Boro (B)

O boro (B) é o único micronutriente disponível em uma ampla faixa de pH, como uma molécula neutra, embora seja encontrado na forma aniônica apenas em alcalinos. A matéria orgânica é uma importante fonte de B junto com alguns minerais. Devido a mobilidade do B no solo, ocorrem perdas por lixiviação. Altas concentrações de Ca aumentam a deficiência de B, assim como a acidez do solo. A deficiência de B afeta a polinização ao impedir o crescimento do tubo polínico, reduz o crescimento das raízes e forma legumes menores. Os sintomas de deficiência, quando presentes, aparecem severamente nas folhas mais jovens, apresentando coloração pálida com sinais de crescimento foliar restringido e posterior enrugamento. O índice de colheita do B é 41%, em que 42% é absorvido até R1 (Figura 1).

Figura 1. Marcha de absorção e redistribuição de Boro em soja. Dados de lavoura de 6,6 ton ha-1. Fonte: Equipe FieldCrops

Cobre (Cu)

O cobre (Cu) tem reduzida disponibilidade em áreas com excesso de calagem e baixos teores de matéria orgânica. A absorção de Cu pode ser inibida por altas concentrações de P, Zn, Fe e Mn. Seu déficit na planta causa redução na nodulação, menor síntese de proteínas e diminuição na atividade fotossintética, o que reduz o crescimento da planta. Os sintomas de deficiências se iniciam nas folhas novas apresentando cor verde-acinzentada ou verde-azulada nas margens das folhas em direção à base. Aproximadamente 50% do Cu é absorvido após R5, de modo que, no final do ciclo atinge as maiores taxas de absorção, sendo a haste a partição que mais contribui para a remobilização do Cu (Figura 2).

Figura 2. Marcha de absorção e redistribuição de Cobre em soja. Dados de uma lavoura de 6,6 ton ha-1. Fonte: Equipe FieldCrops

Ferro (Fe)

O Ferro (Fe) é um ativador enzimático. De modo geral, a concentração na solução do solo é baixa em muitos solos no Brasil, principalmente naqueles com pH>5. Sua disponibilidade é afetada pela presença de Mn. As plantas utilizam mecanismos para mobilizar o Fe e torná-lo disponível para absorção. O elemento é encontrado como íon férrico (Fe3+) e precisa ser reduzido a íon ferroso (Fe2+). As plantas deficientes apresentam um crescimento reduzido, hastes finas, poucos legumes e menor enchimento de grãos. Os sintomas começam como uma clorose internerval amarelo-pálido em folhas mais jovens. Sob condições prolongadas de deficiência, as folhas cloróticas amarelas pálidas tornam-se amarelo escuro. O Fe tem um índice de colheita de 35%, e apresenta dois picos de absorção, entre V4 e R1 e entre R5 e R7 (Figura 3), com a absorção de mais de 43% da demanda acumulada até R1.

Figura 3. Marcha de absorção e redistribuição de Ferro em soja. Dados de uma lavoura de 6,6 ton ha-1. Fonte: Equipe FieldCrops

 

Molibdênio (Mo)

Sua absorção pode ser reduzida pela presença de íons sulfato. A deficiência de Mo no solo poderá reduzir a síntese da enzima nitrogenase, com consequente diminuição da FBN e, portanto, redução da produtividade. Além disso, quando ocorre baixa disponibilidade de molibdênio no solo, este é redistribuído das folhas para os nódulos, aumentando a deficiência na planta (Salisbury & Ross, 1991). Os sintomas de desordens nutricionais, em plantas cultivadas em solos deficientes (ácidos e com baixa matéria orgânica), caracterizam-se por plantas amareladas e folhas jovens retorcidas, com manchas necróticas nas margens dos folíolos (Sfredo et al., 2010). Durante a floração, frutificação e o início do enchimento dos grãos, o Mo é absorvido em altas taxas, sendo absorvido 50% da demanda até R5 (Figura 4).

Figura 4. Marcha de absorção e redistribuição de Molibdênio em soja. Dados de uma lavoura de 6,6 ton ha-1. Fonte: Equipe FieldCrops

 

Manganês (Mn)

A presença de Mg e de outros cátions na solução afeta a disponibilidade de Mn, além da elevação do pH do solo. Na fotossíntese, a deficiência de Mn perturba seriamente a cadeia de transporte de elétrons, na reação ativada pela luz. Os sintomas aparecem facilmente na cultura deficiente, porque a soja é sensível à deficiência de Mn. As plantas deficientes parecem pequenas e o caule fica curto e fino. A deficiência de Mn afeta principalmente a ramificação, o número de legumes e o número de sementes por legume. O limbo foliar e a nervura ficam na cor pálida a branca se desenvolvendo em folhas mais jovens, enquanto a nervura permanece proeminentemente verde. O Mn é um nutriente que é absorvido em aproximadamente 90% da sua demanda até R5, apresentando índice de colheita baixo (18%), sendo que as folhas têm a maior contribuição na remobilização do Mn (Figura 5).

Figura 5. Marcha de absorção e redistribuição de Manganês em soja. Dados de uma lavoura de 6,6 ton ha-1. Fonte: Equipe FieldCrops

Zinco (Zn)

Sua disponibilidade é comprometida pela alta concentração de P e em áreas com calagem em excesso, matéria orgânica elevada e solos arenosos. Sua deficiência afeta a organização das folhas e o alongamento dos entre nós. A deficiência leve apresenta faixas brancas a amareladas ou estrias de tecidos branqueados em cada lado da nervura central, começando na base da folha. A margem das nervuras e as margens das folhas permanecem verdes. O Zn é absorvido em altas taxas no início da floração (R1), aproximadamente 50% e até o enchimento do grão (R5), a planta absorve 71% da sua demanda. Possui alto índice de colheita (59%) e uma remobilização para os grãos de aproximadamente de 30% (Figura 6).

Figura 6. Marcha de absorção e redistribuição de Zinco em soja. Dados de uma lavoura de 6,6 ton ha-1. Fonte: Equipe FieldCrops

Assim, ao compreender os padrões de absorção e as necessidades específicas de micronutrientes em diferentes estágios de crescimento, é possível implementar estratégias de manejo mais eficazes para garantir uma nutrição equilibrada das plantas de soja. Compreender e otimizar a marcha de absorção de micronutrientes na soja é essencial para impulsionar a produtividade, a rentabilidade e a sustentabilidade da agricultura.

Referências Bibliográficas

ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / EDUARDO LAGO TAGLIAPIETRA… [ET AL.]. 2. ED. SANTA MARIA: [S. N.], 2022

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