As cotações do trigo, em Chicago, melhoraram um pouco nesta semana, com o fechamento da quinta-feira (08) ficando em US$ 6,26/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 6,10 uma semana antes. A média de maio ficou em US$ 6,19/bushel, contra US$ 6,66 em abril, o que representou um recuo de 7%. Para comparação, a média de maio do ano passado foi de US$ 11,40/bushel. Ou seja, em um ano o bushel de trigo perdeu US$ 5,21 de seu valor.Enquanto isso, o mercado esperava o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado nesta sexta-feira (09), e que será, por nós, comentado no próximo boletim.
Dito isso, o trigo de inverno, nos EUA, no dia 05/06, apontava 4% da área colhida, ficando dentro da média histórica. Quanto às condições das demais lavouras deste trigo, 36% estavam entre boas a excelentes, 30% regulares e 34% entre ruins a muito ruins. Já o trigo de primavera registrava 93% da área semeada, ficando dentro da média histórica para a data, enquanto as condições deste trigo apresentavam 64% das lavouras entre boas a excelentes, 34% regulares e apenas 2% ruins.
E na Rússia, as previsões de exportação de trigo foram elevadas, devendo alcançar, em 2023/24, o volume de 45,7 milhões de toneladas, com alta de 2,7 milhões sobre a estimativa anterior. (cf. Sovecon via Reuters)
Já na China, diante das enchentes ocorridas na principal província produtora de trigo daquele país (Henan), há forte possibilidade de uma parcela significativa deste trigo ser destinada para ração animal ou até mesmo abandonada. Como já alertamos no comentário passado, este quadro, que estaria comprometendo 1/3 da safra total de trigo da China, tende levar a um aumento das importações chinesas de trigo, podendo elevar os preços internacionais do cereal nos próximos meses.
Além disso, existe a preocupação de que o fenômeno El Niño possa reduzir a produção da Austrália, grande exportador mundial, ao mesmo tempo em que a Ucrânia não recupera seu potencial de produção e exportação devido a continuidade da guerra com a Rússia.
Por aqui, o plantio da nova safra de trigo avança, tanto no sul do Brasil quanto na Argentina. Neste país, 6,3% da área havia sido plantada até o final de maio, enquanto no Brasil a mesma atinge perto de 40% nestes primeiros dias de junho.
Por enquanto, os preços do trigo estacionaram nas principais regiões produtoras brasileiras. A média gaúcha fechou a semana em R$ 64,88/saco, enquanto no Paraná o produto foi negociado a R$ 66,00/saco. Um ano atrás, nesta época, o trigo gaúcho valia R$ 110,40/saco, enquanto no Paraná o mesmo oscilava entre R$ 106,00 e R$ 110,00/saco. Ou seja, no Rio Grande do Sul o preço do cereal, nos últimos 12 meses, recuou 41,2%, enquanto no Paraná o recuo médio foi de 38,9%.
Nas diferentes regiões gaúchas de produção, até o final da semana passada, o plantio do trigo variava entre 10% e 35% da área esperada, devendo o Estado manter a área do ano passado. (cf. Emater) Porém, não se descarta um leve recuo na mesma devido as condições de preços e a tendência climática que se desenha com a chegada do El Niño. Já no Paraná, até o dia 05/06, o plantio atingia a 75% da área esperada, sendo que 95% das lavouras semeadas apresentavam boas condições e apenas 5% se encontravam em situação média. (cf. Deral)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).