Os valores do algodão em pluma registraram pequenos avanços ao longo de março, levando a média mensal ao maior patamar nominal em dois anos. A sustentação veio da posição firme de vendedores nesta entressafra. Esses agentes estiveram atentos à valorização nos contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures) e à alta do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente).

Produtores estão se capitalizando com a entrega de contratos a termo e/ou até mesmo com a comercialização da soja da nova temporada. Quanto aos negócios, por mais um mês, a dificuldade em acordar ora o preço ora a qualidade dos lotes disponibilizados limitou os fechamentos no spot nacional. Já para a comercialização futura, agentes mostram interesse na aquisição antecipada envolvendo a pluma das próximas temporadas (2024/25 e 2025/26) destinadas aos mercados interno e externo. Quanto aos preços, a preferência foi por valores a serem fixados posteriormente.

Compradores adquiriram a fibra de forma pontual, a fim de atender à necessidade imediata e/ou para repor estoques. Já algumas indústrias que precisavam da pluma de qualidade superior chegavam a ofertar valores maiores, na tentativa de atrair vendedores, mas, ainda assim, tiveram dificuldade na aprovação.

Nesse cenário, entre 28 de fevereiro e 31 de março, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 0,92%, fechando a R$ 4,2167/lp no dia 31 – trata-se do segundo mês consecutivo de aumento. A média de março, de R$ 4,2148/lp, ficou 8,4% superior à paridade de exportação. Em termos nominais, a média da cotação é a maior desde abril/23, quando chegou a R$ 4,3115/lp.

Além disso, a média mensal ficou 1,71% acima da de fevereiro/25, mas 8,32% inferior à de março/24, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/25). Em dólar, no mês, a média do Indicador à vista foi de US$ 0,7319/lp, 11,4% superior à do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York, de US$ 0,6568/lp, mas 5,7% abaixo da do Índice Cotlook A, de US$ 0,7766/lp.

MERCADO INTERNACIONAL – Cálculos do Cepea apontam que a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) recuou 1,34% entre 28 de fevereiro e 31 de março, passando para R$ 3,9248/lp (US$ 0,6878/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 3,9353/lp (US$ 0,6897/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 31. No mesmo período, o dólar teve desvalorização de 3,37% frente ao Real, para R$ 5,706, enquanto houve alta de 2,13% no Índice Cotlook A, que passou para US$ 0,7915/lp no dia 31.

Na Bolsa de Nova York, de 28 de fevereiro a 31 de março, o contrato Maio/25 avançou 2,42%, a US$ 0,6683/lp no dia 31; o contrato Jul/25 subiu 2,41%, a US$ 0,6799/lp; para Out/25, houve aumento de 2,68%, a US$ 0,6984/lp, e, para Dez/25, de 3,01%, a US$ 0,6992/lp.

USDA – Segundo dados divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no dia 31 de março, a semeadura nos Estados Unidos para o anosafra 2025/26 pode somar 3,99 milhões de hectares, 11,76% inferior à área cultivada em 2024/25 (4,53 milhões de hectares) e 4,2% abaixo da temporada 2023/24 (4,17 milhões de hectares). Sendo assim, são esperadas reduções de área em todos os estados produtores de algodão norte-americano, exceto Arizona e Kansas. Para o Texas, principal estado produtor, a área foi prevista em 2,24 milhões de hectares, queda de 7,62% frente à temporada anterior (2,42 milhões de hectares).

SAFRA BRASILEIRA 2024/25 – Em relatório divulgado no dia 13 de março, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontou reajustes positivos na produção nacional de pluma da safra 2024/25, de 1,61% frente aos dados de fevereiro/25 e de 3,3% em comparação à temporada 2023/24, podendo chegar a 3,822 milhões de toneladas, um recorde. A área cultivada é estimada em 2,043 milhões de hectares, elevação de 0,31% no comparativo mensal e alta de 5,1% com relação à safra 2023/24. A produtividade nacional é prevista com redução de 1,7% sobre a temporada anterior, em 1.870 kg/ha, mas a Conab fez um reajuste positivo de 1,29% frente ao relatório anterior.

Os acréscimos nas previsões do Brasil estão ligados às perspectivas atuais da Companhia para Mato Grosso, uma vez que a produção subiu 2,3% de um mês para o outro e passou a ficar 0,5% maior que a temporada passada, para 2,665 milhões de toneladas. Isso é resultado do aumento de produtividade no estado, de 1,69% no comparativo mensal, mas ainda com retração de 1,6% frente à safra anterior, em 1.844 kg/ha. Já a projeção da área cultivada está em 1,445 milhão de hectares em março, aumento de 0,59% frente aos dados do relatório anterior e elevação de 2,1% em relação à safra 2023/24. Vale considerar que, para a Bahia, o segundo maior estado produtor, a Conab realizou reajuste mensal positivo de 0,63% tanto para a produtividade como para a produção.

CAROÇO DE ALGODÃO – Nesta entressafra, as negociações envolvendo caroço de algodão seguiram lentas no spot nacional. O bom volume comercializado anteriormente resultou em baixa disponibilidade e em elevações de preços. Colaboradores do Cepea apontam, inclusive, falta de lotes e inflexibilidade de vendedores. Nesse cenário, em Mato Grosso, as médias nas principais regiões do estado são as maiores em termos reais desde julho/22, enquanto na Bahia trata-se do valor mais elevado desde janeiro/24.

Levantamento do Cepea mostra que a média do caroço no mercado spot em março/25 foi de R$ 1.305,20/tonelada em Campo Novo do Parecis (MT), altas de 5% em relação ao mês anterior e de expressivos 86,6% sobre março/24 (R$ 699,52/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de fevereiro/25.

Em Lucas do Rio Verde (MT), os avanços foram de 6,9% na comparação mensal e de 77,6% na anual, a R$ 1.244,85/t em março/25. Em Primavera do Leste (MT), a média foi de R$ 1.387,90/t, respectivos aumentos de 3,2% e de 62,3%. Em Barreiras (BA), o preço médio, de R$ 1.513,33/t, subiu 4,8% frente ao de fevereiro/25 e 22,7% em relação ao de março/24.

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Fonte: Cepea



 

FONTE

Autor:AGROMENSAIS MARÇO/2025

Site: CEPEA

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