A competição entre plantas daninhas e cultivadas por água, nutrientes e radiação solar pode reduzir ou até mesmo comprometer a produtividade de culturas anuais como soja e milho. Dentre as espécies de plantas daninha com elevada habilidade competitiva, podemos destacar as plantas do gênero Amaranthus. Segundo Klingaman & Oliver (1994), uma planta de Amaranthus palmeri por metro quadrado pode causar uma redução de produtividade da soja de até 32%.

O Amaranthus palmeri ainda é considerada uma praga quarentenária presente no estado do Mato Grosso, entretanto, outras espécies de Amaranthus como o Amaranthus hybridus são comumente encontrados nas demais regiões produtoras do Brasil, apresentando maiores densidades populacionais na região Sul do país.

Dentre as principais espécies de A. hybridus encontradas em território nacional podemos destacar o Amaranthus hybridus var. paniculatus, e o Amaranthus hybridus var. patulus (figura 1).



Figura 1. Espécies do gênero Amaranthus. A – Amaranthus hybridus var. paniculatus; B – Amaranthus hybridus var. patulus.

Além da alta capacidade competitiva, destacam-se o rápido crescimento e desenvolvimento do caruru, aliada a elevada produção de sementes, fato que dificulta seu manejo em virtude da grande quantidade de fluxos de emergência da planta daninha. Segundo Cortés (2015), uma planta de A. hybridus pode produzir até 200 mil sementes por planta. O autor ainda destaca que desde 2013 tem-se observado um aumento populacional da planta daninha na província de Córdoba, Argentina. Atualmente, a área infestada por caruru ultrapassa a área cultivada com soja no território Argentino.


Veja também: Na Argentina o caruru ocupa mais hectares que a soja


As sementes de Amaranthus hybridus são pequenas e apresentam formato esférico e coloração preta (figura 2). Possuem dispersão facilitada, sendo os principais agentes dispersores:  animais (principalmente pássaros), água e máquinas agrícolas. Após a colheita de áreas infestadas, as máquinas colhedoras contendo sementes em seu sistema de mecanismos internos promovem a dispersão de sementes em áreas ainda não infestadas. O fato é observado pela maior presença de caruru nas áreas de entrada das lavouras em resultado do início da colheita.

Figura 2. Sementes de Amaranthus hybridus.

Aliado a elevada produção de sementes e ao rápidos crescimento e desenvolvimento da daninha, a resistência do A. hybridus a herbicidas dificulta o controle dessa planta. A planta daninha apresenta resistência simples aos herbicidas inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS), inibidores do fotossistema II, inibidores da enzima enol-piruvil-shiquimato-fosfato sintase (EPSPs), inibidores da enzima protoporfirinogenio oxidase (PROTOX), e herbicidas hormonais como mimetizadores de auxinas (AUXINAS). Abaixo, detalhe da produção de sementes.

Além disso, na Argentina há casos de Amaranthus Hybridus com resistência múltipla aos herbicidas Inibidores da ALS e EPSPs (glifosato e imazetapir); Inibidores da EPSPs e mimetizadores de auxinas (glifosato, 2,4-D e Dicamba); nos Estados Unidos a Inibidores da ALS e fotossistema II (atrazina, imazethapyr e primisulfuron-metil) e no Brasil casos de resistência múltipla a inibidores da ALS e EPSPs (clorimuron-etil e glifosato) (Heap).

Cabe destacar que no Brasil, os casos de resistência do Amaranthus hybridus a herbicidas até então conhecidos restringem-se a resistência múltipla a inibidores da ALS e EPSPs (clorimuron-etil e glifosato) (Heap).

Lavoura com alta infestação de caruru.

Tendo em vista a elevada complexibilidade da planta daninha e sua extraordinária habilidade competitiva, deve-se atentar para a presença de caruru em áreas de cultivo, tomando medidas preventivas a infestação das lavouras, atuando de forma eficaz, evitando o aumento da população dessa planta daninha. Dentre as principais ferramentas utilizadas para controle do caruru, destacam-se a cobertura do solo com palhada abundante, o uso de sementes certificadas, herbicidas pré-emergentes e o controle da daninha ainda nos estádios iniciais do seu desenvolvimento em pós-emergencia (preferencialmente até 6 folhas).

Fique ligado, em breve mais conteúdo sobre o Caruru!

Referências:

CORTÉS, E. ALTERNATIVAS DE CONTROL DE Amaranthus hybridus L. Kunth “Yuyo colorado”. Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria, Hoja de información Técnica, N. 46, 2015. Disponível em: < https://www.aapresid.org.ar/blog/alternativas-para-control-de-amaranthus-hybridus-yuyo-colorado/ >, acesso em: 28/01/2021.

HEAP, I. BANCO DE DANOS INTERNACIONAIS DE PLANTAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. weedscience.org, Disponível em: < http://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 28/01/2021.

KLINGAMAN, E. T.; OLIVER, L. R. Palmer Amaranth (Amaranthus palmeri) Interferência na soja (Glycine max). Weed Science, vol. 42, n. 4, 1994. Disponível em: < https://www.jstor.org/stable/4045448?seq=1 >, acesso em: 28/01/2021.

LORENZI, H. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: PLANTIO DIRETO E CONVENSIONAL. Instituto Plantarum, ed. 7, 2014.

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