ANÁLISE CLIMÁTICA DE FEVEREIRO

Fevereiro de 2022 foi marcado por grandes acumulados de chuva em quase todo o território nacional. Porém, na Região Sul, porção leste da Região Nordeste, sul do Mato Grosso do Sul e São Paulo, as chuvas foram mais escassas, impactando diretamente no desenvolvimento das culturas de primeira safra que se encontravam nas fases de floração e enchimento de grãos.

Além da Região Centro-Sul, foi também observadas condições de deficit hídrico em Roraima e em praticamente todos os estados da Região Nordeste, principalmente no norte da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Ceará.

Houve excedente hídrico em localidades como o noroeste de Minas Gerais e Zona da Mata mineira, partes de Goiás e Mato Grosso, que impactou a cultura do feijão primeira safra que se encontrava em maturação e colheita, além da colheita da soja e semeadura do milho segunda safra.

Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste foram observados acumulados de chuva superiores a 300 mm, principalmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, acarretando em chuvas acima da média histórica em toda a região. Grande parte desses acumulados foi ocasionada pelas áreas de instabilidades formadas pelo calor e umidade no período. Na Região Sul foram observadas chuvas abaixo da média, com acumulados inferiores a 120 mm, visto que para fevereiro, a climatologia indica acumulados entre 125 mm e 200 mm na média da região.

Os efeitos do fenômeno La Niña foram os principais fatores responsáveis por grandes períodos de estiagem na região, impactando negativamente a produção de grãos. Além disso, foram registradas altas temperaturas, ocasionando eventos de ondas de calor na região, que contribuiu ainda mais para a redução da umidade do solo e, consequentemente, da produtividade agrícola, principalmente para a cultura da soja.

Na região do Matopiba, as chuvas de fevereiro foram favoráveis ao desenvolvimento das culturas agrícolas, com volumes de chuva acima de 150 mm. Já na porção leste dos estados da Região Nordeste, os acumulados de chuva foram inferiores a 120 mm, chegando a valores menores que 40 mm, no extremo-leste da região. Na faixa Norte do país, a presença da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) provocou chuvas acima da média.

CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA

Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) durante a segunda quinzena de fevereiro de 2022. Nas porções central e leste do Pacífico Equatorial, houve a predominância de anomalias negativas de até -2 °C, indicando temperaturas mais frias nesta região. Além disso, na porção sul do Atlântico Sul, beirando a costa da Região Sul do Brasil, Uruguai e Argentina, foram observadas anomalias positivas de TSM, indicando águas mais quentes na região, o que favoreceu o aumento do fluxo de umidade advinda do oceano em direção à Região Sul do Brasil e ocasionando a formação de chuva na última semana do mês.

Já na região do Niño 3.4 (entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM ainda persistiu negativa, chegando a valores próximos de -1 °C no início de janeiro e uma tendência de aumento até o final do mês, com valores em torno de -0,5 °C. Nas últimas semanas de fevereiro foi observada uma tendência de diminuição da anomalia de TSM, indicando ainda a persistência de condições de La Niña.

A análise de multimodelos de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica que as condições de La Niña devem permanecer até o trimestre março, abril e maio, com probabilidades acima de 60% neste período. Para o final do outono e início do inverno, os multimodelos indicam probabilidades de ocorrência de neutralidade, chegando a mais de 60% durante o trimestre
maio, junho e julho.

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASI L – PERÍODO MARÇO, ABRIL E MAIO/2022

As previsões climáticas, segundo o modelo estatístico do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Para a Região Sul, o prognóstico climático aponta chuvas abaixo da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente no Paraná e oeste de Santa Catarina, com exceção da costa leste do Rio Grande do Sul, que poderá impactar o desenvolvimento do milho segunda safra, plantio e o estabelecimento das culturas de inverno.

Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, com exceção do sul e leste de Mato Grosso, a previsão trimestral indica tendência de chuvas abaixo da faixa normal na maioria dos estados, principalmente em abril, o que poderá afetar o algodão e o milho segunda safra, mas favorecer a finalização da colheita das culturas de primeira safra.

Na Região Nordeste e no Matopiba, o modelo indica chuvas dentro ou acima da normal em praticamente toda a região, principalmente em abril e maio, com exceção do extremo-norte da Bahia e oeste de Pernambuco, onde a previsão indica chuvas ligeiramente abaixo da média. Os bons acumulados de chuva deverão favorecer o desenvolvimento das culturas
na região.

Já na Região Norte há previsões de chuva acima da média histórica, com exceção da porção sul do Amazonas, do Pará e norte de Rondônia, podendo influenciar as culturas na região. Em relação à temperatura, há previsões de temperaturas dentro e acima da média climatológica em praticamente todo o país, principalmente para abril.

Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet.

Fonte: Conab



 

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