Por Fernando Gregio – Embrapa Solos
A AgriZone , vitrine de inovação e sustentabilidade que a Embrapa mostra durante a COP30, em Belém (PA), a partir de 10 de novembro, apresentará três mapeamentos recém-lançados que podem auxiliar políticas públicas que buscam práticas sustentáveis de manejo de solo e água no meio rural, frente aos desafios das mudanças climáticas. O mapa de erodibilidade dos solos do Brasil, o mapa de exigência agrícola das terras do Brasil e os mapas de estoque de carbono orgânico do solo do estado do Rio de Janeiro foram elaborados sob liderança da Embrapa Solos (RJ).
O mapa de erodibilidade dos solos expressa a capacidade do terreno de resistir ao desgaste provocado pela água da chuva. A erosão hídrica é um dos principais fatores de degradação das terras em escala global, e estimar a sua ocorrência permite ao País, entre outras aplicações, apoiar a implementação de políticas públicas de controle do problema, com foco no desenvolvimento econômico sustentável no meio rural, por meio do fomento e da adoção de práticas de conservação de solo e água. O novo mapa está na escala 1:500.000, compatível para usos em nível estadual ou de grandes bacias hidrográficas.
O novo mapa de ganhos agrícolas das terras do Brasil , também na escala 1:500.000, desenvolvido em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ), com aporte financeiro do Ministério da Agricultura e Pecuária ( Mapa ), indica o potencial das terras para uso com lavouras, em três níveis de manejo, ou para usos menos intensivos, com pastagem plantada, silvicultura ou pastagem natural. O mapa pode subsidiar o direcionamento de políticas públicas relacionadas ao uso da terra e tomada de decisão, em escala regional, para conservação e sustentabilidade da atividade agrícola. A versão atual é apresentada como uma segunda próxima, ainda devendo passar por mais uma etapa de revisão e aprimoramento.
Já os mapas de estoque de carbono no solo do Rio de Janeiro são frutos de um acordo de cooperação técnica entre a Embrapa Solos, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro ( SEAS-RJ ) e o Instituto Estadual do Ambiente ( INEA ). O estudo gerado gerou mapeamentos em duas profundidades, 0-20 e 30-50 centímetros, na resolução espacial de 30 metros, o que equivale a aproximadamente uma escala de 1:100.000. Na primeira profundidade (0-20 cm), foram quantificadas cerca de 189 milhões de toneladas de carbono e, na segunda (30-50 cm), aproximadamente 119 milhões de toneladas. Esses dados subsidiam políticas públicas e inventários em larga escala, além de poderem fomentar o mercado de créditos de carbono no estado.
A parceria, cujo projeto foi aprovado pelo Climate Group , na chamada 2022 do Future Fund, também gerou a publicação digital “Uma visão panorâmica dos estoques de carbono nos solos do estado do Rio de Janeiro – um ativo ambiental estratégico”, que traz um conjunto de cenários que favorecem o sequestro de carbono pelo solo no estado do Rio de Janeiro, com recomendações de práticas de manejo do solo. O livro, que será lançado pela SEAS-RJ no início de novembro, também será apresentado na AgriZone durante a COP 30.
Sobre a AgriZone
Uma vitrine de tecnologias voltadas à produção de alimentos de baixo carbono, à adaptação às mudanças climáticas e à segurança alimentar global está instalada em uma área temática da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), distante apenas 1,8 milhas das áreas oficiais da COP30 – GreenZone e BlueZone. A AgriZone é um espaço interativo que evidencia como a ciência brasileira tem contribuído para um campo mais resiliente e inclusivo.
Conheça a programação completa
O espaço estará aberto ao público de 10 a 21 de novembro, das 10h às 18h, com entrada gratuita mediante inscrição on-line ou no local. A montagem das instalações está em execução e o credenciamento de imprensa já está disponível em https://ajaxsistemas.com.br/embrapa-cop30/inscricao/Imprensa
Sistemas Agrícolas Tradicionais
O pesquisador Wenceslau Teixeira, da Embrapa Solos, participará de uma apresentação sobre Sistemas Agrícolas Tradicionais no Brasil, no dia 18 de novembro, a partir das 16h40, no Auditório 2 da AgriZone.
O evento irá destacar resultados parciais do projeto “Registro dos Sistemas Agrícolas Tradicionais do Alto Juruá ( RSAT Alto Juruá )”, limitado por uma equipe multidisciplinar que reúne pesquisadores da Embrapa Acre (AC), Embrapa Amazônia Ocidental (AM), Embrapa Amazônia Oriental (PA), Embrapa Solos, Universidade Federal do Acre ( Ufac ) e Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Acre ( Ifac ). O projeto, que é coordenado pelo pesquisador da Embrapa Acre Amauri Siviero, está mapeando modos de cultivo de produtos em sistemas agrícolas tradicionais, entre eles os feijões do Vale do Juruá.
As ações do projeto RSAT Alto Juruá têm como base revelar aspectos como a segurança alimentar das comunidades ribeirinhas, sustentada pela diversidade de sistemas de cultivo tradicionais, que abrangem grande variedade de espécies agrícolas. Outra característica marcante dessas práticas culturais são as manifestações e festas regionais, como a farinhada e festivais de feijão, milho, banana e coco.
Agricultura, biodiversidade e serviços ecossistêmicos
A pesquisadora Rachel Bardy Prado comandará a roda de conversa “Como conciliar agricultura, biodiversidade e serviços ecossistêmicos?”, no dia 20 de novembro, a partir das 10h, no Auditório 3 da AgriZone. Participam especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia ( INPA/MCTI ), Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Cerrados (DF) e Universidade de Oxford .
O evento destacará o Relatório Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, lançado em 2024 pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos ( BPBES ) em parceria com a Embrapa e mais de 40 instituições. Os especialistas irão discutir os desafios da agricultura brasileira diante das mudanças climáticas, na busca por conciliar os três pilares “Agricultura”, “Biodiversidade” e “Serviços Ecossistêmicos”.
Serão apresentadas experiências exitosas e soluções já existentes, como práticas e tecnologias sustentáveis e limpas na agricultura; mecanismos de compensação econômica; inclusão socioprodutiva e governança nacional e subnacional. A necessidade de ganhos de escala e adaptação dessas tecnologias às diferentes realidades brasileiras nos biomas será um dos pontos altos do debate.
Outras tecnologias
A AgriZone também apresentará, virtualmente, as seguintes soluções tecnológicas da Embrapa Solos:
Barragem Subterrânea como opção de sustentabilidade de agroecossistemas para o Semiárido brasileiro.
Zoneamento de áreas potenciais para construção de barragens subterrâneas no estado de Alagoas ( ZonBarragem ).
SoloFlux – permeametro digital automatizado para medir a condutividade hidráulica e dinâmica da água no solo.
Fertmovel – Laboratório Móvel de Análise de Fertilidade de Solos.
Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade ( PAQLF ).
“O Fertmovel e o PAQLF, ao operarem conjuntamente, promovem o desenvolvimento sustentável ambiental e econômico, com o conhecimento da fertilidade do solo aliado à oportunidade de acesso ao crédito agrícola a partir da realização de análise de solo em laboratório certificado pelo Programa, que é uma exigência dos órgãos de financiamento para fornecimento do crédito rural”, explica Gizelle Bedendo, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Solos.
Fonte: SNA
Autor:Fernando Gregio-Embrapa Solos, disponível em SNA




