Dezembro de 2021 fechou o ano com grandes volumes de chuva, chegando a ultrapassar a média em diversas regiões do Brasil, principalmente no norte de Minas Gerais e no sul da Bahia, onde o total de chuvas foi o maior das séries históricas de dezembro nas localidades de Lençóis, Ilhéus e Caravelas.
Na Região Nordeste, dezembro foi marcado pelas fortes chuvas que atingiram a Bahia, especialmente no oeste e centro-sul do estado, onde os volumes ficaram entre 250 mm e 600 mm e causaram danos humanos e materiais em áreas rurais e urbanas. Também houve grandes volumes de chuva no Maranhão e sul do Piauí, com totais entre 200 mm e 350 mm.
Entre o extremo-norte da Bahia e o Ceará, a precipitação foi mais irregular, e os totais acumulados ficaram entre 50 mm e 180 mm. Na Região Norte, os acumulados mensais ficaram predominantemente entre 200 mm e 400 mm. Exceto em Roraima, com totais entre 80 mm e 150 mm.
No Sudeste, o mês foi bastante chuvoso em todos os estados, com destaque para o centro-norte de Minas Gerais, com totais entre 300 mm e 550 mm. Também houve volumes significativos no sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e norte de São Paulo, com totais entre 150 mm e 300 mm. Apenas em algumas localidades no oeste e sul de São Paulo, a precipitação acumulada foi menor, com totais entre 60 mm e 170 mm.
No Centro-Oeste, as condições atmosféricas foram favoráveis às chuvas, com volumes acumulados predominantemente na faixa entre 200 mm e 400 mm, dentro da faixa normal do período ou acima. Exceto no sul de Goiás e no Mato Grosso do Sul, onde os totais ficaram entre 50 mm e 190 mm. Destaque para as localidades Goiás (GO) e Paranoá (DF), com acumulados em dezembro de 383 mm e 405 mm, respectivamente.
FIGURA 1 – MAPA DE PRECIPITAÇÃO ACUMULADA EM DEZEMBRO DE 2021
Diferentemente, na Região Sul, a chuva registrada não foi suficiente para atingir a média em grande parte da região. Os maiores volumes, com totais entre 80 mm e 130 mm, ocorreram no leste da região. Porém, nas demais áreas, os totais acumulados ficaram entre 30 mm e 80 mm.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Em dezembro, o Oceano Pacífico Equatorial consolidou uma nova fase fria das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM), como observado nas anomalias negativas de TSM da segunda quinzena, indicando o estabelecimento do fenômeno La Niña.
Os registros diários da TSM no Oceano Pacífico Equatorial nas últimas semanas mostram uma tendência do sinal negativo por volta de -1 °C, como pode ser observado no gráfico diário de anomalia de TSM na área 3.4 de El Niño/La Niña (entre 170°W-120°W).
Considera-se que o Oceano Pacifico Equatorial está na fase neutra quando as anomalias médias de TSM estão entre -0,5 °C e +0,5 °C durante alguns meses. Observa-se uma região de águas mais quentes entre o litoral do Rio Grande do Sul e o litoral norte da Argentina. Essa condição pode ser favorável às chuvas na Região Sul.
Os modelos de previsão de El Niño/La Niña apresentam probabilidade de 80% de manutenção de uma nova fase de La Niña no trimestre janeiro, fevereiro e março de 2022. Segundo a previsão dos modelos, o fenômeno pode durar até o início do outono.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO JANEIRO-FEVEREIRO E MARÇO/2022
Para a Região Sul, as previsões climáticas indicam um predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas abaixo da média. Os desvios negativos de chuvas devem ser mais acentuados no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina. No entanto, em janeiro, algumas áreas da região podem ter acumulados de chuva próximos ou acima da média.
Para a Região Centro-Oeste, distribuição espacial irregular das chuvas, com risco de totais abaixo da média em Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. Porém, mesmo não atingindo a média do período, os volumes acumulados de devem ficar próximos da faixa normal na maioria das localidades.
No Sudeste também, distribuição irregular das chuvas, com predomínio de áreas com probabilidades de acumulados na faixa normal ou abaixo.
Contudo, em janeiro, as previsões indicam possibilidade de predomínio de áreas com chuvas acima da média em São Paulo e sul de Minas Gerais. No Nordeste, predomínio de áreas com probabilidade de chuvas na faixa normal ou acima no norte da região. Na Bahia e em Sergipe, há o risco de chuvas mais irregulares, podendo ficar abaixo da média.
Na Região Norte, predomínio de áreas com probabilidade de chuvas acima da média. Contudo, no extremo-sul de Tocantins há probabilidade de chuvas abaixo da média.
FIGURA 3 – PREVISÃO PROBABILÍSTICA DE PRECIPITAÇÃO PARA O TRIMESTRE DEZEMBRO/2021 E JANEIRO-FEVEREIRO/2022
Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do sítio do Inmet.
Fonte: Conab