Conforme a nova estimativa da Safra 2024, realizada pela Emater/RS-Ascar com dados da segunda quinzena de outubro, a área cultivada de trigo totaliza 1.322.167 hectares implantados, o que representa redução de 12,20% em relação a 1.505.807 hectares cultivados em 2023 (IBGE). A produtividade esperada no início do plantio era de 3.100 kg/ha, e a estimativa atual aponta para 3.116 kg/ha, mantendo-se muito próxima da projeção inicial. Em relação a produtividade da safra anterior, o aumento é de 77,9% (1.751 kg/ha). A estimativa de produção é de 4.120.035 toneladas do cereal, o que representa um pequeno aumento, de 1,26%, em relação a 4.068.852 toneladas estimadas no plantio, e 57,22% superior a 2.620.493 toneladas colhidas em 2023 (IBGE). https://www.emater.tche.br/site/infoagro/acompanhamento_safra.php
No período, a atividade de colheita foi intensa, praticamente sem interrupções, levando até a adoção de turnos diferenciados nas unidades armazenadoras para receber os grãos. A área colhida chega a 64% das lavouras.
Observa-se grande variação de produtividade entre as diferentes regiões do Estado. De modo geral, apresentam melhor potencial os cultivos no Alto Botucaraí, no Planalto e Campos de Cima da Serra. Porém, mesmo dentro da mesma região, há variações por uma combinação de fatores, como condições climáticas, cultivares, rotação de culturas, época de semeadura e tecnologia aplicada.
Se a produtividade está próxima à esperada em termos estaduais, o mesmo não ocorre em relação à qualidade, que foi afetada em uma parcela significativa de lavouras, gerando consequências na comercialização e nos resultados econômicos da safra.
Devido à oscilação no padrão dos grãos colhidos, parte dos produtores enfrentam dificuldades operacionais para a comercialização, uma vez que as cerealistas precisam segregar lotes de diferentes qualidades, além de haver, nos moinhos, rígidos parâmetros de peso hectolitro (PH), número de queda (falling number) e presença de micotoxinas (Deoxinivalenol). Os produtos muito abaixo das especificações (triguilho) são armazenados na propriedade para alimentação animal. No entanto, algumas cerealistas e cooperativas recebem esse trigo de menor qualidade, destinando-o como matéria-prima para as fábricas de ração.
Diante da frustração acerca da qualidade do produto colhido, parte dos produtores tem encaminhado solicitações de perícia para avaliação da produção, pois não conseguem cumprir as obrigações financeiras com as instituições bancárias.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em São Borja, 95% dos 30 mil hectares cultivados foram colhidos, e a produtividade média estimada está em 2.700 kg/ha. O PH dos grãos de modo geral nas áreas colhidas foi de 76 kg/hl, embora muitas lavouras apresentem grãos abaixo do padrão exigido. Em Manoel Viana, a produtividade está muito variável, entre 1.500 e 4.500 kg/ha, assim como o PH, que oscila de 71 a 82.
Em Maçambará, observa-se uma grande variação de acordo com a localização e o nível de investimento empregado; as médias de produtividade ficam entre 1.800 e 3.600 kg/ha, e o PH entre 65 e 82. Na Campanha, as lavouras foram beneficiadas pelo tempo ensolarado. Contudo, onde os volumes de chuva foram novamente mais elevados, as plantas apresentam estresse hídrico por excesso de umidade. Em decorrência do plantio mais tardio, os produtores seguem monitorando doenças e realizando aplicações de fungicidas. A colheita está prevista para iniciar a partir da segunda quinzena de novembro.
Na de Caxias do Sul, a colheita teve início nas lavouras de menor altitude e nas semeadas no início da janela de plantio, que representam menos de 1% da área da região. Esses cultivos apresentam rendimento abaixo do esperado devido aos danos causados pelo excesso de chuva, durante o estabelecimento inicial das plantas. As demais lavouras encontram-se nas fases de enchimento de grãos e maturação, ainda demonstrando bom potencial produtivo, apesar da incidência moderada de giberela nas espigas.
Na de Erechim, 50% foram colhidos, e 50% encontram-se maduros. A incidência de giberela e de manchas foliares comprometeu o potencial produtivo, e a média de produtividade estimada está em 3 mil kg/ha.
Na de Frederico Westphalen, 75% da área foi colhida, e 25% está em maturação. Apesar de, em algumas lavouras, terem sido registradas produtividades superiores a 4.200 kg/ha, a média das áreas colhidas é de cerca de 3 mil kg/ha. Porém, há tendência de queda à medida que a colheita avança, pois as áreas tardias apresentam menor potencial produtivo. Em termos de qualidade, cerca de 55% da produção colhida alcançou PH superior a 78.
Na de Ijuí, a colheita avançou rapidamente, abrangendo mais de 80% da área. O rendimento das lavouras apresenta tendência de queda, e a média de produtividade estimada está em aproximadamente 3 mil kg/ha. Em Santa Bárbara do Sul, as produtividades variaram entre 2.100 e 3.600 kg/ha, e o PH entre 75 e 76.
Na de Passo Fundo, 10% das lavouras estão em fase de enchimento de grãos, 40% em maturação fisiológica e 50% colhidos. O potencial produtivo se mantém em 3.500 kg/ha.
Na de Pelotas, 10% das áreas se encontram em florescimento; 70%, em enchimento de grãos; e 20%, em maturação ou prontos para a colheita. O aumento gradual e contínuo das horas de luz foi benéfico para o enchimento de grãos, para a sanidade das plantas e para acelerar a maturação das espigas. Até o momento, as plantas apresentam bom estado fitossanitário.
Na de Santa Maria, a produtividade das lavouras colhidas é de 2.968 kg/ha, pouco inferior à estimativa inicial. Em Tupanciretã, 80% foram colhidos; em Santiago, 60%. A qualidade de grãos está abaixo do esperado.
Na de Santa Rosa, a colheita foi praticamente concluída, chegando a 95% da área. Ainda restam 5% em maturação final. A produtividade média das lavouras na região registrou redução de cerca de 12% em relação à estimativa inicial de 3.295 kg/ha. O PH da produção variou consideravelmente, mas a maioria apresenta densidade de 76 kg/hl. Essa produtividade abaixo de 3.300 kg/ha, combinada à cotação do grão de PH médio 76, que é cerca de 10% inferior ao PH 78, não cobre os custos dos financiamentos contratados, levando muitos produtores a solicitar a cobertura do seguro agrícola ou do Proagro. Devido à sequência de seis safras frustradas e dos consequentes pedidos de cobertura do Proagro, há produtores que não conseguirão contratar o seguro para a próxima safra de verão. Entretanto, algumas lavouras apresentaram melhor desempenho, como em Independência, cuja produtividade variou entre 3.300 e 3.900 kg/ha, e o PH foi superior a 78.
Na de Soledade, a colheita avançou, atingindo cerca de 65% da área cultivada. As características de produção e de qualidade dos grãos variam, mas a maioria das lavouras apresentam produtividades entre 3.000 e 3.900 kg/ha, e PH entre 78 e 82. No entanto, várias lavouras com adequado manejo tecnológico superaram 4.200 kg/ha.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio para o PH 78, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 1,39%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 67,53 para R$ 68,47. O produto disponível foi cotado na Bolsa de Cereais de Cruz Alta em R$ 69,00/sc.
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Fonte: Emater RS