Os pulgões que acometem a cultura do trigo podem causar danos tato diretos quanto indiretos, reduzindo a produtividade e qualidade dos grãos produzidos. Dos danos diretos, podemos destacar o enfraquecendo as plantas pela sucção de seiva e provocando morte de tecido foliar pela injeção de toxinas salivares, já os principais danos indiretos estão relacionados a transmitindo o Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada – o VNAC (Embrapa, 2005).
Felizmente segundo Salvadori & Pereira, os pulgões são facilmente controlados com inseticidas diluídos em água e aplicados via pulverização da parte aérea das plantas ou com inseticidas sistêmicos, em tratamento de sementes. Entretanto, o uso sucessivo de inseticidas pode resultar em um desequilíbrio de inimigos naturais do ambiente de cultivo, sendo assim, deve-se buscar alternativas que possibilitem a manutenção dos organismos benéficos a cultura do trigo, bem como inimigos naturais que atuam no controle biológico de pragas.
Dentre os principais agentes que atuam no controle biológico de pulgões, podemos destacar o Eriopis connexa, uma espécie de Coleoptero considerado um predador polífago e um dos principais inimigos naturais dos pulgões. Segundo Gassen (1988), um inseto de Eriopis connexa é capaz de consumir até 43 pulgões por dia, sendo assim um interessante agente do controle biológico.
Figura 1. Adultos e ovos de Eriopis connexa.

Uma alternativa para preservar esses inimigos naturais é o uso de inseticidas seletivos a eles. A Seletividade de alguns inseticidas registrados para a cultura do trigo sobre larvas e pupas de Eriopis connexa, foi avaliada por Bueno et al. (2017). Os autores avaliaram os inseticidas tiametoxam (Actara 250 WG); imidacloprido+beta-ciflutrina (Connect); diflubenzuron (Difluchen 240 SC) e etofenproxi (Safety).
Conforme resultados observados (figura 2), para a fase larval de E. connexa, os inseticidas tiametoxam, imidacloprido+beta-ciflutrina e etofenproxi são nocivos, já diflubenzurom é levemente nocivo. Para a fase de pupa os inseticidas tiametoxam, diflubenzurom e etofenproxi são inócuos, entretanto, imidacloprido+beta-ciflutrina é levemente nocivo (Beuno et al., 2017). Os autores ainda concluem que a fase de pupa é menos suscetível aos efeitos tóxicos dos inseticidas que a fase de larva.
Veja mais: Tomada de decisão no controle de pulgões em trigo
Figura 2. Toxicidade de inseticidas registrados para a cultura do trigo sobre A) larvas e B) pupas do predador Eriopis connexa e respectivas classes da IOBC: 1= inócuo (<30%); 2= levemente nocivo (30%≤E><79%); 3= moderadamente nocivo (80%≤E≤99%) e 4= nocivo (>99%).

Confira o trabalho completo de Beuno e colaboradores (2017) clicando aqui!
Referências:
BUENO, F. A. et al. SELETIVIDADE DE INSETICIDAS REGISTRADOS PARA A CULTURA DO TRIGO SOBRE LARVAS E PUPAS DE Eriopis connexa. XXVI Congresso de iniciação Científica, 2017. Disponível em: < http://cti.ufpel.edu.br/siepe/arquivos/2017/CA_03426.pdf >, acesso em: 09/03/2022.
EMBRAPA. O PRODUTOR DEVE FICAR ATENTO AO CONTROLE DOS PULGÕES DO TRIGO. Embrapa Notícias, 2005. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17982667/o-produtor-deve-ficar-atento-ao-controle-dos-pulgoes-do-trigo- >, acesso em: 09/03/2022.
GASSEN, D. N. CONTROLE BIOLÓGICO DE PULGÕES DO TRIGO. Embrapa, Documentos, 1988. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/120542/1/FL-04248.pdf >, acesso em: 09/03/2022.
SAVADORI, J. R.; PEREIRA, P. R. V. S. MANEJO DE PULGÕES. Agência de Informação Embrapa Trigo. Disponível em: < https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia35/AG01/arvore/AG01_118_259200616454.html#:~:text=Os%20pulg%C3%B5es%20s%C3%A3o%20facilmente%20controlados,sist%C3%AAmicos%2C%20em%20tratamento%20de%20sementes. >, acesso em: 09/03/2022.
Foto de capa: Tomás Vecchi