O controle de plantas daninhas é indispensável para reduzir a matocompetição que pode causar drásticas reduções da produtividade de culturas como a soja. Dentre as plantas daninhas de maior importância agrícola e econômica, podemos destacar a (Conyza spp.), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e o caruru (Amaranthus spp.).
Resultados de pesquisa indicam que em densidades populacionais de 1 planta.m-2, buva e capim-amargoso pode causar redução de produtividade de respectivamente 14% e 21% em soja (Supra Pesquisa), enquanto a mesma densidade populacional de Amaranthus palmeri pode causar perdas produtivas de até 32% (Klingaman & Oliver, 1994).
Veja mais: MISSÃO CARURU – Episódio 12 – Matocompetição
Tendo em vista os danos decorrentes da matocompetição, o controle de plantas daninhas é indispensável para a obtenção de altas produtividades de soja, sendo a dessecação em pré-semeadura, uma das principais práticas de manejo visando o controle dessas plantas. A estratégia visa o estabelecimento da lavoura “no limpo”, livre da competição com plantas daninhas, beneficiando o desenvolvimento inicial da soja.
Segundo Mário Bianchi, no que diz respeito a dessecação do caruru, não há grandes diferenças em comparação a dessecação da buva, sendo que grande parte das opções disponíveis para dessecação do caruru são as mesmas utilizadas para dessecação da buva. Contudo, deve-se atentar especialmente para o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas, uma vez que plantas em estádio inicial de desenvolvimento são mais facilmente controladas.
Figura 1. Plantas de caruru em estádio indicado para dessecação.
Além do estádio de desenvolvimento das plantas no momento de dessecação, deve-se atentar para a presença de populações com resistência conhecida a herbicidas, especialmente se tratando do glifosato. Segundo Heap (2021), atualmente existem relatos de populações resistentes de Amaranthus hybridus e Amaranthus palmeri ao glifosato no Brasil, identificados nas culturas da soja, algodão e milho (quadro 1).
Quadro 1. Casos de resistência conhecidos de espécies de caruru a diferentes mecanismos de ação de herbicidas e herbicidas em diferentes culturas agrícolas no Brasil.
No que diz respeito a dessecação de espécies com capacidade em formar touceiras como capim-amargoso e o capim-rabo-de-burro (Andropogon bicornis L. e Schizachyrium microstachyum (Desv. ex Ham.) Roseng.), Bianchi destaca que são necessárias práticas complementares a dessecação para um controle eficiente dessas daninhas.
Por possuir uma grande quantidade de reservas, essas plantas rebrotam facilmente após corte ou dessecação ineficiente, possibilitando a sobrevivência da daninha, sendo assim, a dessecação em pré-semeadura pode são surtir o efeito desejado, especialmente em plantas mais desenvolvidas.
Uma alternativa para manejo dessas espécies é a dessecação no rebrote após a colheita e/ou no rebrote após roçada, proporcionando assim, melhor eficiência de controle dessas daninhas. Medidas que podem implicar em maior custo de produção e/ou manejos, entretanto, são essenciais para um controle eficiente de plantas daninhas, especialmente em áreas infestadas.
Confira abaixo mais um episódio do MISSÃO CARURU com as dicas e contribuições de Mário Bianchi.
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Referências:
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2021. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 17/09/2021.
KLINGAMAN, E. T.; OLIVER, L. R. Palmer Amaranth (Amaranthus palmeri) Interferência na soja (Glycine max). Weed Science, vol. 42, n. 4, 1994. Disponível em: < https://www.jstor.org/stable/4045448?seq=1 >, acesso em: 17/09/2021.
SANTOS, M. S. PERDAS POR MATOCOMPETIÇÃO EM SOJA: O CASO DA BUVA E DO AMARGOSO. Mais Soja, 2020. Disponível em: < https://maissoja.com.br/perdas-por-matocompeticao-em-soja-o-caso-da-buva-e-do-amargoso/ >, acesso em: 17/09/2021.
