Por Argemiro Luís Brum
A cotação do trigo, em Chicago, para o primeiro mês cotado, subiu bem nesta última semana de outubro, puxada pela soja e a possibilidade do acordo entre EUA e China. O bushel do cereal chegou a bater em US$ 5,32 no dia 29/10, o maior valor desde o dia 28/07/2025. No entanto, o fechamento do dia 30/10 registrou recuo, com o mesmo ficando em US$ 5,24/bushel, contra US$ 5,13 uma semana antes.
Quanto às exportações estadunidenses do cereal, na semana encerrada em 23/10 alcançaram a 258.543 toneladas, ficando aquém do que o mercado esperava. Com isso, o total exportado, no atual ano comercial, até o momento, chega a 11,5 milhões de toneladas, estando 19% acima do registrado em igual período do ano passado.
No Brasil, os preços estabilizaram, porém, o viés de baixa continua. No Rio Grande do Sul as principais praças praticaram R$ 60,00/saco, enquanto no Paraná os valores giraram entre R$ 64,00 e R$ 66,00/saco para o produto de qualidade superior.
A colheita está atrasada no país, porém, a tendência dos preços não muda. No Rio Grande do Sul a mesma estava em 27% da área no dia 30/10, enquanto no Paraná atingia a 83% no início da presente semana.
O atraso se dá pelas constantes chuvas, especialmente no Paraná. Ao mesmo tempo, com um câmbio ao redor de R$ 5,35/dólar, o produto importado permanece muito competitivo, estimulando a entrada de trigo de outros países e segurando os preços internos do cereal. “Os estoques de passagem nacionais são altos, mantendo a atual oferta elevada e deixando pouca margem para aumento nos preços” (cf. Cepea).
Enfim, a Conab, em seu relatório de outubro aponta que a área total semeada com trigo no país ficou em 2,45 milhões de hectares, sendo que o Rio Grande do Sul registrou 1,16 milhão, ou seja, 47,3% da área nacional. A produtividade média nacional está estimada em 3.142 quilos/hectare (52,4 sacos/ha), sendo que no Rio Grande do Sul a mesma atingiria a 52,9 sacos, no Paraná 51,2 sacos e em Santa Catarina 59,4 sacos/hectare. Com isso, a produção total brasileira está estimada em 7,7 milhões de toneladas, sendo 3,7 milhões no Rio Grande do Sul (48% do total nacional), 2,5 milhões no Paraná, 429.700 toneladas em Minas Gerais, 392.300 em Santa Catarina e 354.900 toneladas em São Paulo. O estado gaúcho, nos últimos sete anos, liderou a produção de trigo no país em cinco deles (2019, 2021, 2022, 2024 e 2025) conforme a Conab.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).







