Por Argemiro Luís Brum
A cotação do trigo, em Chicago, também subiu nesta semana. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, após registrar US$ 4,96 no dia 13/10, se recuperou constantemente, chegando a bater em US$ 5,54 no dia 05/11 (o mais alto valor desde o dia 02/07/2025). Todavia, no dia seguinte (06) o fechando recuou para US$ 5,35/bushel, contra US$ 5,24 uma semana antes.
Enquanto a paralisação dos serviços públicos estadunidenses continua e o mercado espera que saia o relatório de oferta e demanda do USDA no dia 14/11, as exportações de trigo dos EUA atingiram a 350.293 toneladas na semana encerrada em 30/10. Com isso, o volume total já embarcado no atual ano comercial estadunidense soma 11,8 milhões de toneladas, sendo 21% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior.
E na Rússia, as exportações de trigo foram aumentadas para 43,8 milhões de toneladas neste novo ano comercial, embora o crescimento ocorrido possa ser temporário segundo a consultoria SovEcon. Isso devido às condições climáticas sazonais e à crescente concorrência de países como Argentina e Austrália, que colhem safras recordes. Por sua vez, a China estaria para comprar trigo dos EUA pela primeira vez em mais de um ano, em um possível sinal de retomada do comércio agrícola entre as duas maiores economias do mundo, após a recente trégua comercial firmada entre os dois países. Segundo o USDA, a China não realiza compras de trigo estadunidense desde o início de outubro de 2024.
E no Brasil os preços voltaram a recuar. O produto no Rio Grande do Sul caiu para R$ 57,00/saco, enquanto no Paraná o valor se manteve entre R$ 64,00 e R$ 66,00/saco devido a redução da produção provocada por intempéries, além da menor área semeada.
Soma-se a isso a ótima safra na Argentina, os preços internacionais mais baixos e um Real forte que torna mais barata as importações. Assim, em outubro/25, a média do trigo negociado no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.138,41/tonelada, com recuo de 9,6% em relação a setembro/25 e de 11,7% sobre outubro/24, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI). No Paraná, a média foi de R$ 1.216,53/tonelada, com recuos respectivos de 9,7% e 15,6% nas comparações mensal e anual, sendo estes os menores valores desde outubro/23. Em São Paulo, as variações foram negativas em respectivos 7,5% e 24,9%, com a média passando para R$ 1.161,58/tonelada, o patamar real mais baixo desde novembro de 2016. Em Santa Catarina, a média atingiu a R$ 1.263,26/tonelada, com queda de 7% no mês e 13,4% no ano, sendo o menor valor desde abril de 2018 (cf. Cepea).
Para comparação, no ano passado o saco de trigo pago ao produtor, no início de novembro, no Rio Grande do Sul, valia entre R$ 69,00 e R$ 70,00 nas principais praças. Ou seja, em um ano o recuo se estabelece entre 12 e 13 reais por saco, ou algo em torno de 18%. E no Paraná, o trigo recuou, no mesmo período, entre 11 e 15 reais por saco, ou algo em torno de 14% a 19% dependendo da região.
Enfim, no restante de novembro a pressão sobre os preços tende a continuar, sendo que o clima, sobretudo no Rio Grande do Sul, ainda será um fator importante para definir o volume final e, por consequência, o movimento dos preços.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).







