A semeadura da soja se aproxima e uma das principais dúvidas é quanto à escolha da cultivar. A busca pelo aumento da produtividade da soja torna cada vez mais comum o investimento em sementes de qualidade que possam elevar os patamares da produção.

A vasta opção de cultivares que apresentam genética de ponta e podem expressar alto potencial produtivo torna o processo de escolha da cultivar um tanto quanto difícil, tendo em vista a grande variedade de material disponível no mercado e o alto nível tecnológico empregado, tornando as cultivares cada vez mais competitivas.

Características como o GMR da cultivar, ciclo, resistência a patógenos e pragas, potencial produtivo, hábito de crescimento entre outras, devem ser observadas com atenção visando a escolha do material adequado para cada lavoura.

Veja também: O que é GMR?

O sistema de cultivo, assim como a rotação de culturas empregada, também deve ser levado em consideração na escolha da cultivar, visto que o ciclo da mesma pode influenciar no cultivo das demais culturas do sistema. Para isso, saber o ciclo estimado da cultivar pode auxiliar no posicionamento dos cultivos, contudo cabe destacar que embora cultivares de mesmo GMR possam apresentar mesmo ciclo, esse pode variar de acordo com a região de cultivo, época de semeadura e genótipo da cultivar.

Tabela 1. Estimativa da duração do ciclo de desenvolvimento, em dias, dos diferentes GMRs quando semeados em épocas de semeaduras distintas (Ciclo estimado para o dia 5 de cada mês).

Fonte: Bexaira et al. (2018).

Contudo, é fundamental entender que em virtude das diferenças climáticas e ambientais, nem sempre uma cultivar que apresenta elevada produtividade em dada área de produção pode apresentar a mesma produtividade em uma área distinta. Conforme destacado por Alencar Zanon, Professor da Universidade Federal de Santa Maria, a heterogeneidade do ambiente de cultivo é um dos fatores determinantes na escolha da cultivar, “é preciso conhecer a lavoura”.

Nas palavras de Alencar, é preciso saber se sua lavoura esta mais para “lavoura filé ou lavoura carne de pescoço”. Os termos fazem referência a área de cultivo, visto que cultivares podem diferir quanto a adaptabilidade e estabilidade.

Logo, a escolha da cultivar irá depender do ambiente de cultivo, a heterogeneidade de solo, fertilidade entre outros aspectos. Lavouras “carne de pescoço”, as quais apresentam maior heterogeneidade da área de cultivo, tais como manchas de areia, manchas de fertilidade, pedras entre outras características, necessitam de cultivares de maior estabilidade produtiva, possibilitando boas produtividades mesmo em condições adversas de cultivo, “não vai ser a campeã em produtividade mas não vai te deixar quebrar”.

Já para lavouras “filé”, o mais indicado é o emprego de cultivares com maior adaptabilidade produtiva, ou seja, apresentam elevado teto produtivo e em boas condições de manejo, clima e ambiente irão apresentar elevada produtividade de grãos e/ou sementes.



Para tanto, a inversão de papeis, colocando cultivares de alta adaptabilidade em áreas “carne de pescoço”, assim como cultivares de alta estabilidade em áreas “filé” não irá resultar em boas produtividades tendo em vista as exigências o potencial produtivo das cultivares e ambientes.

Embora mais critérios devam ser levados em consideração, a estabilidade e adaptabilidades são fundamentais para embasar o posicionamento de cultivares, podendo ser indicada mais de uma cultivar para a mesma lavoura, de acordo com as características da área.

Confira o vídeo abaixo com as dicas do professor Alencar Zanon.


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Referências:

BEXAIRA, K. P. et al. GRUPO DE MATURIDADE RELATIVA: VARIAÇÃO NO CICLO DE DESENVOLVIMENTO DA SOJA EM FUNÇÃO DA ÉPOCA DE SEMEADURA.  Anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja. Goiânia, 2018.

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