A cultura evoluiu no seu ciclo, e algumas áreas começaram a ser colhidas em regiões mais a noroeste do Estado, mas não são significativas. Estão em maturação 6% das áreas; 63% estão em enchimento de grãos; 23%, em floração; e 8% em germinação e desenvolvimento vegetativo.
Seguem intensos os tratamentos fitossanitários e, em algumas regiões, há relatos de fitotoxicidade de fungicidas em consequência das aplicações realizadas em momentos de
temperaturas elevadas e de plantas com estresse hídrico. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, a ocorrência de chuvas esparsas e de baixos volumes beneficiou algumas poucas localidades. As lavouras de implantação mais tardia não apresentam entrelinhas plenamente fechadas e, com isso, sofrem maiores perdas de umidade pela incidência direta da radiação solar e do vento sobre o solo.
De maneira geral, os produtores estão preocupados com o crescimento limitado das plantas nessas condições e investem em aplicação de fertilizantes foliares para minimizar o estresse e estimular o ganho de porte. As lavouras de outubro, novembro e dezembro apresentam coloração verde mais intenso e estão em melhores condições devido ao porte mais alto, que proporciona sombreamento do solo, preservando, de forma mais eficiente, a umidade.
Porém, conforme a textura do solo, profundidade e acumulado pluviométrico, durante as últimas semanas, ocorrem perdas de folhas, flores e vagens. Em Candiota, os produtores relatam que há possibilidade de quebra de 15% na safra em relação à produtividade inicialmente estimada para a cultura, em razão da falta de chuvas bem distribuídas e volumosas.
Em função do reduzido volume de chuvas, continua baixa a pressão de ferrugem-asiática nas lavouras. Em Dom Pedrito, a maioria das localidades enfrenta situação de déficit hídrico, e as perdas estão estimadas em 10%. Os produtores estão intensificando o uso da irrigação nos sistemas de pivô central, carretel e sulco-camalhão, apesar de a disponibilidade de água nas barragens ser suficiente para atender à demanda da cultura.
Em Uruguaiana e Barra do Quaraí, lavouras com irrigação apresentam excelente potencial produtivo, porém, nas áreas de sequeiro, observamse perdas devido à redução dos níveis de umidade do solo, que está causando abortamento de flores. Em Maçambará, Manoel Viana, Alegrete e Santana do Livramento, há lavouras em fase de maturação, que foram implantadas em outubro com cultivares precoces, as quais, em geral, deverão chegar ao final do ciclo alguns dias antes do previsto em virtude da menor frequência de chuvas nas últimas semanas.
Em São Gabriel, em função da desuniformidade na distribuição das chuvas, algumas cultivares estão apresentando porte e desenvolvimento de ciclo diferentes. A tendência é que, por mais uma safra, os materiais precoces sejam mais prejudicados pelos períodos de estiagem, comprovando o risco elevado de sua utilização nas áreas não irrigadas. As lavouras replantadas em geral apresentam bom potencial.
Na de Caxias do Sul, as lavouras continuam se desenvolvendo satisfatoriamente. Aproximadamente 70% da área está em enchimento de grãos, 25% em floração, e o restante ainda em desenvolvimento vegetativo. Algumas áreas semeadas mais no cedo estão entrando em fase de maturação. A expectativa de rendimento da safra segue elevada com média de 3.740 kg/ha. Há grande incidência de ferrugem, principalmente nas lavouras semeadas no tarde – após o trigo – nos Campos de Cima da Serra.
Na de Erechim, as chuvas periódicas beneficiaram a cultura, que tem boa carga de vagem. A safra deverá ser normal. Os preços preocupam os agricultores. Na de Passo Fundo, 5% das lavouras estão em fase de floração, e 95% em formação de vagem. Na de Frederico Westphalen, as lavouras estão principalmente em fase de formação de grãos (74%), e 6% entraram em maturação. O retorno de precipitações expressivas proporcionou ótimo desenvolvimento da cultura, que retomou melhores expectativas de produtividades, chegando a 3.700 kg/ha, um acréscimo de 6%.
A atenção do produtor está voltada ao manejo da ferrugem-asiática, que tem encontrado condições ambientais propícias, além da grande pressão de esporos nas áreas e do alto índice de área foliar, que tem gerado certas dificuldades no manejo dos cultivos. Têm-se observado, com bastante frequência e intensidade, situações de fitotoxidade relacionadas a aplicações de fungicidas, principalmente referente a erros no posicionamento dos produtos e à tecnologia de aplicação.
