As cotações do trigo, em Chicago, recuaram nesta semana, com o primeiro mês cotado fechando a quinta-feira (09) em US$ 5,06/bushel, contra US$ 5,14 uma semana antes.
Sem informações confiáveis vindas dos EUA, devido a paralisação do serviço público local, o mercado está em estado de espera. Enquanto isso, a Rússia revisa suas estatísticas e indica colher 88 milhões de toneladas de trigo em 2025/26. Segundo dados oficiais russos, o complexo agroindustrial se prepara para a nova safra, cuja semeadura de inverno deve atingir cerca de 20 milhões de hectares, enquanto a produção de fertilizantes minerais deve ultrapassar 65 milhões de toneladas em 2025, sendo cerca de 70% destinada à exportação. O desenvolvimento da seleção nacional de sementes também avança, sendo que a autossuficiência passou de 60% em 2022 para mais de 67% em 2024 e deve atingir 70% neste ano. Destacam-se especialmente as sementes nacionais de girassol e de leguminosas. E no setor da pecuária, a produção deve crescer, com a produção de carne chegando a cerca de 17 milhões de toneladas e a de leite a mais de 34 milhões de toneladas.
E no Brasil, os preços do trigo continuam com viés de baixa. As principais praças gaúchas trabalharam com R$ 64,00/saco, enquanto no Paraná os valores ficaram entre R$ 64,00 e R$ 66,00.
Já a colheita no Paraná atingia a 60% da área semeada nesta semana, sendo que no Rio Grande do Sul não há registro de estatísticas relevantes de colheita, embora no início do corrente mês 10% das lavouras estavam no fase de maturação.
Ao mesmo tempo, com a importação de trigo argentino mais barato, ajudado também pelo câmbio, os vendedores brasileiros acabaram ajustando para baixo, mais uma vez, o preço do produto nacional, para manter a competitividade.
Efetivamente, o Brasil importou 568.980 toneladas de trigo em setembro, das quais 87,3% tiveram origem na Argentina, 7% no Paraguai e 5,8% no Canadá, segundo a Secex. O preço médio das importações foi de US$ 230,09/tonelada, o equivalente a R$ 1.235,12/tonelada, com base na cotação média do dólar a R$ 5,37. Esse foi o menor valor médio registrado desde novembro de 2020. No acumulado de janeiro a setembro de 2025, o país importou 5,249 milhões de toneladas de trigo, volume 2% superior ao registrado no mesmo período de 2024, quando foram importadas 5,147 milhões de toneladas.
No Rio Grande do Sul, a média do preço FOB foi de R$ 1.259,39/tonelada, com recuo de 2,5% em relação a agosto e de 9,4% em comparação com setembro de 2024, considerando valores deflacionados pelo IGP-DI. Foi o menor valor registrado desde janeiro de 2025. No Paraná, a cotação média foi de R$ 1.346,92 por tonelada, com redução de 6% frente ao mês anterior e de 10,8% na comparação anual, sendo o menor patamar real desde abril de 2024. Em São Paulo, a média ficou em R$ 1.255,13/tonelada, com quedas de 12,3% no mês e 19,5% no ano, sendo a menor desde outubro de 2023. Já em Santa Catarina, o valor médio foi de R$ 1.358,61/tonelada, com recuo de 5,2% no mês e 11,3% em um ano, também o menor valor desde outubro de 2023 (cf. Cepea).
Enquanto isso, a demanda por derivados de trigo permanece estável no país, mas o avanço da colheita pressiona os moinhos a reduzir preços. Assim, segundo o Cepea, de agosto para setembro, a média do preço do farelo de trigo caiu 5,2% no granel e 1,88% no ensacado. As farinhas também registraram queda nos preços médios: 2,8% para massas frescas, 2,7% para massas em geral, 2% para bolacha salgada, 3,2% para bolacha doce, 2,29% para panificação e 1,64% para pré-mistura.
Enfim, o último relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para baixo a projeção da safra de trigo no Brasil. A produção foi estimada em 7,536 milhões de toneladas, sendo ela 4,5% abaixo do volume colhido em 2024. Essa seria a menor safra desde 2020, com uma área 19,9% abaixo da registrada no ano passado.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).