As cotações do trigo, em Chicago, subiram bem durante a semana, se consolidando em patamar superior aos US$ 8,00/bushel. O fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 8,45, contra US$ 8,10/bushel uma semana antes.
O relatório do USDA, divulgado no dia 12/09, trouxe poucas novidades a este mercado, porém, alimentou as altas. O mesmo apresentou o seguinte para a safra 2022/23:
1) A produção dos EUA foi mantida em 48,5 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais locais permaneceram em 16,6 milhões;
2) A produção mundial de trigo foi aumentada para 783,9 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais subiram para 268,6 milhões de toneladas, ganhando 1,3 milhão sobre o projetado em agosto;
3) A produção da Argentina ficaria em 19 milhões de toneladas e a do Brasil em 8,7 milhões;
4) As exportações argentinas de trigo somariam 13 milhões de toneladas, enquanto as importações brasileiras do cereal chegariam a 6,4 milhões;
5) A Ucrânia, apesar da guerra, ainda conseguirá produzir 20,5 milhões de toneladas, contra 33 milhões no ano anterior; 6) O preço médio do bushel de trigo, ao produtor dos EUA, ficará em US$ 9,00.
Dito isso, a colheita do trigo de primavera, nos EUA, atingia a 85% da área, contra 89% na média histórica, até o dia 11/09. Já o plantio da nova safra do trigo de inverno chegava, na mesma data, a 10% da área esperada, contra 7% na média histórica.
E no Brasil os preços continuaram em recuo nesta semana, na medida em que a colheita avança no Paraná. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 94,25/saco, enquanto no Paraná os preços recuaram para valores entre R$ 90,00 e R$ 95,00/saco. Neste ritmo, logo mais os preços deverão estar abaixo de R$ 90,00/saco.
Por outro lado, consultoria privada aponta que a área total de trigo, no país, pode chegar a 3,16 milhões de hectares, com as produtividades médias alcançando 2.980 quilos/hectare no Paraná, 3.300 quilos em Santa Catarina, 3.100 quilos no Rio Grande do Sul, 2.400 quilos no Mato Grosso do Sul e 3.800 quilos/hectare em Goiás. Consta que, apesar das últimas geadas no sul do país, a maior parte das lavouras não teria sido comprometida, porém, tal avaliação requer muita cautela. Além disso, aqui no Rio Grande do Sul, há previsão de novas geadas para o final de setembro, o que seria, dependendo da intensidade, um desastre para as lavouras de trigo. Pelo sim ou pelo não, por enquanto, o setor privado estima uma produção de 9,67 milhões de toneladas de trigo no Brasil (cf. Stone X).
Nota-se que o volume é um pouco superior ao que a Conab projeta, e bem superior ao estimado pelo USDA, em seu relatório do dia 12/09.
Por sua vez, a colheita de trigo no Paraná atingiu a 19% da área total semeada neste início de semana (cf. Deral), enquanto no Rio Grande do Sul 5% das lavouras, no dia 08/09, estavam na fase de enchimento de grãos (cf. Emater). Em não havendo frustrações importantes, estes dois Estados deverão responder por 85% da produção nacional de trigo nesta safra.
Vale destacar que o excesso de chuvas, nos últimos dias no Paraná, comprometeu a qualidade das lavouras em algumas regiões daquele Estado. Este é mais um fator a ser considerado nas projeções de colheita. Por enquanto, 78% das lavouras locais estariam em boas condições (cf. Deral).
E no Rio Grande do Sul, onde o plantio foi atrasado neste ano (o que permitiu escapar de maiores prejuízos com as últimas geadas), ainda se tem, aproximadamente, 45 dias de atenção ao clima para se considerar que a safra esteja à salvo de problemas climáticos. Após o plantio da maior área de trigo desde 1980, o Estado gaúcho espera escapar das intempéries neste ano, algo que tem sido difícil na sua história tritícola, infelizmente.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).