É consenso que a compactação do solo afeta negativamente a produtividade da soja, exercendo influencia direta e indireta sobre componentes de produtividade, além de limitar a absorção de água e nutrientes pelas plantas. A compactação física do solo é a forma mais comum e estudada de impedimento físico do solo ao crescimento das raízes das plantas.
Diversas culturas podem ser afetadas pela compactação do solo, tendo a redução da produtividade como principal consequência. Um estudo realizado por Savioli et al. (2021) demonstra que, dependendo do nível de compactação do solo, perdas significativas da produtividade podem ser observadas em soja, principalmente em função da redução de componentes de produtividade como massa de grãos, número de grãos por legume e número de grãos por planta.
Compactação do solo e o estresse hídrico
Segundo Savioli et al. (2021), as raízes de soja são os órgãos mais afetados pela compactação física do solo. O aumento da densidade do solo implica na redução da massa, comprimento e volume de raízes, prejudicando a absorção de água a nutrientes da solução do solo.
Figura 1.Vista das raízes de acordo com os tratamentos T1, T2, T3, T4 e T5, representando respectivamente(da direita para esquerda)as densidades 1,1; 1,2; 1,3; 1,4 e 1,5g cm-3.
Estudos científicos demonstram que sob condições sem deficiência hídrica, a produtividade da soja é pouco limitada pela compactação do solo (aumento da densidade do solo). Entretanto, isso, sob condições de déficit hídrico moderado e intenso, perdas significativas da produtividade podem ser observadas em soja. Debiasi; Franchini; Gonçalves (2008) destacam que os efeitos da compactação do solo sobre a produtividade da soja são mais evidentes sob condições de estresse hídrico, seja por excesso ou déficit.
Figura 2. Produtividade da soja em resposta a diferentes densidades do solo na camada de 0,008 – 0,16 m, medida em diferentes safras.
Em suma, a compactação do solo restringe a camada explorada pelo sistema radicular no perfil do solo, limitando o acesso a água e nutrientes nas diferentes camadas do solo. Entretanto, não quer dizer que solos com elevada porosidade são ideais para obtenção de boas produtividades.
Há um nível ótimo de compactação do solo, visto que, solos muito “soltos”, com elevada porosidade, apresentam dificuldade em reter água e apresentam uma menor condutividade hidráulica, ao mesmo tempo que não proporcionam bom contato raiz/solo, prejudicando a absorção não só de água, como também de nutrientes da solução do solo (Debiasi; Franchini; Gonçalves, 2008).
Contudo, fica evidente que em anos secos, solos compactados tendem a apresentar menos estabilidade produtiva, principalmente quando assolados por períodos de estiagem, o que pode resultar em significativas perdas de produtividade em culturas como a soja. Conforme observado por Savioli et al. (2021), a partir de 1,3g cm-3 de densidade, já é possível observar a restrição do crescimento radicular da soja e a redução da produtividade da cultura. Logo, monitorar as condições físicas do solo, bem como sua densidade, é fundamental para mitigar as perdas de produtividade, principalmente em anos secos.
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Referências:
DEBIAIS, H.; FRANCHINI, J. C.; GONÇALVES, S. L. MANEJO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SOJA SOB SEMEADURA DIRETA. Embrapa, Circular Técnica, n. 63, 2008. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/470946/manejo-da-compactacao-do-solo-em-sistemas-de-producao-de-soja-sob-semeadura-direta >, acesso em: 22/03/2024.
SAVIOLI, M. R. et al. COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA SOJA SOB DIFERENTES NÍVEIS DE COMPACTAÇÃO DO SOLO. Acta Uguazu, v. 10, n. 2, p. 1-12. Cascavel – PR, 2021. Disponível em: < https://e-revista.unioeste.br/index.php/actaiguazu/article/download/26312/17560/104262 >, acesso em: 22/03/2024.