medidas podem ser adotadas a fim de reduzir o risco do desenvolvimento de novos casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas.
Uma das estratégias consiste na rotação de culturas (evitando o pousio), bem como o controle de plantas daninhas remanescentes nas áreas de cultivo, após a colheita, e também no período entressafra da cultura. Outra medida consiste na boa cobertura do solo com abundante palhada residual e/ou plantas de cobertura.
Algumas sementes de plantas daninhas consideradas fotoblásticas positivas necessitam de luz para germinar. A abundante palhada na superfície do solo serve como uma barreira física para a luz, impedindo com que as sementes germinem, dando origem a novos fluxos de emergência.
Além disso, a rotação de culturas é imprescindível também para o emprego de herbicidas de diferentes mecanismos de ação, possibilitando o controle de diferentes plantas daninhas. Outra medida importante é o estabelecimento da lavoura “no limpo”, (livre da presença de plantas daninhas), assim como o emprego de herbicidas pré-emergentes.
A limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas e a quarentena de animais oriundos de outras áreas de produção também são medidas que contribuem para a redução da disseminação de sementes e proliferação de plantas daninhas em novas áreas de cultivo. Da mesma forma é fundamental utilizar sementes com boa qualidade, preferencialmente certificadas, livre da presença de outras sementes e materiais inertes, reduzindo a introdução de sementes de plantas daninhas em áreas de cultivo.
Também é essencial atentar para a regulagem e calibração do pulverizador, incluindo filtros e pontas de pulverização. Para um controle eficiente e eficaz de plantas daninhas, a tecnologia de aplicação é tão importante quando a escolha do produto e definição da dose, contudo deve-se atentar principalmente para as condições de clima e ambiente no momento da aplicação.
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Referências:
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS, 2023. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Graphs/FamilyBySpeciesPieChart.aspx >, acesso em: 06/01/2023.