Na de Ijuí, aproximadamente 77% das lavouras estão em estádio de formação e enchimento de grãos com bom potencial produtivo. Houve aumento acentuado da pressão de ferrugem da soja em todas as lavouras da região. Há alta severidade nos trifólios inferiores e presença de lesões visíveis no terço médio das plantas. Sintomas de fitotoxicidade de fungicidas estão presentes, em algumas lavouras, em consequência das aplicações realizadas, quando as temperaturas estavam elevadas e as plantas com estresse hídrico.
Os sintomas são mais visíveis nas lavouras onde foram usados produtos de grupo químico com características curativas. A grande demanda por fungicidas de ação multissítio provocou o desabastecimento dos produtos com princípios ativos mancozebe e morfolina.
Avaliações das lavouras realizadas pelos técnicos da Emater/RS-Ascar apontam para uma ótima safra, apesar das condições climáticas pouco favoráveis durante o ciclo de desenvolvimento das plantas. A cultura foi beneficiada pelo retorno das precipitações, que estancaram os sintomas de déficit hídrico, além de proporcionar o retorno completo da turgescência das plantas e a interrupção do amarelecimento e da queda das folhas.
Na de Pelotas, em muitas lavouras, o solo ainda apresenta bons teores de umidade, e as plantas já cobrem completamente a superfície do solo, auxiliando na diminuição da evaporação da água armazenada. Muitas áreas apresentam boas expectativas de produtividades. Contudo, as lavouras implantadas em dezembro e janeiro não conseguiram estabelecer o estande ideal de plantas, o que resultará em redução da produtividade final.
As plantas seguem em pleno enchimento de grãos. As lavouras estão predominantemente na fase de floração (42%). Algumas áreas que tiveram problemas de germinação e de emergência das plantas pelo excesso de umidade foram replantadas; porém, parte apresenta problemas de estande de plantas ideal, limitando seu potencial de produtividade.
Na de Santa Maria, a maior parte das lavouras está em enchimento de grãos (57%). A colheita se iniciou em lavouras plantadas no cedo no Vale do Jaguari. De maneira geral, as lavouras estão em boas condições fitossanitárias, mas os produtores precisam estar alertas em relação à pressão de doenças fúngicas, principalmente de ferrugem, que é alta. As condições de umidade e de calor têm sido muito favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos. Em localidades onde não choveu o suficiente em janeiro e fevereiro e onde ocorreram altas temperaturas, o potencial produtivo está prejudicado.
Na de Santa Rosa, as chuvas de fevereiro foram importantes para a melhoria significativa do aspecto visual das lavouras. Nos locais onde o solo é raso e onde choveu pouco, não houve a reversão do quadro das plantas, provocando sua morte e perdas de rendimento no entorno de algumas áreas pontuais. Os trabalhos de controle de invasoras foram adequados, e seguem os tratamentos para evitar a ocorrência/disseminação de doenças, especialmente ferrugem-asiática.
Por se tratar de um ano chuvoso e por já ter sido identificada a presença de esporos do fungo de ferrugem-asiática ainda em dezembro, os cuidados referentes à doença são mais intensos.
Foi observada a redução da população de lagarta nas lavouras, após o controle das populações anteriormente instaladas. Durante os monitoramentos de rotina nas áreas de soja, não foram observadas populações significativas de percevejo, mas os produtores recorrem a aplicações de inseticidas preventivamente. As lavouras apresentam sanidade boa, apesar do aumento da umidade do ambiente nas últimas semanas. A infestação de ferrugem ainda é pequena na região em função da condição de seca em janeiro.
Porém, observou-se a recorrência do complexo de manchas foliares e, em algumas lavouras, identificou-se a presença de fungo do gênero Macrophomina em função do estresse hídrico. A queda de produtividade média não foi tão intensa, pois a maior parte das lavouras iniciaram a fase de desenvolvimento reprodutivo quando as chuvas retornaram. Em relação às fases, 6% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 23% em floração, 66% em enchimento de grãos e 4% maduros.
Algumas lavouras que foram implantadas precocemente, em especial as próximas ao Rio Uruguai, foram colhidas – menos de 1% –, e a produtividade está em torno de 3.900 kg/ha. Na de Soledade, o quadro geral é de recuperação após o período de escassez hídrica. Os fatores climáticos foram favoráveis à cultura no período. Apesar dos picos elevados de temperatura em alguns dias, não houve impactos aos cultivos. A maior parte da área cultivada está na fase reprodutiva. A ocorrência de chuvas regulares, nesta época, é crucial para garantir bons patamares produtivos. São intensificados os tratamentos para o controle de ferrugem- asiática, além de outras doenças, como míldio e oídio, mas de menor severidade.
Por ocasião dos tratamentos fúngicos, são misturados inseticidas para o controle de percevejo, além de ácaro, lagarta e tripes, que apresentam ocorrência pontual.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu novamente em 1,59%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 110,34 para R$ 108,59.
Fonte: EMATER/RS