A produção agrícola está vulnerável a inúmeras variáveis climáticas e ambientais que podem comprometer e produtividade das culturas agrícolas. Desde o ataque de pragas, competição de plantas daninhas até as restrições hídricas, ou “déficits hídricos”.

Em especial, a restrição hídrica conforme FIOREZE et al. (2011) é o principal fator climático limitante responsável pela diminuição da produtividade de uma cultura agrícola. A necessidade hídrica de uma cultura pode ser mensura para cada estádio do desenvolvimento da cultura pela sua Evapotranspiração (ET). Para a soja, segundo BERLATO et a. (1986), a maior ET da cultura é observada nos períodos reprodutivos da planta e principalmente nos períodos de floração e enchimento de grãos.

Figura 1. Evapotranspiração da cultura da soja em diferentes estádios do seu desenvolvimento.

BERLATO et al. (1986).

Tendo em vista que o maior requerimento hídrico da cultura da soja é no período reprodutivo da planta, estiagens prolongadas nesse período podem interferir de forma significativa a produtividade da cultura, resultando em baixos rendimentos.

Uma alternativa para esses períodos seria o uso da irrigação, contudo a utilização de um sistema de irrigação demanda recursos para sua implantação e manutenção, além da disponibilidade de água e energia elétrica e a disponibilidade desses recursos não é uma realidade para muitas propriedades rurais, contudo é possível minimizar os danos causados pelas estiagens com outras práticas de manejo.

Uma das formas é a adoção do “seguro contra seca”, tema abordado pelo Prof. Dr. Thomas N. Martin da Universidade Federal de Santa Maria.

Conforma abordado pelo Dr. Thomas, o seguro contra seca não é necessariamente um seguro bancário, ou de agências seguradoras e afins, mas sim um conjunto de práticas que auxiliam o produtor a minimizar os danos causados pelos períodos de déficit hídrico e a economizar no sistema de produção, “o seguro é uma economia que se tem”.



Mas como práticas de manejo tornam-se uma segurança para a lavoura?

“Algumas ações revertem em dinheiro”, alternativas de manejo e condução da lavoura podem minimizar danos e trazer retorno econômico para o produtor, beneficiando o sistema produtivo.

Dentre as práticas estão:

  • Ciclagem de nutriente
  • Produção de palhada
  • Proteção do solo
  • Decomposição gradual da palhada
  • Produção de raízes e
  • Rotação e culturas.

Umas das principais formas de diminuir os custos de produção é por meio da ciclagem de nutrientes, uma vez que o uso de fertilizantes represente uma considerável parcelas nos custos de produção. HEINZ et al. (2011) avaliando a liberação de nutrientes pelo Nabo-forrageiro encontrou resultados que demonstram acúmulo de 235 kg.ha-1 de Potássio (K) pela cultura, dos quais 95,5 % já encontravam-se disponíveis para a cultura sucessora aos 45 dias após o manejo final do nabo. Além disso, acumulo de outros nutrientes como Fósforo, Magnésio, Cálcio e Enxofre também formam observados.

Com isso, há uma grande economia com a adubação da soja, o que tende a diminuir os riscos de prejuízo com a cultura, uma vez que diminui o custo de produção.

Outra alternativa é trabalhar com grandes volumes de palha para cobertura do solo. Além de proteger o solo de erosões, a palhada diminui a evaporação da água do solo. Com isso, a perda de água por evaporação é minimizada, proporcionando um maior tempo de permanência dessa água no solo para uso das plantas.

Além disso, a palhada serve como alimento para os organismos e microrganismos do solo, que além de atuarem na mineralização de nutrientes os quais são liberados lentamente pela palhada por meio da Decomposição gradual, também auxiliam na melhoria de atributos físicos do solo, por meio de galerias aumentando a infiltração de água no solo. Também é fundamental para diminuir riscos decorrentes de estiagens, proporcionar condições adequadas de solo para maximizar o crescimento e aprofundamento de raízes (figura 2) fazendo com que a planta consiga aumentar o volume de solo explorado e com isso ter maior disponibilidade de água, principalmente em camadas mais profundas do solo.

Figura 2. Sistema radicular bem desenvolvido de uma planta de soja sadia.


Veja também: Existe relação entre enxofre e nitrogênio?


Confira as dicas do Prof. Dr. Thomas.

https://www.facebook.com/maissoja/videos/2576115955960588/

Confira o curso Os 10 “S” da produtividade da soja, ministrado pelo Prof. Dr. Thomas.

Referências:

BERLATO, M.A.; MATZENAUER, R.; BERGAMASCHI, H. EVAPOTRANSPIRAÇÃO MÁXIMA DA SOJA E RELAÇÕES COM A EVAPOTRANSPIRAÇÃO CALCULADA PELA EQUAÇÃO DE PENMAN, EVAPORAÇÃO DO TANQUE “CLASSE A” E RADIAÇÃO SOLAR. Agronomia Sulriograndense, Porto Alegre, v.22, n.2, p.243-259, 1986

FIOREZE, S. L. et al. Comportamento de genótipos de soja submetidos a déficit hídrico intenso em casa de vegetação. Rev. Ceres, Viçosa, v. 58, n.3, p. 342-349, mai/jun, 2011.

HEINZ, R. et al. DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE NUTRIENTES DE RESÍDUOS CULTURAIS DE CRAMBE E NABO FORRAGEIRO. Ciência Rural, v.41, n.9, set, 2011.

Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.

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