O presidente da Abracal, João Bellato Júnior, avalia que a alta de preços nos fertilizantes está aproximando o agricultor da aplicação do calcário. O mercado de adubos apresenta variação intensa de preços, bem como falta de produtos.

A estimativa é que o consumo de corretivos, como o calcário, cresça até 20% esse ano no Brasil.

A relação de algumas fórmulas do fertilizante indicava o custo do calcário em 10% do preço do adubo, como uma 04/14/08. Hoje, está perto de 2%, tendo em vista as elevações ocorridas por questões cambiais e até mesmo a escassez mundiais de componentes do adubo.

Na seção “Palavra do Presidente”, Bellato comenta ainda que mudanças climáticas no Brasil – como a estiagem no Sul e as chuvas irregulares no Sudeste – impactam o cenário para o agricultor.

O calcário ante o fertilizante: correção mais acessível

Ao longo de sua história, a Abracal defendeu, de forma institucional, a aplicação de corretivos nas áreas plantadas em todo o país. Nossas ações nunca se mostraram tão importantes como agora.

O elo da entidade nacional com os sindicatos estaduais da indústria sempre foca o desenvolvimento do agronegócio, e, por consequência, do Brasil. E uma fotografia dos dias atuais reforçará a imagem de que, quem focou na correção da acidez do solo em outras épocas, agora colhe melhores frutos ainda.

É claro que não podemos fugir dos desafios pontuais ou regionais. No Sul e parte da região central do Brasil, as poucas chuvas são uma ameaça. Em outras áreas, como no Sudeste, nos deparamos com uma irregularidade que assusta tanto diante da baixa precipitação como nos períodos de enchentes.

Uma rápida avaliação da relação de custo entre calagem e fertilizantes aponta que agricultores e autoridades precisam atentar para a questão. Historicamente, é sabido que a relação do corretivo com o fertilizante ficava na casa de 10% do valor de uma fórmula de adubo bastante simples – como uma 04/14/08.

Ou seja, o valor de aquisição de 10 toneladas de corretivo equivalia a uma tonelada de fertilizante.

Hoje, essa relação beira os 2%. Essa alteração ocorreu de forma bastante forte e rápida. Faz-se uma análise e, pouco tempo depois, os valores dos fertilizantes se mostram ainda mais altos, por motivos como a taxa cambial e os movimentos de importação – questões que desafiam não somente o Brasil, como vários países.

Houve ainda novos movimentos, como o do setor sucroalcooleiro de São Paulo, que recentemente saiu em busca de melhores taxas de arrendamento em áreas de estados vizinhos.

A intenção é usar esses espaços limítrofes para o plantio de cana voltada à produção de etanol, cuja política de preços via Petrobrás apresentou mudança ao longo dos últimos meses.

A reversão de linhas de ação inclui, em outras regiões do Brasil, a necessidade de ampliar o plantio utilizando áreas degradadas, notadamente pastagens – onde a calagem é uma das primeiras providências.

Esse cenário tornou o calcário muito mais acessível ao agricultor, quando comparado ao fertilizante. Ainda houve outro avanço, no aspecto técnico: em um solo devidamente corrigido, potencializa-se a função do fertilizante. Tornou-se mais fácil entender a mensagem que vale muito mais a pena investir em calagem para valorizar a adubação.

Em breve divulgaremos o consumo do ano passado, mas creio que houve um salto bem acima da nossa estimativa inicial. Ao mesmo tempo, acreditamos que 2022 terá uma alta perto de 20% no consumo de corretivos, mostrando que a tecnificação se faz necessária para a melhoria da produtividade agrícola no País.

Autor: João Bellato Júnior – Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal)

Fonte: Abracal.

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