Atualmente observa-se um aumento gradativo dos custos de produção nas lavouras de soja. Todos os insumos, sem exceção, têm aumentado de preço; e para se manter na atividade, o produtor precisa aliar aumento de produtividade com redução de custos, obtendo a melhor eficiência possível nas suas operações. A aplicação de defensivos agrícolas é provavelmente um dos processos mais ineficientes praticados pelo homem até hoje (HIMEL,1974).
Pensando nisso, a tecnologia de aplicação surge como um auxílio ao produtor, proporcionando uma melhor performance à sua atividade. Afinal, de nada adianta investir em equipamentos com alta tecnologia embarcada e utilizar o melhor inseticida, se não houver a capacidade e o conhecimento para aplicar esse produto fitossanitário de maneira eficaz, atingindo o alvo e evitando processos de perda como a deriva (Figura 1).
Figura 1. Deriva de produto fitossanitário.
Fonte: Agência de notícias do Paraná. Confira a imagem original clicando aqui
A eficiência na aplicação passa por princípios simples, mas que demandam atenção, tais como: o tipo de ponta de pulverização, vazão e pressão adequadas, umidade relativa do ar (UR,) velocidade de aplicação compatível, velocidade do vento, manutenção periódica do equipamento, entre outras. Deve-se evitar velocidades de vento inferiores a 2 km/h, e superiores a 8-9 km/h, bem como UR abaixo de 50%.
Sabe-se que não existe uma melhor ponta para a cultura X ou Y, já que a escolha depende do estágio da cultura, do tipo de alvo, das condições de temperatura e umidade no local, do equipamento a ser utilizado, do tamanho da lavoura, entre outros. O agricultor deve se atentar ao tipo de ponta indicada para cada produto fitossanitário, a fim de promover uma melhor eficiência da aplicação. Por exemplo, para inseticidas, preconiza-se o uso de cone vazio (Figura 2).
Figura 2: Diferença de homogeneidade na aplicação.
Fonte: Tecnologia de aplicação. Pragas e eventos. Confira a imagem original clicando aqui
Deve-se saber qual o tipo de inseticida a ser utilizado e qual o alvo a ser atingindo, pois essa informação vai interferir na penetração da calda no dossel da cultura. No caso de um inseticida sistêmico, pode-se trabalhar com gotas médias e grossas, pois este vai agir após a praga-alvo se alimentar da cultura, não havendo necessidade de atingi-la diretamente. Já no caso de um inseticida de contato, há a necessidade de atingir diretamente a praga-alvo; assim, recomenda-se a utilização de gotas mais finas e em quantidades maiores, promovendo maior penetração no dossel e melhor cobertura (Figura 3).
Figura 3: Tamanho e quantidade de gotas em relação ao produto aplicado.
Fonte: Jacto. Confira a imagem original clicando aqui
Portanto, a ponta que mais se adéqua a essas condições é do tipo cone vazio, que distribui o produto de forma circular contendo poucas gotas em seu centro, com ângulo variando de 20º a 100º. Esse tipo de ponta é usado em pulverizadores de barras e atomizadores, produzindo gotas finas e médias que possibilitam maior penetração no dossel da soja, ajustando a uma calda de aplicação de 80 a 120 l/ha (Figura 4).
Figura 4. Cobertura x volume de aplicação.
Fonte: Guia de pontas Jacto. Confira a imagem original clicando aqui.
Em resumo, a escolha adequada da ponta, o volume de calda, escolha da pressão adequada de trabalho, regulagem e manutenção prévia conferem maior eficiência na aplicação de inseticidas. Ainda, deve-se preconizar o uso de adjuvantes, produtos anti-deriva e espalhantes adesivos que diminuem consideravelmente as perdas por deriva e evaporação, contribuindo para uma melhor penetração do produto fitossanitário no dossel da cultura da soja.
Elaboração do texto: Rael Adams, estudante do Curso de Agronomia na UFSM e membro do grupo Manejo e Genética de Pragas/UFSM
Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, R. G. et al. Pressão correta de aplicação de defensivos. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/pressao-correta-de-aplicacao-de-defensivos
GIRALDELI, A. L. et al. Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas. Lavoura 10. Disponível em https://blog.aegro.com.br/tecnologia-de-aplicacao/
Manual de tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários. ESALQ USP. Disponível em http://www.lpv.esalq.usp.br/sites/default/files/Leitura%20-%20Manual%20Tecnologia%20de%20Aplicacao.pdf
JACTO. Manual de pontas de pulverização. Manual Jacto. Disponível em https://s3.amazonaws.com/1-jacto.com.br/files/product_file_file_pt_BR_1596573843655_Guia_de_bicos_agosto_2020.pdf
GRUPO CULTIVAR. A ponta é fundamental.Disponível em https://www.grupocultivar.com.br/artigos/a-ponta-e-fundamental