Conhecida popularmente como trapoeraba, a Commelina benghalensis é uma planta daninha que tem se destacado nas últimas safras, apresentando grande participação em áreas agrícolas. Essa planta daninha apresenta uma característica fisiológica que dificulta seu controle eficiente e contribui para a sobrevivência das populações.

As plantas apresentam estruturas reprodutivas alocadas em subsuperfície do solo, conhecidas como sementes subterrâneas, em que, flores modificadas nos rizomas, resultam na formação de sementes por partenocarpia, com capacidade para germinar abaixo da superfície do solo, contribuindo para a persistência e dispersão dessa planta daninhas em áreas de cultivo.

Figura 1. Sistema radicular da trapoeraba com sementes subterrâneas.
Fonte: Lavoura 10.

Essa característica, contribui para o aumento dos fluxos de emergência da trapoeraba em meio as culturas agrícolas, nos diferentes estádios do desenvolvimento delas. Com isso, tem sido comum observar áreas infestadas de trapoeraba ao final de culturas como milho e/ou soja safrinha, prejudicando o estabelecimento da cultura sucessora (figura 2).

Os danos variam em função da população infestante e estádio em que competem com a cultura, entretanto, resultados de pesquisas realizadas pelo Supra Pesquisas demonstram que as perdas de produtividade podem variar de 20% a 90% dependendo do grau de infestação.


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Além disso, a  Commelina benghalensis apresenta grande capacidade de rebrote, o que confere maior estabilidade e sobrevivência de populações dessa planta daninha, mesmo após corte por atividades como a colheita das culturas comerciais. Embora ainda não haja relatos de casos de resistência dessa planta daninha a herbicidas (Heap, 2024), é conhecido que algumas populações de Commelina benghalensis apresentam tolerância ao herbicida glifosato (Carvalho et al., 2009), o que torna mais difícil seu controle em pós-emergência em culturas RR.

Em ambientes em que a trapoeraba esta estabelecida no final do ciclo das culturas, após a colheita, deve-se realizar o manejo proativo dessa planta daninha, atuando no controle com plantas ainda pequenas após o rebrote (no máximo 4 folhas), dando preferencia por usar associações entre herbicidas e não moléculas isoladas.

Figura 2. Populações de trapoeraba em meio a cultura do milho safrinha.
Fonte: @albrecth_alfredo

Além de possibilita o controle mais efetivo da trapoeraba, associações entre diferentes moléculas de herbicidas contribuem para o manejo da resistência dessa planta daninha a herbicidas. Não menos importante, para possibilitar o estabelecimento da cultura no limpo, herbicidas pré-emergentes podem ser empregados para o controle da trapoeraba no estabelecimento inicial das culturas agrícolas em áreas infestadas.

Vale lembrar que, por apresentar estruturas reprodutivas subterrâneas, o controle efetivo da trapoeraba é complexo, sendo possível observar diversos fluxos de emergência dessa planta daninha, mesmo após um controle pós-emergente eficiente. Com isso, deve-se intensificar o monitoramento das áreas agrícolas, e otimizar o programa de herbicidas, dando preferencia pela associação entre princípios ativos e o emprego de herbicidas pré-emergentes.


Veja mais: Controle do milho tiguera reflete no manejo da cigarrinha e enfezamentos do milho



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Referências:

CARVALHO, L. B. et al. EFEITOS DA DESSECAÇÃO COM GLYPHOSATE E CHLORIMURON-ETHYL NA COMUNIDADE INFESTANTE E NA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 27, p. 1025-1034, 2009. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/GTmRFD5WMLmJwgXmgFfWQkS/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 25/06/2024.

HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2022. Disponível em: < https://www.weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 25/06/2024.

 

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