As lagartas da espécie Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae), originárias das zonas tropical e subtropical das Américas, ocorrem em todo continente sul-americano (MIRANDA; MOREIRA; SIQUEIRA, 2010). Na cultura da soja, a espécie se alimenta inicialmente das folhas, e posteriormente passa a consumir também as vagens em fase inicial de formação (BARROS et al., 2010). Essa praga apresenta um desenvolvimento em quatro estágios, sendo que a fase de ovo dura de 2 a 3 dias, e o período de larval de 12 a 30 dias; esses períodos variam de acordo com a temperatura. A transformação em pupa ocorre no solo e pode variar de 20 a 50 dias, até emergir o adulto, que dá continuidade ao ciclo da praga (Figura 1).
Figura 1. Spodoptera frugiperda em milho.
Fonte: Promip. Confira a imagem original clicando aqui
As mariposas de S. frugiperda possuem um comportamento de permanecerem durante o dia sob as folhas de soja e próximas ao solo, tornando-se mais ativas em dias nublados ou durante a noite. Além disso, as lagartas então normalmente presentes na cultura a ser dessecada para o plantio da soja. Quando o alimento acaba no local onde a praga está presente, as lagartas podem migrar em bandos para locais próximos da lavoura em busca de outra fonte de alimento.
O controle de S. frugiperda inicia-se na dessecação da cultura utilizada como cobertura para o plantio direto da soja. Caso não haja lagartas na cobertura a ser dessecada, não há a necessidade de utilização de inseticida. Quando houver presença de lagartas na cultura de cobertura e a semeadura da soja estiver programada para cerca de duas a três semanas após a dessecação, é recomendado aplicar apenas o herbicida, pois na ausência de alimento as lagartas puparão ou morrerão.
Já no caso da semeadura ser realizada logo após a dessecação e havendo presença de lagartas na palha, é recomendada a utilização de um produto lagarticida na aplicação. Entretanto, devem-se priorizar produtos seletivos com pouco efeito sobre os inimigos naturais, como tiodicarbe, metomil, clorantraniliprole, flubendiamida, espinosade e os produtos fisiológicos. Ademais, caso seja feito o controle químico da S. frugiperda pós-emergência da cultura, é recomendado que seja feita aplicação durante a noite ou em dias nublados, quando a praga está mais exposta.
O controle biológico de S. frugiperda pode ser feito através da utilização do baculovírus em pulverização foliar. Ao ingerir as partículas virais, estas dissolvem-se no intestino da lagarta e se espalham para o resto do corpo, levando-a à morte. A interrupção do ciclo da praga ocorre em cerca de sete dias após a ingestão do tecido foliar contaminado. Ainda, uma lagarta de S. frugiperda contaminada com o baculovírus ingere apenas 7% do alimento que consumiria se estivesse sadia (Valicente & Cruz, 1991).
Parasitóides de ovos também são utilizados para o controle populacional da praga. Trichogramma spp., por exemplo, ocorre naturalmente no ambiente, mas tem sido afetado pelo elevado número de aplicações de inseticidas na cultura, demandando sua liberação massal nas lavouras para que exerça uma ação satisfatória de controle. Além da seletividade e ausência de efeitos adversos, há uma redução de custos entre 30 e 45% com o uso dos parasitoides (Jiménez, 2015).
Portanto, o manejo de S. frugiperda na cultura da soja vai desde a preservação dos inimigos naturais até a utilização de inseticidas químicos para o seu controle. No entanto, ressalta-se que a tomada de decisão para aplicação de inseticidas deve basear-se no nível de controle da praga, que segundo a Embrapa é de 10 lagartas por metro ou 10% de vagens atacadas.
Elaboração: Solange Andressa Figur, estudante do Curso de Agronomia na UFSM e membro do grupo Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Referencia bibliográficas
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