Por Argimiro Luís Brum
O fechamento da quinta-feira (13), para o primeiro mês cotado em Chicago, registrou o valor de US$ 4,53/bushel de milho, contra US$ 4,49 uma semana antes.
O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 11/03, também pouca novidade trouxe sobre o cereal. A produção final dos EUA ficou mesmo em 377,6 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais do país estão em 39,1 milhões. Já a produção mundial de milho subiu para 1,214 bilhão de toneladas, ganhando cerca de dois milhões sobre fevereiro, enquanto os estoques finais globais foram reduzidos um pouco, ficando agora em 288,9 milhões de toneladas. A produção brasileira e argentina de milho, em 2024/25, seria de 126 e 50 milhões de toneladas, respectivamente. Em tal contexto, o preço médio ao produtor estadunidense de milho, para o corrente ano comercial, foi mantido em US$ 4,35/bushel. O mercado aguarda, agora, os relatórios de intenção de plantio e estoques trimestrais nos EUA, a serem anunciados em 31/03.
Enquanto isso, na semana encerrada em 06 de março os EUA embarcaram 1,8 milhão de toneladas de milho, superando as expectativas do mercado. Assim, o volume já embarcado no atual ano comercial soma 29,1 milhões de toneladas, ou seja, 33% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.
Neste momento, os mercados internacional e nacional estão na expectativa da aplicação das tarifas alfandegárias prometidas por Trump sobre produtos de seus parceiros comerciais, as quais incluem o milho igualmente. O atual presidente dos EUA prometeu aplicá-las, para o setor primário, a partir de 1º de abril.
E no Brasil, os preços do cereal continuam firmes e em alta em boa parte das regiões. A média gaúcha fechou a semana em R$ 68,29/saco, enquanto nas demais praças nacionais os preços giraram entre R$ 69,00 e R$ 87,00/saco.
Dito isso, no Rio Grande do Sul, a safra de verão deverá atingir a 4,78 milhões de toneladas, contra a expectativa inicial de 5,32 milhões. Mesmo assim, a safra será 6,1% maior do que a do ano anterior, que sofreu bem mais com os problemas climáticos (cf. Emater).
Já o plantio da safrinha, no Brasil, teria chegado a 82,3% no dia 09/03, ficando muito próximo da média histórica, segundo a Conab. Entre os estados mais avançados no plantio estão Mato Grosso (95,3%), Goiás (89%), Tocantins (79,2%), Mato Grosso do Sul (70%), Maranhão (64,2%), Paraná (62,8%), Minas Gerais (55,5%), Piauí (47,6%) e São Paulo (27,4%).
Já especificamente no Centro-Sul brasileiro, a segunda safra estava semeada em 92% da área esperada até meados da semana anterior, segundo a AgRural. Enquanto isso, o milho verão 2024/25, também no Centro-Sul, estava colhido em 54% da área, contra 57% um ano antes.
E no Paraná, conforme o Deral, a safrinha estaria semeada em 82% até meados da presente semana, sendo este número bem superior ao indicado pela Conab. Mesmo assim, o plantio paranaense está mais lento devido a falta de chuvas naquele estado. Já começam a existir preocupações em relação a baixa umidade do solo e a necessidade de replantio em algumas regiões paranaenses.
E no Mato Groso, o Imea informa que a safra de milho 2023/24 está com 98% de seu volume comercializado, enquanto a nova safra 2024/25 estaria com 37,6% vendido. Houve uma aceleração nas vendas devido a uma melhoria nos preços do milho local, já que fevereiro alcançou a média de R$ 60,40/saco, ou seja, 7,9% acima da média registrada em janeiro. Enfim, a futura safra 2025/26 já viu seus primeiros negócios sendo realizados, com 0,5% vendida, com preços médios de R$ 41,82/saco. Ou seja, quase 20 reais abaixo do que atualmente aquele estado vem praticando.
Enfim, a Secex indicou que as exportações brasileiras de milho, em fevereiro passado, atingiram a 1,43 milhão de toneladas, contra 1,71 milhão no mesmo mês do ano anterior. A performance das exportações nacionais de milho, neste ano, irá depender do volume a ser produzido na safrinha, dos efeitos cambiais e da guerra comercial imposta pelo governo estadunidense a outros países, incluindo o Brasil.
Já nos primeiros três dias úteis de março o Brasil exportou 446.941 toneladas do cereal, o que já superou a totalidade das exportações em todo o mês de março de 2024. Ou seja, a média diária do atual mês de março é 597,3% superior a registrada em março do ano passado. O preço médio, pago pela tonelada do milho brasileiro, subiu, passando dos US$ 236,10 em março/24 para US$ 236,60 em março/25.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).