Diversas doenças podem surgir ao longo do desenvolvimento da soja, dentre elas, com maior participação e presença, se destacam as doenças fúngicas, causadas por fitopatógenos, as quais podem causar significativas perdas de produtividade e qualidade dos grãos ou sementes produzidas.

Os fitopatógenos são classificados quanto às exigências nutricionais em biotróficos, hemibiotróficos e necrotróficos. Os danos causados às culturas pelos agentes necrotróficos são mais severos no sistema plantio direto sob monocultura. Em contrapartida, os danos causados por alguns parasitas biotróficos vêm aumentando devido ao aumento populacional de plantas voluntárias necessárias para sua sobrevivência (Reis et al., 2011). Ambos fitopatógenos possuem potencial em causar danos, no entanto, necessitam da implementação de diferentes estratégias de manejo.

Os fungos biotróficos, conforme destaca Forcelini (2010), são essencialmente parasitas obrigatórios e seu ciclo de vida ocorre sobre a planta viva. Na cultura da soja, este grupo inclui, principalmente os fungos Phakopsora pachyrhizi e Microsphaera difusa, causadores, respectivamente, da ferrugem-asiática e do oídio.

Figura 1. Ferrugem asiática e oídio, exemplos de doenças causadas por fungos biotróficos.

Fotos: Dirceu Neri Gassen e Carlos Alberto Forcelini (2011).

Por outro lado, os fungos necrotróficos apresentam uma fase parasitária sobre a planta hospedeira e outra saprófita sobre os restos culturais, sendo chamados de parasitas facultativos. Diversos fungos em soja têm essa característica, tais como Cercospora sojina (mancha olho-de-rã), Cercospora kikuchii (cercosporiose), Septoria glycines (mancha-parda), Colletotrichum truncatum (antracnose), Corynespora cassiicola (mancha-alvo), Sclerotinia sclerotiorum (mofo-branco), Phomopsis sojae (queima da haste e da vagem) e outros.

Figura 2. Doenças de final de ciclo, mancha-alvo, antracnose e mofo-branco, exemplos de doenças causadas por fungos necrotróficos.

Fotos: Dirceu Gassen (2011)

De acordo com Taiz et al. (2017), os patógenos necrotróficos atacam seus hospedeiros por meio da secreção de enzimas ou toxinas que degradam a parede celular. Esse processo resulta na morte das células vegetais afetadas, causando uma maceração extensa dos tecidos, caracterizada pelo amolecimento pós-morte devido à autólise. O tecido morto é posteriormente colonizado pelo patógeno, servindo como fonte de alimento.

Em contrapartida, os patógenos biotróficos adotam uma estratégia diferente, após a infecção, a maior parte do tecido vegetal permanece vivo, e apenas danos celulares mínimos são observados, uma vez que os patógenos se alimentam dos substratos fornecidos pelo hospedeiro.

Compreender o modo de sobrevivência e multiplicação do patógeno é importante para definir estratégias de manejo e controle das doenças. Ao se tratar do manejo de doenças causadas por fungos necrotróficos, é importante pensar em medidas preventivas. “ROTAÇÃO DE CULTURAS”

No caso de patógenos biotróficos, é essencial evitar o monocultivo, bem como a presença de hospedeiros alternativos (incluindo plantas daninhas), uma vez que a disponibilidade de tecido vivo, ao longo do ano permite a multiplicação do patógeno e a sua persistência na área de cultivo. Um exemplo é a permanência de soja voluntária (soja guaxa) nos períodos entressafra, o que contribui para a manutenção e persistência de fungos biotróficos como o da ferrugem-asiática da soja.

Já se tratando dos fungos necrotróficos, as principasi medidas de manejo constituem a destruição dos resíduos culturais, a rotação de culturas com planta não hospedeiras do fungo, o uso de cultivares resistentes e o tratamento de sementes não fungicidas específicos. Também é possível ajustar o arranjo de plantas e trabalhar com a nutrição vegetal, sendo que, plantas bem nutridas tendem a ter maior tolerância ao ataque de patógenos.

Figura 3. Esquema de manejo integrado de doenças causadas por fungos necrotróficos em soja.

Fonte: Forcelini (2010)

Veja mais: Míldio (Peronospora manshurica) em soja



Referências:

FORCELINI, C. A. DOENÇAS EM SOJA: ENTENDENDO AS DIFERENÇAS ENTRE BIOTRÓFICOS E NECROTRÓFICOS. Revista Plantio Direto, Doenças, 2010. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/120/3.pdf >, acesso em: 30/01/2024.

REIS, E. M. et al. CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS PELA ROTAÇÃO DE CULTURAS. Summa Phytopathologica, v. 37, n. 3, p. 85-91. Botucatu – SP, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/sp/a/rY6RwHSxThVb7krHRH8YWgM/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 30/01/2024.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Artmed, revisão técnica: Paulo Luiz de Oliveira, ed. 6. Porto Alegre – RS, 2017.

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