As cotações do trigo, em Chicago, dispararam nesta semana, com o bushel voltando a superar os US$ 9,00. O fechamento da quinta-feira (22) ficou em US$ 9,10/bushel, contra US$ 8,45 uma semana antes. O valor deste dia 22 não era alcançado desde o final de junho passado.

 

Na prática, o mercado mostra preocupação com o abastecimento mundial do produto, pois a redução da produção de milho nos EUA pode exigir maior consumo de trigo, em substituição. Além disso, a ameaça do presidente da Rússia, em usar a força nuclear sobre a Ucrânia, azedou fortemente o ambiente internacional das commodities. A Ucrânia ameaça interromper as negociações com os russos, o que atingiria o acordo comercial feito recentemente pelos dois países, pelo qual a Ucrânia está podendo exportar seus cereais, trigo em especial, pelos portos do Mar Negro. Soma-se a isso as perdas, pelo clima seco, na Europa Ocidental e o quadro de tensão se consolidou novamente sobre o trigo. Enfim, segundo analistas internacionais (cf. StoneX) “Putin não tem interesse em ver a Ucrânia se beneficiar das grandes vendas de grãos em um momento em que as vendas de seu próprio país estão fracas após uma grande safra”.

Somente em julho e agosto, os embarques de trigo da Rússia caíram 22%, na comparação anual. Além disso, embora o plantio avance na Ucrânia, a nova safra local de trigo poderá ter uma redução de mais de 17% na área semeada, ficando em 3,8 milhões de hectares. Até o início da presente semana apenas 9% da mesma havia sido plantado naquele país em conflito. Lembrando que a Ucrânia colheu 19 milhões de toneladas de trigo neste ano, contra 32,2 milhões em 2021. A redução significativa se deve à guerra, pois muitas regiões de produção foram atingidas e/ou estão ocupadas pelas forças russas.

Já n os EUA, o plantio do trigo de inverno avançou p ara 21% da área esperada, até o dia 18/09, superando a média histórica que é de 17% para esta época do ano. Cerca de 2% desta área semeada já tem trigo emergido. Já a colheita do trigo de primavera chegava a 94% da área, na mesma data, ficando dentro da média histórica.

Na União Europeia, a produção do trigo macio foi reduzida para 125,6 milhões de toneladas neste ano, com perdas em torno de 2 milhões de toneladas sobre o ano anterior, devido à seca em diversos países produtores.

E aqui no Brasil os preço s do cereal voltaram a recuar. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 92,69/saco, com praças locais praticando R$ 91,00/saco. No Paraná o mercado trabalhou entre R$ 91,00 e R$ 95,00/saco.

Ainda no Paraná, no dia 19/09, a colheita de trigo atingi a a 28% da área semeada, sendo que 79% das lavouras a serem colhidas apresentavam boas condições naquela data. Outros 43% das lavouras estavam em fase de maturação. (cf. Deral)

Enfim, no Rio Grande do Sul, até o dia 15/09, em torno de 44% das lavouras de trigo estavam na fase de germinação ou desenvolvimento vegetativo; outros 42% em floração; e 14% na fase de enchimento de grãos. (cf. Emater)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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