O setor do algodão acompanha com atenção o anúncio feito por Donald Trump sobre o aumento das tarifas para a importação de produtos brasileiros. Embora o mercado norte-americano não seja destino da pluma de algodão brasileira, a medida gera apreensão quanto aos possíveis desdobramentos econômicos e comerciais em toda a cadeia têxtil nacional. Brasil e Estados Unidos já brigaram por conta do produto: em 2002, os dois países iniciaram um enorme embate comercial, que ficou conhecida como “Guerra do Algodão”.

Em entrevista ao Jornal da CBN, com Mílton Jung Cássia Godoy, o Diretor-Executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, fala sobre o assunto.

De acordo com a Abrapa, o mercado global do algodão é altamente sensível a fatores climáticos, econômicos e políticos. A associação de produtores entende que, nesse cenário, qualquer mudança no fluxo de comércio internacional tende a provocar repercussões amplas e complexas.

A indústria têxtil brasileira é o mercado mais importante para o algodão nacional, segundo a associação, e os Estados Unidos estão entre os maiores clientes dessa indústria, o que indica que os efeitos das novas tarifas poderão alterar dinâmicas da cadeia produtiva do algodão no Brasil.

A Abrapa pediu regras de mercado claras, estáveis e justas, e com a defesa dos interesses dos produtores brasileiros de algodão. Também recomendou que o governo brasileiro busque as vias da diplomacia para ampliar o diálogo institucional, revertendo as recentes medidas do governo dos Estados Unidos e mitigando impactos adversos ao setor produtivo brasileiro.

O Diretor-Executivo Marcio Portocarrero explica que o tarifaço não traz um efeito direto para o algodao brasileiro, já que o Brasil não exporta a fibra como matéria-prima natural para os Estados Unidos. Nesse aspecto, os dois países são concorrentes: hoje o Brasil é o maior exportador mundial e os Estados Unidos é o segundo. No entanto, isso não significa que não haverá consequências.”O impacto pode vir pela indústria têxtil brasileira, que é o sétimo maior player industrial do mundo e o grande produtor de matéria-prima acabada (cama, mesa e banho, jeans, malhas) e os Estados Unidos representam 4% das exportações de produtos industrializados têxteis do Brasil para lá. Isso pode sofrer um impacto natural.”

Marcio Portocarrero destaca a importância dos mercados asiáticos e as mudanças que podem ocorrer com redirecionamentos entre blocos e parceiros comerciais, já que o Brasil exporta o algodão para a Ásia.”O mundo está se reposicionando, os blocos estão se encontrando para discutir soluções e acho que isso aí vai ser resolvido e fortalecer muito mais outros grandes blocos econômicos como a União Europeia em relação com o Brasil, como a Ásia se reorganizando e tirando muito da dependência que tem hoje com o mercado americano e a gente deve sobreviver, mas o impacto imediato é muito grande e o susto é maior ainda porque o que nós sabemos fazer é produzir matéria-prima.”

Portocarrero afirma que os produtores estão com a safra sendo colhida e que o processo deve ser finalizado dentro de 40 dias. O algodão já está todo negociado, sendo embarcado imediatamente no porto.”O maior destino do nosso algodão é a Ásia e o mercado brasileiro que consome 730 mil toneladas por ano da nossa produção, que é significativo esse volume. É aqui que está a nossa maior preocupação, se houver uma queda brusca de demanda por produtos têxteis, a gente pode ter problema aqui nas vendas para o mercado interno brasileiro. Até agora não recebemos nenhuma notícia de clientes nossos de rompimento de contrato, está tudo correndo normalmente.”

Fonte: Abrapa



 

FONTE

Autor:ABRAPA

Site: Abrapa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.