Por Dr. Argemiro Luís Brum
O primeiro mês cotado, em Chicago, apresentou um viés de alta para o trigo nesta semana. O fechamento da quinta-feira (24) ficou em US$ 5,41/bushel, contra US$ 5,33 uma semana antes.
Por sua vez, a colheita estadunidense do trigo de inverno, no dia 20/07, atingia a 73% da área semeada, contra 72% na média histórica. Já o trigo de primavera se apresentava com 16% das lavouras entre ruins a muito ruins, outros 32% estavam regulares e 52% estavam entre boas a excelentes.
Enquanto isso, os embarques de trigo, por parte dos EUA, na semana encerrada em 17/07, superaram as expectativas do mercado, totalizando 732.290 toneladas. Com isso, o total exportado no atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, chega a 3,02 milhões de toneladas, sendo 14% maior do que o realizado no mesmo período do ano anterior.
E no Brasil, enquanto o plantio da nova safra está praticamente encerrado, com confirmação de redução importante na área e na expectativa de produção, os preços ainda não reagem. As principais praças gaúchas, para o produto de qualidade superior, continuaram praticando os R$ 70,00/saco, enquanto no Paraná o preço se manteve em R$ 78,00. Os compradores nacionais continuam dando preferência ao trigo importado.
De forma geral os moinhos localizados no litoral brasileiro vêm recebendo trigo importado de alta qualidade a preços semelhantes aos praticados no interior do país. Soma-se a isso o fato de que a colheita foi antecipada no Centro-Oeste, aumentando a oferta no mercado nacional.
Dito isso, com uma produção brasileira menor e risco de qualidade mediana, devido a intempéries, por enquanto especialmente no Paraná, existe a possibilidade concreta de os preços melhorarem para 2026, especialmente em fevereiro/março. Essa situação ganhará ainda mais força se houver uma desvalorização do Real e/ou os preços internacionais voltarem a subir, algo que ainda não se pode prever. Para analistas privados, caso da TF Agroeconômica, “quem precisa vender os grãos deve manter a cautela e aguardar melhores condições. Já os compradores devem agir rapidamente para aproveitar as oportunidades atuais”.
Enfim, não se pode esquecer do comportamento da safra da Argentina, a qual está projetada em 20 milhões de toneladas, o que permitiria o vizinho país exportar 13 milhões. Em a mesma vindo cheia, as compras brasileiras na Argentina podem impedir grandes avanços nos preços. Além disso, a produção mundial de trigo está sendo projetada em elevação para 2025/26. O recente relatório do USDA indicou um volume de 808,6 milhões de toneladas, com avanço de 1,1% sobre o colhido no ano anterior.
Pelo sim ou pelo não, o fato é que o mercado de trigo nacional está cauteloso, acompanhando o clima e aguardando a entrada da nova safra, a partir de setembro pelo Paraná. Lembrando que não basta apenas volume, é preciso ter qualidade do grão para que o mesmo realmente se valorize no mercado.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).