A semana de 10 a 16/01 foi marcada por dias extremamente quentes, secos e de alta radiação solar em todo o Estado. As condições climáticas agravaram as dificuldades no desenvolvimento dos cultivos. Em algumas lavouras, há morte de plantas ainda na fase inicial do cultivo. A situação foi atenuada pela presença de precipitações de volumes variados.
Os cultivos avançam no ciclo, com 30% em floração e sete por cento em enchimento de grãos.
Na regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, é observada a morte de plantas nas lavouras de soja na Fronteira Oeste. O quadro de estiagem é intensificado pela sequência de dias com temperaturas acima dos 40°C, com ventos fortes. Em Alegrete, os prejuízos estimados já estão em 20%, com forte tendência de aumento considerando que a
fase reprodutiva inicia em muitas lavouras. Em São Gabriel, município com a segunda maior área regional de soja, aumentou consideravelmente o uso de cultivares precoces nos cultivos, os quais já se encontram entre as fases de floração e de enchimento dos grãos, sofrendo perdas estimadas de 30%.
Em toda a região se observam sintomas de ataque de ácaros, sendo recomendada a aplicação de inseticidas específicos para combatê-los e reduzir o estresse que causam na cultura. Em São Borja, estão sendo identificados ataques de tripes, insetos encontrados com maior frequência em períodos predominantemente secos e quentes.
Aplicações de herbicidas são realizadas no início da manhã e no final da tarde nas lavouras com infestações mais significativas. Nas demais áreas, produtores aguardam melhores condições de umidade para realizar pulverizações. O clima seco até o momento reflete em
muito baixa incidência de doenças nas lavouras de soja. Na Campanha, alguns produtores ainda aguardam a ocorrência de chuvas para conclusão dos trabalhos de plantio e replantio das lavouras com falhas expressivas de estande.
Aumenta a perda de folhas do terço inferior, especialmente nas áreas com preparo de solo convencional nas quais a temperatura da superfície do solo é significativamente superior em comparação à temperatura do solo nas lavouras com adequada cobertura de palha.
O interesse por irrigação está crescendo, especialmente entre os produtores que exploram lavouras próximas de barragens que anteriormente eram utilizadas para a cultura do arroz e que na atualidade se encontram ociosas devido à redução na área cultivada com o cereal. A irrigação por sulcos e com carretel surge como alternativa frente ao tradicional sistema de pivô central, especialmente se considerada a condição predominante de áreas arrendadas para o plantio de soja. O manejo das áreas irrigadas também deve ser otimizado devido às condições climáticas adversas, com adoção de turnos mais curtos e aplicação de água sempre à noite ou até as primeiras horas da manhã.
Na de Caxias do Sul, os cultivos estão em diversos estágios de desenvolvimento: os que foram semeados mais no cedo estão em floração, com ocorrência de aborto floral devido ao tempo seco e ao calor intenso; já os implantados mais tarde ainda estão em desenvolvimento vegetativo, fase em que as plantas sentem menos o estresse hídrico, razão pela qual ainda há condições de recuperação. Já são registradas perdas.
Na de Erechim, dos 234.300 hectares implantados, 60% estão em estado vegetativo e 40% em floração e início de formação de vagem. Há perdas já consolidadas de em torno de
20% do rendimento previsto de 3.740 quilos por hectare. As chuvas amenizaram a estagnação do desenvolvimento da planta, mas as plantas não estão com o tamanho normal para a época.
Entre os produtores, a maioria iniciou o primeiro tratamento fitossanitário. Na de Frederico Westphalen, a perspectiva é de que sejam cultivados 424.030 hectares, dos quais 23 mil ainda não foram implantados (safra e safrinha). Os cultivos se encontram nas seguintes fases: 40% em germinação e desenvolvimento vegetativo; 52% em floração e 8% em enchimento de grãos. Em geral, as lavouras apresentam baixa estatura, quebra significativa de potencial produtivo e um quadro irreversível de prejuízos.
A expectativa inicial de rendimento de 3.540 quilos por hectare é atualmente de 2.196 quilos por hectare, redução de 38%. O quadro segue se agravando, e muitos produtores já procuram os agentes financeiros para informações sobre a cobertura de Proagro. Nas localidades que receberam chuvas, produtores realizam a aplicação de fungicidas e outros produtos para o ataque de pragas.
Na de Ijuí, a semeadura foi retomada após as chuvas. O avanço chega a 99% do total previsto de 965.016 hectares. Também foi possível realizar o replantio das áreas que estavam com estande de plantas muito baixo. O percentual de lavouras em fase vegetativa ainda é bastante expressivo, aproximadamente 65%, devido ao ritmo lento do desenvolvimento das plantas e ao atraso na semeadura pela baixa umidade. Muitas áreas estão com desenvolvimento desuniforme devido à não homogeneidade na germinação.
É possível observar diferentes estádios fenológicos, com plantas já na fase reprodutiva e outras no desenvolvimento vegetativo. Cultivares precoces semeadas em outubro se encontram em floração, com plantas de baixa estatura. As chuvas melhoraram as condições de umidade do ar e do solo e favoreceram o controle de pragas e de plantas espontâneas.
As condições ambientais favoreceram o aumento da população de lagartas, sendo necessário o controle. Também se verifica elevada presença de ácaros e tripes. Agricultores são orientados à realização de controle apenas com inseticidas, deixando os fungicidas para aplicação futura quando forem constatadas fontes de inóculo.
