Por: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e Jaciele Moreira (2)
As cotações do trigo em Chicago sofreram novo e forte recuo nesta semana. O bushel do cereal fechou o dia 18/04 na mais baixa cotação em 30 dias, atingindo US$ 4,44 contra US$ 4,60 uma semana antes.
Uma das principais razões para o recuo das cotações foi o anúncio de boas condições para as lavouras de trigo de inverno nos EUA. Até o dia 14/04 as mesmas chegavam a 60% entre boas a excelentes, superando as expectativas do mercado. Além disso, há projeções de aumento de safra na Europa e na Rússia. Já o plantio do trigo de primavera nos EUA, até o dia 14/04, atingia a 2%, contra 13% na média histórica para esta época, indicando dificuldades na sua realização. Porém, isso não afetou o mercado por enquanto.
Paralelamente, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA ficaram abaixo do esperado pelo mercado, ajudando na pressão baixista. Já as inspeções de exportação atingiram a 511.400 toneladas na semana encerrada em 11/04, ficando dentro do esperado pelo mercado.
No Mercosul, a tonelada para exportação se manteve entre US$ 215,00 e R$ 220,00, enquanto a safra nova argentina ficava em US$ 180,00 para a compra. No Brasil, os preços se mantiveram estáveis, porém, firmes, com o balcão gaúcho fechando a semana em R$ 41,61/saco (no ano passado nesta época a média gaúcha era de R$ 35,07/saco, ou seja, o produtor de trigo gaúcho, atualmente, ganha R$ 6,54/saco, em termos nominais, sobre o ano passado). Já os lotes repetiram os R$ 48,00/saco que vêm de algumas semanas. No Paraná, o balcão ficou entre R$ 45,00 e R$ 48,00, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 54,00 e R$ 55,20/saco. Em Santa Catarina, o balcão fechou a semana entre R$ 42,00 e R$ 45,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, permaneceram em R$ 51,00/saco.
Continua sendo o câmbio o principal elemento para a modificação dos preços internos do trigo. Isso porque as importações continuam sendo necessárias e a oferta de produto nacional de qualidade praticamente não existe. Assim, uma desvalorização do Real, como ocorreu novamente nesta semana, encarece o produto importado e ajuda a sustentar os preços internos. Caso contrário, a pressão de baixa pode se instalar.
Por enquanto, a indústria nacional se mantém abastecida pelas importações e isso deverá continuar até a colheita da nova safra, a partir de setembro pelo Paraná. Aliás, em relação à nova safra, espera-se uma área nacional menor, porém, que o clima auxilie e a produção final seja maior, fato que não ocorreu nas últimas safras, especialmente em termos da qualidade do grão colhido.
Neste mês de abril o plantio se inicia no Paraná, porém, ainda é pouco significativo. Daqui em diante, dependendo do ritmo do plantio e da realidade climática no sul do país, os preços do trigo podem oscilar para além dos efeitos cambiais.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.