O objetivo desse trabalho foi realizar a seleção da agressividade desse patógeno,
a fim de selecionar genótipos do programa de melhoramento, considerando seu potencial agronômico e resistência a essa bactéria.
Autores: Dahís Ramalho Moura¹; Isadora Gonçalves da Silva²; Nilvanira Donizete Tebaldi³, Fernando Cesar Juliatti3, Lucas dos Santos Nascimento4, Alexandre Eliseu da Silva5, Jakson Paulo Ferreira Alves6.
Introdução
A soja [Glycine max (L.) Merrill] é uma commodity agrícola que faz parte do conjunto de atividades econômicas com maior destaque no mercado mundial, é de grande importância para o consumo interno e exportação, o que contribui para o agronegócio e a economia brasileira (CASTRO et al., 2015). Apesar do grande sucesso da cultura é afetada por vários patógenos bacterianos, dentre eles a pústula bacteriana a qual é causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. glycines. Essa doença teve aumento expressivo em sua agressividade nos cultivares de soja nas últimas safras. O principal método de controle da pústula-bacteriana é o uso de cultivarem resistentes (Goulart, 1997). A identificação de fontes de resistência à pústula-bacteriana é um desafio para os melhoristas, uma vez que existem várias estirpes da fitobactéria e interação genótipos x estirpes para a resistência ao patógeno (Fiallos, 2011). Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi realizar a seleção da agressividade desse patógeno, a fim de selecionar genótipos do programa de melhoramento, considerando seu potencial agronômico e resistência a essa bactéria.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido no LABAC (Laboratório de Bacteriologia Vegetal) e Casa de vegetação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no período de outubro de 2018 em Uberlândia – MG. O experimento foi realizado em delineamento em blocos casualizados (DBC) em esquema fatorial 4 x 4 com 5 repetições, sendo (Quatro isolados de Xanthomonas axonopodis pv. glycines UFU C35, UFU C37, UFU C38 e UFU C40 pertencentes a coleção de trabalho e quatro cultivares, sendo duas cultivares comerciais e duas cultivares para alimentação humana). As plantas foram cultivadas em vasos de 500 mL, contendo substrato composto de solo, areia, húmus (4:1:1). Quando as plantas atingiram terceiro trifólio, culturas bacterianas semeadas em meio 523, foram inoculadas por pulverização, onde a concentração bacteriana foi ajustada em espectrofotômetro em OD550=0,5(1×109 UFC mL-1). A severidade da doença foi avaliada 4 dias após a inoculação com uma escala de notas de severidade de pústula bacteriana de 1 a 5, em que 1= menos de 10 leões da pústula e 5= maior severidade de pústula bacteriana. Com os valores da severidade, realizou-se os cálculos da área abaixo da curva do progresso da doença. Para a análise estatística utilizou-se a média comparada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Todos os dados foram analisados no ambiente R de computação estatística, versão 3.5.1 (R CORE TEAM, 2018).
Resultados e Discussão
Todos os materiais avaliados apresentaram sintomas característicos da bacteriose após a inoculação de ambos os isolados. No entanto, foi verificada diferença significativa entre isolados, sendo que C35, C37 e C40 foram os mais agressivos, dando destaque para o C35 o qual independente do genótipo atacou todos os trifólios da planta, mostrando agressividade para o progresso da doença a medida em que a planta se desenvolvia (Tabela 1).
Tabela 1. Área abaixo da curva do progresso da pústula bacteriana na cultura da soja em diferentes genótipos com diferentes isolados no primeiro trifólio.
Segundo Portz et al. (2006), em experimento realizado em mandioca, identificaram que os isolados de Xanthomonas pv. manihotis apresentaram diferenças significativas quanto à agressividade e virulência, onde os materiais testados apresentaram variação quanto à severidade da doença para cada patógeno. Quando testou a agressividade dos isolados através da área foliar lesionada, o qual para todos os isolados diferiram estatisticamente da testemunha (Figura 1).
Figura 1. Agressividade de quatro isolados inoculados em quatro genótipos de soja.
O resultado indica a existência de variabilidade na agressividade dos isolados quando inoculados em soja. Acredita-se que a variação da agressividade dos isolados está de acordo com o ambiente, tenha sido resultado da interação genótipo x ambiente. Como proposto por Amorim (1995), as diferenças no comprimento do período latente podem estar associadas à variedade da espécie hospedeira, à raça do patógeno e ao ambiente.
Conclusão
Todos os genótipos avaliados apresentaram sintomas típicos da pústula bacteriana. Os isolados, UFU C35, UFU C37 e UFU C40 foram os mais agressivos. O isolado UFU C35 apresentou maior agressividade para todos os trifólios avaliados.
A variação na agressividade dos isolados indica a possibilidade do patógeno possuir raças. Visto que o uso de isolados mais agressivos é desejável, pois proporciona mais rigor na seleção e melhor discernimento entre genótipos resistentes e suscetíveis.
Os resultados obtidos indicam a necessidade de considerar a variabilidade do patógeno na avaliação de genótipos em programas de seleção de cultivares resistentes.
Referências
CASTRO, L. S.; MIRANDA, M. H.; LIMA, J. E. Indicadores sociais de desenvolvimento e a produção de soja: uma análise multivariada nos 150 maiores municípios produtores brasileiros. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Taubaté, v. 11, n. 1, p. 69-87, 2015.
FIALLOS, F. R. G. A ferrugem asiática da soja causada por Phakopsora pachyrhizi Sydow e Sydow. Ciência e Tecnologia, Jabotical, v. 4, n. 2, p. 45-60, 2011.
GOULART, A.C.P. Fungos em sementes de soja: detecção e importância. Dourados: EMBRAPA-CPAO, 1997. 58p. (EMBRAPA-CPAO. Documentos, 11).
R Core Team (2018). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R project.org/.
PORTZ, L. R.; KUHN, O. J.; FRANZENER, G.; STANGARLIN, J. R. Caracterização de isolados de Xanthomonas axonopodis pv, manihotis. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá/PR, v.28, n.3, p.413-419, 2006.
AMORIM, L. Colonização e reprodução. In: Bergamin Filho, A, Kimati, H. & Amorim, L. (Eds). Manual de Fitopatologia: Princípios e Conceitos. Vol.1. 3 ed. São Paulo, Editora Agronômica Ceres. 1995. pp.309-324.
Informações dos autores
¹Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia/MG;
²Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia/MG;
³Professor Doutor Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia/MG;
4Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia/MG;
5Acadêmico do Curso de Agronomia, Instituto Federal Goiano (IFGOIANO), Urutaí/GO;
6Engenheiro Agrícola.
Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.