Com as altas temperaturas do período, ventos fortes e baixa umidade do ar, a situação da cultura foi bastante agravada na regional de Pelotas, especialmente onde as precipitações vinham sendo baixas, como em Herval, Arroio Grande, Rio Grande, Pedras Altas e Pinheiro Machado. A produção das lavouras implantadas mais cedo, em período de floração e enchimento de vagens, foi bastante prejudicada; nas tardias, o efeito da falta de umidade nos solos é constatado no menor desenvolvimento das plantas, o que ocasionará uma redução de produção no futuro, caso não ocorram precipitações mais significativas e/ou mais frequentes.
Nas lavouras dos municípios mais ao Norte, como Canguçu, São Lourenço do Sul, Turuçu, Pelotas e Arroio do Padre, o estado é muito bom, sem estimativa de perdas. A cultura se encontra entre as fases de floração e desenvolvimento vegetativo, com uma pequena parcela em enchimento de grãos.
Na regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, o desenvolvimento da cultura se mantém lento em função da irregularidade das chuvas. As lavouras mais afetadas são as que se encontram em fase de florescimento e emissão das primeiras estruturas de vagem. O abortamento floral tem sido recorrente em função do forte calor. Há uma expectativa positiva para a germinação nas áreas replantadas a partir das chuvas ocorridas em 15 e 16/01 e da perspectiva de mais chuva na sequência. No Centro-Sul, há ocorrência de ferrugem asiática, e na Metropolitana, há presença de lagartas.
Na de Santa Rosa, a área plantada atingiu 97% dos 730 mil hectares previstos para a safra 2021-2022. A área restante deverá ser plantada como soja safrinha, quando forem restabelecidas as condições de umidade no solo. Das lavouras, 57% estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 37% em floração e 6% em enchimento dos grãos.
A produtividade foi recalculada em relação à estimada de 3.345 quilos por hectare, devido à severa estiagem, e o rendimento projetado é de 1.185 quilos por hectare. Em geral, as lavouras semeadas em outubro e na primeira quinzena de novembro tiveram boa germinação, formando bom estande de plantas. Mas com a estiagem, as plantas não se desenvolveram adequadamente e já estão em floração e enchimento de grãos, com porte muito baixo que compromete a produtividade. Tal condição tem causado queda das flores por deficiência de polinização e falta de água. Nas lavouras onde inicia a formação das vagens, há dificuldade de mantê-las.
Já nas semeadas a partir da segunda quinzena de novembro, cujas condições de umidade no solo não foram boas, é baixo o crescimento a população de plantas, com áreas apresentando menor potencial produtivo e maior percentual de perdas. Em diversos municípios, os agricultores encaminham solicitações de vistoria das lavouras para cobertura
do Proagro.
Na de Soledade, Santa Maria e Passo Fundo, o cenário é diverso por conta das chuvas, ainda que a distribuição tenha sido irregular. Na de Soledade, em muitas lavouras localizadas em áreas com melhores acumulados de chuva, o crescimento e o desenvolvimento são próximos do normal; em outras, semeadas em meados de novembro, o problema são as falhas de plantas devido à semeadura realizada em solo com baixo teor de umidade.
Para a implantação destas últimas, muitos agricultores apostaram nos prognósticos de chuva, que não se confirmaram nos volumes anunciados; em muitas delas, já foram realizados replantios. Nas áreas que receberam chuvas fracas, o crescimento e o desenvolvimento estão paralisados nos cultivos implantados com variedades superprecoces. Nessas áreas as perdas são maiores devido à queda de flores, vagens e da menor carga devido à baixa estatura de plantas.
Na regional de Santa Maria, a falta de chuva e os solos sem umidade adequada provocaram a paralisação do plantio final da safra de soja 2021-2022. Da área prevista de 1.021.500 hectares, atualmente 96% foram implantados, totalizando 985.105 hectares. As
lavouras encontram-se em desenvolvimento vegetativo (40%), floração (40%) e enchimento de grãos (20%). As perdas estimadas estão em 30%, dado que a maior parte das lavouras já entraram em floração e enchimento de grãos, fases críticas ao déficit hídrico e ao estresse térmico nas últimas duas semanas. Na de Passo Fundo, as semeaduras realizadas atingem 98% da área.
Os cultivos estão 100% em desenvolvimento vegetativo e bastante prejudicados pela estiagem, com perdas estimadas em 20%.
Programa Monitora Ferrugem RS
A ocorrência de esporos de ferrugem asiática da soja, fungo Phakopsora pachyrhizi, no período de 03 a 10/01/22 foi relatada nos municípios das regiões Norte e Noroeste do Estado. No entanto, somente a variável, presença dos esporos, não é suficiente para o embasamento a tomada de decisão, é necessário a análise das condições climáticas e a interação do patógeno com o hospedeiro. As condições climáticas ideais são temperaturas entre 18 e 26°C, umidade relativa do ar acima de 90% e molhamento foliar superior a 10 horas diárias. Estas informações aliadas a outras práticas de manejo da cultura da soja servem de subsídio na tomada de decisão dos agricultores.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, o preço médio da saca de soja apresentou variação positiva de 0,28% em relação ao da semana anterior, passando de R$ 174,71 para R$ 175,20. O valor de comercialização em Cruz Alta para produto disponível é de R$ 186,00.
Fonte: Emater/RS