A colheita já chega a 34% no Estado. A sequência de chuvas ocorridas nas regiões aumentou a umidade nas lavouras, impedindo, em algumas localidades, a entrada de máquinas. A desuniformidade na maturação dos cultivos tem se mantido presente, o que tem feito os produtores adotarem o uso de dessecantes em pré-colheita para auxiliar na operação.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em Alegrete, 30% das lavouras já estão colhidas, e as perdas estimadas se confirmam com aproximadamente 75% de redução com relação ao potencial produtivo inicial. Em Itacurubi, as perdas estimadas se aproximam dos 80%, sendo que, em torno de cinco mil hectares de lavouras que foram replantadas, o potencial produtivo encontra-se em patamar superior. Em Manoel Viana, produtores realizaram aplicações de fungicidas e inseticidas nas lavouras do tarde e áreas de safrinha. Nas irrigadas que estão sendo colhidas, a produtividade é de três mil quilos por hectare abaixo das expectativas devido ao efeito das altas temperaturas no início da fase reprodutiva. Em São Gabriel, a colheita atinge 20% da área cultivada com grandes perdas decorrentes do período de estiagem, que se somam aos descontos por avarias nos grãos e pela debulha, observada em algumas lavouras maduras que foram atingidas por fortes chuvas e a queda de granizo.
A colheita ainda avança de forma lenta nos municípios da Campanha devido ao período marcado por chuvas, nebulosidade e baixas temperaturas. As produtividades ainda oscilam significativamente, com relatos de 600 quilos por hectare, nas lavouras mais afetadas pela estiagem, até mais de 1800 quilos por hectare em localidades com registros de melhores volumes de chuvas e com boa proporção de terras baixas. Todas as áreas com cultivares precoces implantadas entre o final de outubro e o final de novembro estão em fase de maturação ou já foram colhidas. Nas demais lavouras implantadas, durante novembro, com cultivares de ciclos médios e precoces, ocorre a fase final do enchimento dos grãos, e algumas plantas já mostram sinais de proximidade do final do ciclo, com tonalidade amarelada das folhas. O potencial produtivo dessas lavouras é bastante variado, mas elas devem superar as cultivares precoces e se beneficiar das chuvas registradas no período. As lavouras implantadas em dezembro apresentam bom potencial produtivo e devem melhorar a média de produtividade de muitos agricultores, sendo que as precipitações volumosas devem garantir umidade suficiente para a conclusão do ciclo sem maiores problemas. Em Hulha Negra, houve registro de granizo localizado e de forma rápida, que atingiu algumas lavouras em fase de colheita, causando pequenos prejuízo devido à debulha das vagens. Em Aceguá, a colheita já alcançou 15% da área plantada e, em Caçapava do Sul, chega a 20%, sendo os dois municípios mais adiantados.
Na de Caxias do Sul, a colheita avançou lentamente, porque os dias chuvosos interromperam seu andamento. Embora a operação tenha sido retomada na sexta-feira, foi novamente interrompida no domingo, quando houve o retorno da chuva em toda a região. Em muitas áreas que estão sendo colhidas, foi necessária a dessecação pré-colheita para uniformizar a maturação. Essa prática também se faz necessária para o controle das invasoras, que tiveram desenvolvimento favorecido pela falta de competição da soja que, por sua vez, teve crescimento reduzido e, dessa forma, não provocou a supressão das plantas invasoras.
Nas regionais de Erechim e Passo Fundo, 20% das áreas foram colhidas. As recentes chuvas favoreceram o desenvolvimento das lavouras tardias. Na de Erechim, as áreas colhidas aumentam levemente a produtividade conforme vão sendo colhidos, e a média atual é de 1.500 quilos por hectare. A previsão de chuvas, durante a semana, poderá causar perdas na soja já madura para colher.
Na de Frederico Westphalen, a colheita avança em ritmo lento em decorrência da heterogeneidade na maturação das lavouras, em especial nas áreas semeadas no final de outubro e no início de novembro. Já foram colhidas 29% das áreas. A estiagem e as altas temperaturas diminuíram o rendimento médio para 1.372 quilos por hectare, redução de 61% em relação ao inicial.
Na regional de Ijuí, a maioria das áreas estão em maturação, apresentando folhas com coloração amarela intensa e hastes esverdeadas. A colheita seguiu à medida que as plantas atingiram grau de maturação, o que possibilitou a trilha das vagens, embora a umidade dos grãos estivesse acima da ideal. Na sexta-feira (1/4), o produto colhido apresentou umidade entre 16 e 19%. A operação de colheita está sendo realizada com menor velocidade das colhedoras e com mais atenção por parte dos operadores para evitar perdas, pois a cultura apresenta porte baixo, estande de plantas desuniforme e inserção das primeiras vagens muito próximas da base das plantas. As produtividades obtidas situam-se entre 300 e 1.200 quilos por hectare. Observa-se o aumento de ervas daninhas que se estabeleceram após o retorno da umidade no solo e, por isso, possuem maior emergência de plantas devido à baixa cobertura vegetal proporcionada pela cultura da soja, causando transtornos na colheita.
