Por Ivan Ramos

É de conhecimento público que ninguém entra em um negócio para perder dinheiro. Pode-se correr riscos calculados, mas nunca entrar em uma atividade já sabendo que vai perder. Na agricultura, essa é uma meia verdade. O agricultor, mesmo praticando uma atividade de risco, sempre tem a esperança de que o próximo ano será melhor que o anterior. Mas ele também sabe que, devido à natureza da atividade, sujeita a imprevistos climáticos e de mercado, pode haver perdas. No entanto, isso não o impede de plantar. 

É comum que, em anos de safra frustrada por motivos climáticos ou de preços, haja um desestímulo inicial ao planejar o próximo plantio. Mas, como o agricultor é persistente, ele acaba retomando sua atividade, na expectativa de dias melhores. 

Atualmente, em Santa Catarina, está ocorrendo um certo desânimo para o plantio de milho. Os agricultores esperavam melhores preços, já que o clima não pode ser controlado. Após fazer as contas, perceberam que plantar milho, neste momento, não é vantajoso devido aos altos custos de produção. Além de não cobrir os custos, o milho exige muito mais recursos para formar uma lavoura, aumentando os riscos em caso de frustração da safra. Agricultores que não têm outra profissão procuram migrar para outras culturas que oferecem menos risco e talvez melhores resultados financeiros. A soja tem sido a preferida, com menor custo de lavoura, maior liquidez nas vendas e melhores resultados finais. 

Neste ano, após o trigo, virá a soja e o milho ocupará uma área menor. Essa é a previsão atual, segundo lideranças do interior catarinense. O cálculo é matemático: com os preços atuais do milho, é necessário colher no mínimo 150 sacas por hectare para cobrir os custos. Já a soja custa 30 sacas e colhe no mínimo 60 sacas, resultando em um lucro equivalente. O resultado do milho pode melhorar? Sim, desde que a tecnologia empregada permita colher no mínimo 200 sacas por hectare. Superar esse número é possível, mas exige o uso de alta tecnologia e condições climáticas favoráveis. No entanto, sabe-se que neste ano os agricultores estão reduzindo o uso de tecnologia, em vez de aumentá-lo para melhorar a produtividade. Alegam que os insumos estão muito caros e estão optando por fórmulas mais baratas, o que tecnicamente é um erro, pois reduzirá a produtividade. 

A demora na definição das compras de fertilizantes também pode complicar o processo. Muitas indústrias não importaram as matérias-primas devido às indefinições das vendas, e agora não há mais tempo de importar a tempo para a janela de plantio da safra. As indefinições nas compras podem comprometer o abastecimento e elevar os preços dos fertilizantes para aqueles agricultores que demoraram a definir suas aquisições. 

A redução do plantio de milho em SC trará outras consequências: menor oferta do produto para a produção de ração e até para silagem, impactando os custos do setor de proteína, ou seja, carnes e leite, que terão que buscar mais milho de outros estados e até do exterior. Isso afeta toda a cadeia produtiva com aumento dos custos de produção. O Tesouro do Estado também perde mais. Com a entrada de milho de outros estados, gera-se crédito de ICMS não recolhido localmente. É por isso que sempre defendemos que o poder público precisa incentivar cada vez mais a produção de milho internamente com programas de apoio, pois assim será benéfico para todos os envolvidos no processo. Pense nisso! 

Fonte: Fecoagro 



 

FONTE

Autor:Ivan Ramos/Fecoagro

Site: FECOAGRO

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