Objetivou-se realizar o zoneamento ecológico do pulgão preto com base em suas exigências térmicas para o estado do Piauí.

Autores: José E. Girão Filho1; Luiz E. M. Pádua2; Gilson L. F. Portela3; Paulo R. R. Silva2; Paulo H. S. Silva4

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização e inserção de informações dos autores

Introdução 

O feijão-caupi é uma cultura de importância socioeconômica para o Brasil e em particular para as regiões Norte e Nordeste, segundo a Conab (2017).

Um dos principais insetos associados a esta cultura é o pulgão preto, Aphis craccivora Koch., que além de causar danos diretos, pela sucção da seiva elaborada, promove danos indiretos pela transmissão de vírus às plantas, de forma não persistente, principalmente o CMV (Cucumber mosaic virus) e CABMV (Cucumber Aphid-Born Mosaic Virus), em infecções simples ou mistas (OLIVEIRAet al., 2011), podendo reduzir a produção em até 87%. Segundo Calore et al. (2013) o sucesso da implementação de um manejo integrado de pragas (MIP) é dependente de estudos básicos sobre dinâmica populacional dos insetos, sobretudo a identificação e a ação dos fatores que regulam o crescimento populacional de uma praga potencial, ressaltando-se a temperatura, que regula o crescimento, a sobrevivência e a fertilidade das populações de insetos (CIVIDANES; SOUZA, 2003).

Assim sendo, objetivou-se realizar o zoneamento ecológico do pulgão preto com base em suas exigências térmicas para o estado do Piauí.

Material e métodos

Foram estimadas as exigências térmicas de A. craccivora em condições controladas e em campo, segundo a metodologia de Haddad et al. (1999) e Cividanes (2000) objetivando determinar a temperatura base (Tb) e a constante térmica (K), as quais foram de 9,2 °C e 99,0 GD, respectivamente. Com essas informações estabeleceu-se o zoneamento ecológico de A. craccivora para o estado do Piauí tendo como referência suas isotermas e as exigências térmicas do pulgão preto.

Os graus dias acumulados até a constante térmica para cada isoterma foram registrados pela soma diária das temperaturas que ultrapassaram o limiar (treshold) térmico do pulgão. Calculados os GD acumulados ao longo ano para cada isoterma estimou-se o número de gerações de A. craccivora para todo o estado.

Resultados e discussão

O número de gerações anuais e o zoneamento ecológico de A. craccivora para o estado do Piauí, está representado na Figura I. Esta previsão do provável número de gerações de A. craccivora não teve por objetivo oferecer um resultado absoluto, pois a população do pulgão, em condições de campo, não é regulada exclusivamente pela temperatura, apesar desta ser um importante fator regulador da flutuação populacional do inseto.

Outros fatores podem afetar a evolução populacional da praga, tais como parasitoides, predadores e patógenos, presença de hospedeiros alternativos, entre outros que determinam a resistência ambiental. Portanto, todos estes aspectos deverão ser levados em consideração, para que se possa elaborar no modelo de controle, o momento de uma eventual intervenção com produtos químicos, visando evitar desequilíbrios com a destruição dos inimigos naturais.


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Os resultados obtidos nesta pesquisa, possibilitam prever e avaliar o crescimento populacional do pulgão preto, a fim de controlá-lo de uma maneira mais técnica e racional.

Figura 1– Número provável de gerações anuais A. craccivora com base nas suas necessidades térmicas para o estado do Piauí que possuem as mesmas isotérmicas anuais.

Conclusão 

O número de gerações de A. craccivora no estado do Piauí foi estimado na faixa de 58,3 a 65,6 gerações anuais. Todo o Estado do Piauí apresenta condições térmicas favoráveis ao crescimento rápido da população do pulgão preto do caupi.

Referências

CALORE, R. A.; GALLI, J. C.; PAZINI, W. C.; DUARTE, R. T.; GALLI, J. A. Fatores climáticos na dinâmica populacional de Anastrepha spp. (Diptera: Tephritidae) e de Scynmus spp. (Coleoptera: Coccinellidae) em um pomar experimental de goiaba Psidium guajava L. Revista brasileira de fruticultura, v. 35, n. 1, p. 67–74, 2013.

CIVIDANES, F. J.; SOUZA, V. P. Exigências Térmicas e Tabelas de Vida de Fertilidade de Myzus persicae (Sulzer) (Hemiptera: Aphididae) em Laboratório. Neotropical Entomology, v.32 n.3, p.413-419, 2003.

CIVIDANES, F. J. Uso de graus-dia em entomologia, com particular referência ao percevejo da soja. Funep, Jaboticabal-SP, 2000. 31p.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira; grãos. V. 5 – SAFRA 2017/18 – N. 3 – Terceiro levantamento, dezembro, 2017. Disponível em: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_12_12_17_59_52_dezembro.pdf Acesso em: 27 de dezembro de 2017.

HADDAD, M. L.; PARRA, J. R. P.; MORAES, R. C. B. Métodos para estimar os limites térmicos inferior e superior de desenvolvimento de insetos.

OLIVEIRA, C. R. R. Reação de genótipos de feijão-caupi às coinfecções pelo Cucumber mosaic virus, Cowpea aphid-borne mosaic virus e Cowpea severe mosaic vírus. 89p. Dissertação, Mestrado em genética e melhoramento. UFPI, Teresina, 2011.

Informações dos autores   

1Faculdade IESM, 65631-430, Timon-Maranhão, Brasil;

2Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal do Piauí, 64049-550, Teresina-PI, Brasil;

3Campus José de Freitas, Instituto Federal do Piauí, 64110-000, José de Freitas-PI, Brasi;

4Centro de Pesquisa Agropecuária do Meio-Norte, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 64008-780-Teresina, PI, Brasil.

Disponível em: Anais do XXVII Congresso Brasileiro de Entomologia,  2018. Gramado, RS.

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