Por Argimiro Luís Brum

As cotações do trigo, em Chicago, igualmente recuaram neste início de março. O primeiro mês cotado chegou a bater em US$ 5,18/bushel no dia 04/03, a mais baixa cotação desde o final de agosto de 2024. Posteriormente, o mercado se recuperou um pouco, com o fechamento da quinta-feira (06) ficando em US$ 5,37, contra US$ 5,46/bushel uma semana antes. A média de fevereiro fechou em US$ 5,77, o que representou um aumento de 5,9% sobre janeiro. Já a média de fevereiro do ano passado havia sido de US$ 5,85/bushel.

Enquanto isso, os embarques estadunidenses de trigo atingiram a 389.593 toneladas na semana encerrada em 27/02. Esse volume ficou dentro das expectativas do mercado. Com isso, o total já embarcado pelos EUA, no atual ano comercial, iniciado em junho/24, alcança 15,6 milhões de toneladas, volume 20% acima do registrado no mesmo período do ano anterior.

Dito isso, na China a produção de trigo, neste ano, deverá ser importante, o que reduziria suas importações do cereal. O trigo de inverno, o mais significativo, é semeado em outubro e colhido por volta de junho naquele país. A China é um dos maiores importadores de trigo do mundo, porém, no último ano, diante de uma produção de 140,1 milhões de toneladas, reduziu suas compras. Algo que deve se repetir em 2025. No ano passado, o país asiático importou 11,2 milhões de toneladas do cereal. Por sua vez, assim como vem se notando na soja e no milho, a demanda por farinha e ingredientes alimentícios oriundos do trigo, na China, estagnou devido a mudanças demográficas. Desta forma, o excedente de trigo será absorvido pelo setor de rações e pelas compras do governo. Lembrando que, nesta semana, a China retaliou as novas tarifas comerciais dos EUA, anunciando aumentos de impostos que abrangem cerca de US$ 21 bilhões em produtos agrícolas (cf. Cofco International).

E aqui no Brasil, os preços, para o produto de qualidade superior, se mantêm firmes. A média gaúcha registrou R$ 69,36/saco, enquanto as principais praças locais ficaram entre R$ 70,00 e R$ 71,00. Já no Paraná, o valor atingiu a R$ 77,00/saco junto às principais regiões produtoras.

Assim, nas principais regiões do país, o preço do trigo voltou aos patamares de setembro de 2024. Diante disso, os vendedores se afastam do mercado esperando ainda melhores preços (cf. Cepea).

Destaque, ainda, para o fato de que no início de março começa o período indicado para o plantio do trigo de segunda safra ou de sequeiro no Cerrado do Brasil Central. Este trigo é cultivado após a colheita da soja e sem irrigação, aproveitando o final da estação chuvosa. A cultura tem chamado a atenção dos produtores, seja pelos benefícios conferidos ao sistema de produção, seja pela rentabilidade que ela pode proporcionar, conforme as cotações do mercado.

Estima-se que, na atual safra, devam ser semeados cerca de 200.000 a 250.000 hectares do cereal na região, com crescimento de 5% a 10% na área plantada em relação à safra anterior. Em Goiás, a estimativa é de que o aumento seja ainda maior, podendo chegar a 15%. A colheita do trigo safrinha é realizada no período seco, entre os meses de junho e julho, o que tem garantido um produto de excelente qualidade de grãos e livre das micotoxinas, que costumam afetar lavouras do Sul do País em anos de muita chuva na colheita, como a giberela (cf. Embrapa).

Enfim, em seu último levantamento, a Conab estima a futura área de trigo no país (ano 2025) ao redor de 3 milhões de hectares, sendo 1,3 milhão no Rio Grande do Sul. Em clima normal, a produção final, para 2025, é esperada em 9,1 milhões de toneladas, sendo 4,1 milhões no Rio Grande do Sul e 3,3 milhões no Paraná. Com isso, os dois principais estados produtores produziriam cerca de 81% da safra total brasileira do cereal.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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