Na de Pelotas,segue intenso o ritmo da colheita, que já alcança 13% da área cultivada. Destaca-se Arroio do Padre, que está com 40% das lavouras colhidas, seguida por São Lourenço do Sul, com 25%. As chuvas paralisaram a colheita momentaneamente, mas os produtores devem retomar assim que as lavouras tiveram condições de trafegabilidade das máquinas. A produtividade e produção total se confirmaram com os resultados das colheitas nas lavouras, em especial das cultivares de soja precoces. Os rendimentos são inferiores a 1.800 quilos por hectare, conforme expectativas dos produtores para essas lavouras, que foram as áreas que mais sofreram com a falta de umidade no solo. Demais lavouras estão com 57% em fase de formação de grãos; 2%, em florescimento; e 28%, em maturação. Seguem as solicitações por perícias de Proagro e seguro agrícola junto aos agentes financeiros.
Na de Porto Alegre, se, por um lado, a colheita avança lentamente, chegando a 8% da área, por outro, as chuvas restabelecem a umidade do solo e auxiliam na manutenção do vigor e do desenvolvimento vegetativos, de modo a não reduzir tanto seu potencial produtivo. Estima-se uma perda em torno de 5% frente ao total das áreas. É um momento importante para controle com aplicações preventivas para doenças fúngicas devido às condições do ambiente com alta umidade, conjugada com elevação das temperaturas.
Na de Santa Maria, as fortes chuvas não irão recuperar as perdas que já estavam consolidadas, mas trará benefício para as lavouras plantadas mais tarde. A perda estimada é de 60% em relação ao rendimento esperado de 3.180 quilos por hectare. A colheita já alcança 35% da área total. Produtores têm enfrentado problemas de desuniformidade na colheita. Em muitos casos, é necessária a dessecação das plantas para realizar o corte por conta de haver tanto plantas que secaram devido à estiagem no campo quanto plantas verdes, sendo que estas apresentam vagens secas e verdes, o que ocasiona ainda mais perdas pela má qualidade do produto obtido. Há a presença de grãos verdes e de muitas vagens que não debulham na trilha, acarretando dificuldade de entrega nas Cerealistas e/ou Cooperativas, além de descontos elevados nas cargas para os produtores.
Na de Santa Rosa, a área colhida atingiu 30%, o maior avanço foi registrado no Corede Fronteira Noroeste. Já nas Missões, os agricultores tendem a utilizar variedades mais tardias e atrasar o período de semeadura. A evolução das lavouras tem se apresentado de uma forma distinta. Em alguns municípios, a colheita avança de forma mais efetiva, enquanto, em outros, ainda não ocorre significativamente. Em toda a região, a maturação desuniforme tem obrigado os agricultores a utilizar dessecantes. Nas áreas onde há alguma produção, a colheita está em andamento, mas a produção está muito aquém do esperado. As primeiras áreas atingiram média de 462 quilos por hectare, ou seja, uma perda de 84% em relação ao esperado de 3.294 quilos por hectare. Produtores intensificaram a dessecação de lavouras em pré-colheita para acelerar a maturação e possibilitar mais uniformidade. Com a recorrência das chuvas, a colheita das lavouras foi dificultada, já que o solo encharcado dificulta o trânsito de equipamentos. As máquinas estão prontas para a intensificação da colheita nos municípios, o que deve ocorrer no início da segunda quinzena de abril.
Na de Soledade, aumentou o ritmo de colheita da cultura, alcançando 13% da área. Aumentou também a produtividade média obtida em relação às primeiras áreas colhidas; a variação de produtividade entre lavouras continua na maior parte da região. A produtividade média é de 2.250 quilos por hectare. Em alguns municípios do Vale do Rio Pardo (Candelária, Vale do Sol, Vale Verde, Mato Leitão entre outros), onde há melhor distribuição de chuvas, as produtividades obtidas estão próximas da média normal estimada. Lavouras com semeadura tardia têm potencial para produtividades elevadas em relação à época de plantio, porém a ausência de frio é que vai determinar o desempenho dessas lavouras. Devido ao estresse hídrico durante o ciclo da cultura, muitas lavouras apresentam maturação desuniforme; nesses casos, é realizada a dessecação química para uniformizar a maturação e facilitar a colheita. O grão colhido tem se mostrado de boa qualidade, porém continuam com tamanho pequeno e com aspecto esverdeado
Programa Monitora Ferrugem RS
Com o avanço nos estádios de desenvolvimento do cultivo de soja identificou-se a presença de esporos da ferrugem asiática em todo o território gaúcho. Com relação a identificação de pontos com a doença em lavouras de soja no Rio Grande do Sul, são de nove neste momento, localizados nos municípios de Bagé, Capão do Leão, Pelotas, Camaquã, Palmares do Sul, Soledade, Santa Bárbara do Sul, Santa Rosa e Uruguaiana. Para identificação das condições climáticas favoráveis a ocorrência da ferrugem acesse:
http://www.emater.tche.br/site/monitora-ferrugem-rs/home#mapas.
Comercialização (saca de 60 quilos)
De acordo com o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, manteve-se a tendência de queda. A redução no preço médio da saca de soja foi de 7,89% em relação à semana anterior, passando de R$ 190,28 para R$ 175,09. O produto disponível em Cruz Alta também acompanhou a queda de preço, com redução de
2,31% em relação à semana anterior, sendo cotado a R$ 190,00/sc.
Fonte: Emater/RS-Ascar – Informativo Conjuntural nº 1705