Os preços do trigo recuaram em julho pelo terceiro mês consecutivo, influenciados sobretudo pelas desvalorizações externa e do dólar, contexto que favoreceu a importação do cereal. A liquidez no mercado interno de trigo esteve enfraquecida em julho, especialmente nas últimas semanas do mês. Agentes de moinhos consultados pelo Cepea deram preferência ao produto importado, enquanto vendedores estavam focados na finalização do cultivo da nova temporada e no desenvolvimento das lavouras.
Em julho/25, a média mensal do trigo negociado no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.317,83/t, quedas de 2,5% sobre a de junho/25 e de 12,8% em relação a julho/24, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). No Paraná, a média foi de R$ 1.476,95/t, baixas de 2,2% no comparativo mensal e de 7,2% no anual. Em São Paulo, os recuos foram de respectivos 2% e 8,9%, a R$ 1.499,43/t em julho/25. Em Santa Catarina, a média, de R$ 1.441,48/t, caiu 1,9% e 7,4%, na mesma ordem. Em julho, o dólar teve média de R$ 5,528, com desvalorização de 0,3% frente à de junho.
No campo, segundo a Conab, até o dia 2 de agosto, 99,6% do trigo brasileiro da safra de 2025 havia sido semeado, faltando apenas Santa Catarina para finalizar o trabalho – neste estado, 92% da área estimada foi concluída. Quanto à colheita, avança em Goiás, Minas Gerais e foi iniciada em Mato Grosso do Sul.
SAFRA BRASILEIRA – De acordo com a Conab, em relatório divulgado no dia 10 de julho, a produção nacional é prevista em 7,81 milhões de toneladas, 4,6% menor que a estimativa de junho, passando a representar queda de 0,9% em relação à safra passada (7,89 milhões de toneladas). Isso é o resultado da expressiva diminuição de 16,5% na área destinada à cultura, que passou para 2,55 milhões de hectares – a retração foi verificada sobretudo no Paraná, de 27,3%. Por outro lado, a menor área pode ser compensada pelo forte crescimento de 18,7% na produtividade em relação à temporada passada, para 3,06 t/ha. No entanto, para que esse rendimento se concretize, certamente será preciso a continuidade de boas condições climáticas no período de desenvolvimento das lavouras.
A Conab elevou para 6,2 milhões de toneladas as estimativas de importações entre agosto/25 e julho/26, contra 5,8 milhões de toneladas apontadas no relatório de junho e 6,5 milhões estimadas para o período entre agosto/24 e julho/25. O consumo interno está previsto em 11,82 milhões de toneladas e as exportações, em 2,1 milhões de toneladas.
OFERTA E DEMANDA MUNDIAL – Dados do USDA apontam certa estabilidade na previsão de produção mundial, comparativamente aos números de junho, em 808,55 milhões de toneladas, mas ainda um recorde. Já o consumo mundial foi reajustado positivamente em 0,1%, indo para 810,62 milhões de toneladas. Com isso, os estoques de passagem seriam reduzidos para 261,52 milhões de toneladas, equivalentes a 32,4% do consumo mundial, sendo a menor relação desde a temporada 2014/15. As transações mundiais foram reduzidas entre os relatórios de junho e julho, mas seguem elevadas, estimadas em 213,87 milhões de toneladas, abaixo apenas das transações das safras 2022/23 e 2023/24.
DERIVADOS DE TRIGO – As quedas nos preços da matéria-prima refletiram em baixa nos valores dos derivados em julho. Considerando-se as regiões acompanhadas pelo Cepea, e comparando-se a média da última semana cheia de julho/25 (de 28 de julho a 1º de agosto) com a última semana de junho/25 (de 23 a 27 de junho), o farelo de trigo a granel cedeu 1,82%, enquanto o ensacado, 0,35%. Para as farinhas, no mesmo comparativo, as desvalorizações foram de 3,11% para massas frescas; de 1,04% para massas em geral; de 0,79% para prémistura; de 0,06% para bolacha salgada; de 0,96% para bolacha doce; de 0,58% a integral e de 2,68% para panificação.
BALANÇA COMERCIAL – De acordo com dados da Secex, 616,91 mil toneladas de trigo foram importadas em julho/25, com 84% do volume total vindo da Argentina; 12,9%, dos Estados Unidos; e 3,1%, do Paraguai. O preço médio foi de US$ 236,79/t, que, em Reais, seria de R$ 1.308,99/t. Até julho/25, as importações acumularam 4,19 milhões de toneladas, 4,6% acima do verificado no mesmo período de 2024 (4,01 milhões de toneladas).
MERCADO EXTERNO – O avanço da colheita nos Estados Unidos, a maior oferta da União Europeia e a intensificação da semeadura na Argentina e as boas condições das lavouras deste país pressionaram os valores externos do trigo em julho. Em julho, o primeiro vencimento do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago teve média de US$ 5,3990/bushel (US$ 198,38/t), pequena queda de 0,19% frente à de junho/25 e baixa de 0,7% em relação à de julho/24. Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter teve média de US$ 5,1892/bushel (US$ 190,67/t) em julho, recuos de 3,3% no comparativo mensal e de 9,1% no anual.
Quanto à safra nos Estados Unidos, segundo dados do USDA, até o dia 4 de agosto, a colheita de trigo de inverno avançou 7 pontos percentuais, atingindo 86% do total – em linha com igual período de 2024 e com a média dos últimos cinco anos. Para a safra de primavera, ainda de acordo com o USDA, a colheita começou e corresponde por 5% das lavouras; 48% das lavouras estavam entre condições boas/excelentes; 35%, em razoáveis; e 17% em situação ruim ou muito ruim.
Na Argentina, a média dos preços FOB do Ministério da Agroindústria de julho/25 ficou em US$ 231,82/t, 0,75% abaixo da de junho/25 e 15% menor que em julho/24. De acordo com dados divulgados dia 31 de julho pela Bolsa de Cereales, a semeadura de trigo da safra 2025/26 na Argentina alcançou 98,3% da área total prevista, de 6,7 milhões de hectares. Quanto às condições de cultivo, 61% das lavouras estão entre boas/excelentes; 36%, normais e 3%, em razoável/ruim. Já quanto às condições hídricas, 79% estão em ótimas/adequadas; 12%, em excesso e 9%, em regular/seca.
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Fonte: Cepea