Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do trigo em Chicago oscilaram bastante nesta semana e acabaram fechando a quinta-feira (09) em US$ 5,56/bushel, contra US$ 5,41 uma semana antes.
O relatório de oferta e demanda do USDA trouxe algumas novidades em relação ao relatório de março. A destacar o seguinte:
- A safra 2019/20 nos EUA foi consolidada em 52,3 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais ficaram em 26,4 milhões;
- A produção mundial de trigo chega a 764,5 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais sobem para 292,8 milhões;
- A última produção brasileira e argentina de trigo está estimada em 5,2 milhões e 19 milhões de toneladas respectivamente;
- O preço médio ao produtor estadunidense, para o ano 2019/20, fica estimado em US$ 4,60/bushel.
O mercado esperava estoques finais nos EUA em 25,7 milhões de toneladas (o relatório apontou um volume superior em 700.000 toneladas), enquanto a expectativa para os estoques mundiais era de 287 milhões de toneladas (o relatório apontou um volume de 5,8 milhões de toneladas acima do esperado).
Todavia, como já frisamos em outras oportunidades, é o relatório de maio que mais interessa, pois trará as primeiras projeções de colheita para as safras estadunidenses de 2020/21.
Ao mesmo tempo, o mercado do trigo naquele país está pressionado pelas fracas exportações do cereal. De fato, as vendas líquidas de trigo, para o ano 2019/20, na semana encerrada em 26/03, atingiram somente 72.900 toneladas se constituindo no pior nível de todo o ano comercial, iniciado em 1º de junho passado. Este volume representa um recuo de 86% sobre a média das quatro semanas anteriores.
Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 02/04, ficaram em 320.371 toneladas, ou seja, também abaixo do esperado pelo mercado, que era um volume de 375.000 toneladas.
Soma-se a tudo isso o fato de que as lavouras de inverno nos EUA estarem em boas condições. Até o dia 05/04 as mesmas atingiam 62% entre boas a excelentes, contra 60% um ano atrás nesta época, 29% regulares e 9% entre ruins a muito ruins.
Na Argentina o preço FOB oficial ficou em US$ 246,00/tonelada para abril. Diante do atual câmbio, com um Real um pouco valorizado em relação a semana passada, esta tonelada chega aos moinhos paulistas valendo R$ 1.375,00, enquanto em Curitiba chega a R$ 1.285,00. Assim, continua havendo espaço para aumento dos preços brasileiros do cereal. Para novembro, o trigo argentino continuou cotado a US$ 207,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
E no Brasil o mercado se manteve firme, com os produtores buscando preços mais elevados, enquanto os moinhos se mostrando abastecidos, pelo menos pelos próximos 35 dias, não aceleram as compras. O problema dos moinhos é que o aumento nos custos de importação, devido ao câmbio, coloca dificuldades para repassar os mesmos à farinha negociada no mercado interno brasileiro.
O quadro é agravado pela baixa disponibilidade de produto para exportação no Mercosul, assim como produto de qualidade no Brasil. Assim, o setor tritícola brasileiro pressiona o governo para que retire as taxas de importação que pesam sobre o trigo de fora do Mercosul. Se isso for feito, os moinhos buscarão trigo no Canadá, EUA e Europa, com menor custo.
Mesmo assim, até a colheita da nova safra em setembro, ainda se espera novas altas nos preços internos do trigo, especialmente se a demanda dos moinhos aumentar neste período; o governo não atender à demanda pela retirada das tarifas de importação do trigo procedente de fora do Mercosul; e o câmbio permanecer acima dos R$ 5,00 por dólar.
Nesta última semana já se notou elevação dos preços internos, na compra, junto aos lotes em particular. Com isso, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 45,45/saco, enquanto os lotes passaram a R$ 60,00/saco. No Paraná, o balcão ficou entre R$ 56,00 e R$ 63,00/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 69,00 e R$ 72,00/saco. Enfim, em Santa Catarina o balcão registrou valores entre R$ 47,00 e R$ 48,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, fecharam a semana na média de R$ 63,00. (cf. Safras & Mercado)
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.